quinta-feira, 29 de abril de 2010

UM PAÍS NO CAOS E SEM SOLUÇÕES


É preciso urgentemente gente com carácter para governar o País que seja capaz de transmitir a todos os portugueses a confiança que há muito perderam e acima de tudo dar-lhes excelentes exemplos éticos e morais, de civismo, honestidade, honorabilidade, competência, responsabilidade e verdade, algo que nestas últimas décadas foi completamente ignorado.

Muito se tem falado sobre as escandalosas remunerações e mordomias dos gestores portugueses em geral mas especialmente daqueles que são responsáveis pela performance da banca nacional.

Estes gestores, segundo notícias divulgadas na imprensa escrita e falada, fazem-se pagar a peso de ouro e embolsam anualmente milhões de euros, constituindo tal prática uma afronta a todos as pessoas que como eu tiveram a infeliz ideia de investir algum dinheiro nas suas acções.

No caso do Millenium BCP, o seu comportamento em bolsa é simplesmente chocante e decepcionante. O valor das suas acções é hoje inferior ao que era há três ou quatro anos atrás. Nesse sentido, quando se fala tanto em taxar as mais-valias em bolsa, quero perguntar aos senhores governantes se também estão a pensar recompensar aqueles investidores que como eu, estão a perder milhares de euros há anos, enterrados naquela espécie de banco que é o Millenium BCP que na euronex de Lisboa cumpre à risca o papel do caranguejo: um passo para a frente e dois para trás ou seja, sobe um cêntimo e desce dois ou três.

Pelos vistos, este Banco só é mesmo bom para os gestores. Para os que ainda lá se encontram, que ganham remunerações exorbitantes e escandalosas e para os que já saíram, que para além dos vencimentos milionários que usufruiram enquanto estiveram no activo, ainda conseguiram indemnizações incompreensíveis de muitos milhões de euros. É o regabofe descarado, bem à portuguesa que o povo tem permitido ao longo dos anos e, nesse sentido, não tem de que se queixar, porque cada povo tem simplesmente o que merece.

Pela parte que me toca e tendo em conta o caos a que chegaram as Instituições do Estado devido à pessima qualidade dos responsáveis que as têm dirigido, era tempo de o povo acordar e fazer alguma coisa em sua própria defesa, caso contrário, um dia destes, a grande maioria desse povo, depois de ficar sem casa e sem emprego, arrisca-se a não poder sequer garantir, diariamente, uma tigela de sopa para a sua sobrevivência.

O País está de rastos, endividado e sem credibilidade. Se se tratasse de uma guerra, dir-se-ia que estaria prestes a capitular. Após a Revolução dos cravos, são passados trinta e seis anos de promessas não cumpridas, mentiras atrás de mentiras, maningâncias, desvarios e corrupção sem limite, ao mais alto nível do Estado. Pelos corredores do poder têm passado governantes impreparados e incompetentes, oriundos dos diversos partidos políticos que conduziram a economia à mais profunda crise de que há memória e que mesmo perante tão evidentes sintomas de gravidade, continuam a mentir ao povo, dizendo que a situação não é assim tão dramática, que tudo isto é o resultado dos especuladores internacionais, que não se pode comparar a situação portuguesa com a da Grécia, que isto, que aquilo, que aqueloutro, não sendo capazes de fazer mea culpa e dizer sem gaguejar e sem papas na língua aos portugueses que erraram e que não souberam fazer melhor, em vez de se vangloriarem diariamente da imensa merda que fizeram.

A situação miserável que o País atravessa é o espelho da incompetência dos governantes que ao longo de três décadas e meia esbanjaram e utilizaram a seu bel prazer os dinheiros públicos que deviam ter sido empregues na criação de estruturas fortes e duradouras, geradoras de riqueza, para ser distribuída equitativamente por todos os portugueses, sem excepção.

Porém, nesse lapso de tempo, apenas uns poucos tiveram acesso ao "cofre forte das barras de ouro", medrando e enriquecendo sem nada fazer, à custa do erário público.

É tempo de neste País se abrirem as portas do poder aos mais capazes e se dar valor a quem de facto deu provas desse valor. É tempo de acabar com o culto da incompetência, a qual está quase sempre associada às pessoas que se "abrigam" na esfera política dos partidos. Um Primeiro Ministro ou um Presidente da República não tem que ser forçosamente militante de um partido político. Uma personalidade que pretenda ocupar tais cargos deve ser isenta e independente, o mais isenta, honesta, competente e independente possível, ponto final parágrafo.

Triste sina esta de ser português, nestas condições, quando se ama a Bandeira e o espaço maravilhoso que é Portugal.