É verdade que o actual Campeonato do Mundo de Futebol a decorrer no Catar desde 20 de Novembro, com o jogo inaugural entre o País organizador e o Equador que terminou com a vitória da equipa equatoriana por 2-0, jamais devia ter tido lugar naquele País autocrático, onde os direitos humanos são completamente atropelados em todos os aspectos e onde as mulheres ainda são tratadas como seres inferiores.
O Campeonato do Mundo de Futebol foi atribuído ao Catar a troco de subornos astronómicas para comprar os votos dos membros do Comité Executivo da FIFA e a anuência dos seus responsáveis, pelo menos às figuras mais proeminentes. Houve corrupção a rodos na FIFA para que o Campeonato se esteja a jogar no Catar, fora da época habitual, no início dos campeonatos, quando foi sempre disputado no final das épocas futebolísticas.
Vem tudo isto a propósito da já anunciada ida ao Catar, do Presidente da República, Presidente da Assembleia da República e Primeiro Ministro, assistir aos três jogos da fase de grupos da Selecção Portuguesa. Ora, as três figuras maiores do Estado, quando têm oportunidade de demonstrar a sua frontal oposição e contestação ao governo autocrático do Catar, põeem-se em bicos de pés e fazem questão de viajar para o Mundial, dizem que para apoiar a Selecção, como se fosse imprescindível a sua presença para a Selecção ter sucesso.
É de facto uma desilusão enorme ter governantes com tão pequena estatura moral. O que eles querem é viajar e passear, quanto mais melhor, à custa do OE e do sacrifício dos portugueses, seja para países democráticos ou antidemocráticos, tanto faz. Na hora de reflectir e decidir sobre estas iniciativas, estes nossos governantes enterram a moral e estão-se marimbando para os direitos humanos.