sexta-feira, 25 de março de 2011

UMA MÁ DECISÃO DITADA PELO CORAÇÃO, CAUSOU GRAVÍSSIMOS PREJUÍZOS À NAÇÃO


Uma decisão leviana e insensata, há cerca de seis anos atrás, permitiu que fosse eleito um indivíduo sem escrúpulos, impreparado e arrogante, sem perfil para exercer o cargo de Primeiro-Ministro (PM) e que em consequência, conduziu o País à crise mais negra da sua história democrática. Esse grande responsável pela situação actual, dissolveu a Assembleia da República (AR) e passou guia de marcha a um Governo de maioria parlamentar que estava a trabalhar com vontade, entusiasmo e patriotismo, tentando fazer o melhor em prol do País e dos portugueses.
Mas o responsável número um da grave crise em que o País vive atolado, para além de dissolver o Parlamento e destituir um Governo estável, preparou também o caminho ao seu camarada de partido, ridicularizando e descredibilizando o então PM e líder do PSD, preparando meticulosamente o caminho para que o Partido Socialista (PS) pudesse ganhar facilmente e com maioria, as eleições legislativas antecipadas.
De facto, o então Presidente da República (PR), todos os dias tinha algo de novo para criticar e apoucar o Chefe do Executivo, tendo ficado célebres as “trapalhadas” que o PR, abusiva e desrespeitosamente lhe atribuiu, já que a demissão de um membro do governo não pode ser considerada uma trapalhada mas uma coisa absolutamente previsível e normal. Se assim não fosse, então o PR devia ter agido da mesma forma durante o governo socialista presidido por António Guterres, do qual se demitiram vários membros do Executivo e não o fez. Pelo contrário, o PR fez um esforço sobre-humano para convencer Guterres a desistir da ideia de se demitir e tentou por todos os meios arranjar uma solução governativa que evitasse a dissolução da Assembleia da República e a convocação de eleições antecipadas, mas sem sucesso, já que Guterres estava mesmo decidido a fugir do pântano e na AR não encontrou condições de entendimento para formar um novo governo.
A sua táctica foi brilhante ao permitir que Santana Lopes sucedesse a Durão Barroso, até porque, nessa altura, o PS nem sequer tinha Secretário-Geral, já que Ferro Rodrigues se tinha demitido pelo facto de o PR não ter convocado eleições antecipadas e não estava preparado para disputar eleições legislativas e, por isso mesmo, aguentar a situação de impasse mais uns meses, era fundamental para que o Partido tivesse tempo de se organizar.
Logo que isso aconteceu e Sócrates foi eleito como secretário-geral, o PR tomou imediatamente a decisão de dissolver o Parlamento, sem que até hoje tenham sido apontadas razões de fundo para ter tomada uma medida tão drástica e tão penalizante para o País e para os portugueses.
Nunca acreditei e continuo a não acreditar na isenção dos Presidentes da República que militaram em partidos políticos e foram, inclusive, seus líderes. Na hora de decidir, consentem que o coração se sobreponha à razão, priveligiando sempre o seu Partido. Esta opinião é válida para todos os Presidentes da República, já que todos agiram de forma não/isenta em vários momentos dos seus mandatos.
No caso concreto que hoje analiso, a falta de isenção do PR ao impedir que um governo de maioria parlamentar governasse, foi escandalosa e vergonhosamente descarada, levando a sua militância a patamares de favorecimento que ultrapassam, despudoradamente, o dever de isenção e bom senso.
Inacreditavelmente, é este ex-PR que agora, travestido de personalidade responsável, apela ao bom senso e pede que seja posto o interesse do País acima do interesse individual ou partidário ou seja, pede aquilo que teve oportunidade de fazer e não fez, preferindo ajudar o seu Partido a sair da situação de crise profunda em que se encontrava, provocada pela desastrada governação de Guterres e agravada com as divergências que motivou a eleição e a liderança de Ferro Rodrigues.
Palavra de honra… que episódio tão ridículo... e tão burlesco!... É preciso ter muita lata!...
O Presidente a que me refiro, bem pode agora ufanar-se do extraordinário resultado que obteve com a golpada que levou a cabo ao dissolver o Parlamento e convocar eleições antecipadas e do importante contributo que da mesma resultou para a melhoria da economia do País e das condições de vida dos portugueses, bem patente no astronómico número de desempregados, no agravamento da dívida pública, no congelamento de salários e pensões e agora na sua redução, no aumento dos impostos, na falência das empresas, no caos da justiça e da educação, no crescimento assustador da criminalidade e no aumento do compadrio, da promiscuidade e da corrupção, na grande maioria das Instituições do Estado.
O ex-PR foi o principal coveiro da imensa tragédia económica que se abateu sobre o País e os portugueses, já que foi ele o responsável pela promoção de José Sócrates a PM.
Hoje, qualquer português medianamente esclarecido, chegará facilmente à conclusão que pior do que Sócrates, só mesmo José Sócrates. Consequentemente, seria praticamente impossível que Pedro Santana Lopes conseguisse governar pior. A golpada que afastou o líder social-democrata da área do poder, foi tremendamente insensata e suja mas foi através dela que o PS pôde chegar ao Governo e recuperar do insucesso eleitoral das anteriores legislativas e autárquicas.
O PR fez questão de recompensar o PS pelo facto de na sequência da dissolução do Parlamento e convocação de eleições antecipadas, o PSD/PPD ter saído vitorioso. O PR sentiu-se incomodado e cúmplice desse desaire e não descansou enquanto não devolveu o poder aos seus camaradas, aproveitando-se da má reputação de Santana Lopes e da unanimidade de opiniões contra ele, para o usar como bode expiatório dos seus obcecados desígnios.
Na verdade, naquela época, uniram-se todos para correr com Santana Lopes, até mesmo os barões do seu próprio partido se colocaram ao lado do PR. Devem estar todos muito orgulhosos do papel relevante que prestaram ao País e aos portugueses, ajudando o então PR a descartar-se do mal-amado e invejado Primeiro-Ministro para, em seu lugar, colocar o camarada de partido que viria a revelar-se o pior chefe de governo da era democrática, com consequências catastróficas para Portugal.
Finalmente, lembrar que andam por aí uns tantos intelectuais da nossa praça (sempre os mesmos), muito preocupados com a crise que pode provocar a demissão do Governo! Engraçado! Em 2004, esses mesmos intelectuais, juntaram-se em coro a pedir a demissão do então PM, não tendo ele cometido uma centésima parte das trapalhadas em que Sócrates esteve envolvido e agora têm a pouca vergonha de apelar a um entendimento para evitar a queda do governo e viabilizar a continuidade de um PM que arruinou a economia do País e troçou das pessoas que ao longo do mandato censuraram a sua governação e o avisaram que isso ia acontecer.
Para esses intelectuais, só me apetece dizer: tenham vergonha na cara, respeitem os portugueses e façam um esforço para serem minimamente honestos.
Bem pior do que correr com o PM, seria permitir a sua continuidade. A sua passagem pelo Governo equivale a um terramoto de 9.9 graus na escala de richter. Do País só restam escombros e pobreza; é necessário que rapidamente apareçam homens e mulheres corajosos e patriotas, com competência para enfrentar e superar tão gigantesco desafio e reconstruir tudo de novo. A crise não vem aí pelo facto de o PM ter sido corrido, a crise instalou-se no País desde a sua primeira tomada de posse, em 2004 e foi-se agravando, ano após ano, devido à sua casmurrice, inaptidão e incompetência.
Cá se fazem, cá se pagam. O PM chegou ao governo através de uma descarada golpada e acaba por sair pela porta dos fundos, de rabo entre as pernas, sem honra e sem glória, apontado a dedo pelos portugueses como o PM mais descarado, incompetente e mentiroso e que mais agravou as suas condições de vida.
É com este fantástico curriculum que o ex-PM se prepara para concorrer às próximas eleições legislativas, plenamente convencido que o povo o adora e lhe vai restituir o brinquedo digo, governo que a totalidade dos partidos políticos com assento na AR, por inveja e por não gostarem dele, como frequentemente afirma, lhe roubaram.

segunda-feira, 14 de março de 2011

GERAÇÃO À RASCA


Cerca de meio milhão de pessoas, em diferentes cidades do País, saíram à rua para demonstar o seu descontentamento a este governo e à sua política governativa que tem atingido todas as camadas da população mas especialmente os jovens que procuram o seu primeiro emprego.

Estes, depois de concluírem os seus estudos e a sua formação profissional, iniciam um processo longo e doloroso, à procura de um emprego que pode demorar muitos anos ou nunca ser encontrado.

Ouvimos muitos jovens com trinta e tal anos declarar que continuam em casa dos pais porque dependem deles economicamente; outros declararam que ainda não se casaram porque não têm emprego, outros que emigraram e ainda outros que estão igualmente a pensar sair do País.

Na verdade, dezenas ou centenas de milhar de jovens, têm a sua vida adiada há muitos anos e tal situação, não só os impede de tomarem decisões importantes nas suas vidas, como lhes rouba a possibilidade de se sentirem realizados e úteis à sociedade, pondo em prática os ensinamentos que receberam.

Mas desiludam-se aqueles que possam ter a veleidade de pensar que a manifestação de 12 de Março vai alterar a situação dos jovens. Não vai mudar rigorosamente nada. Os governantes estão-se nas tintas para as manifestações e reivindicações dos jovens à rasca, porque são desavergonhados, mentirosos e incompetentes.

Os 500 mil que se manifestaram nas ruas, mais os vários milhões que em casa se solidarizaram com o seu protesto, não tiram o sono a um primeiro-ministro louco e megalómano que só pensa em projectos grandiosos mas inúteis, em vez de pensar numa correcta e honesta utilização do dinheiro dos contribuintes e no seu bem-estar.

De facto, não há melhor adjectivo para definir o carácter destes governantes. São desavergonhados porque aceitaram desempenhar funções para as quais sabiam não ter competência; são desavergonhados porque mentem constante e compulsivamente aos cidadãos contribuintes; são desavergonhados porque põem os seus interesses, dos familiares, amigos e camaradas de partido, acima dos superiores interesses da nação; são desavergonhados porque se comportam como gigantescos cardumes de piranhas esfomeadas que devoram e arrasam tudo por onde passam.

O País endivida-se a cada dia que passa, comprando dinheiro ao estrangeiro, a juros incomportáveis e inimagináveis há alguns anos atrás. Os recursos económicos do País já não chegam para garantir, no final de cada mês, os depósitos nas contas bancárias dos vencimentos milionários da imensa multidão que gravita à volta do governo e do partido que o sustenta.

O País está de tanga e na bancarrota, esmifrado até ao tutano por uns quantos, em detrimento da maioria da população. Pois agora que é preciso repôr os stocks abusivamente retirados por uns quantos, é à maioria da população que está a ser exigida a maior comparticipação.

Este regime em que vivemos não tem qualquer viabilidade de futuro. É necessário reinventar um novo modelo de democracia onde caibam todos os cidadãos e não apenas alguns, um modelo que garanta deveres e direitos iguais, um modelo onde a justiça seja cega surda e muda, incapaz de reconhecer amigos e inimigos e cortar a direito, sempre em defesa da honra e da verdade.

Este regime em que vivemos está demasiadamente conspurcado e viciado e desavergonhadamente, só serve os interesses de uns quantos e miseravelmente, sempre os mesmos.

Porém, face à má qualidade dos políticos e governantes que temos, a actual situação já não se resolve com manifestações de gente à rasca, com gritos, slogans e palavras de ordem. A actual situação só se resolverá quando toda essa espécie de gente for corrida à força para bem longe da esfera dos órgãos do poder e substituída por pessoas de bem, competentes e impolutas que estejam interessadas em servir patrioticamente o País, ponde os seus interesses acima de quaisquer outros.

Quando houver uma convocação com esse objectivo, através das redes sociais ou de qualquer outro meio, contem comigo pois faço questão de estar na primeira fila.

Só um povo sereno e demasiado desinteressado e apático consegue aguentar 36 anos de sucessivas promessas nunca cumpridas. Que o movimento da geração à rasca seja o princípio do rastilho que há-de fazer detonar a verdadeira revolução.

sexta-feira, 11 de março de 2011

UMA HISTÓRIA QUE MERECE REFLEXÃO



RUI PEDRO Teixeira Mendonça (RP), um jovem de 11 anos, desapareceu sem deixar rasto, na tarde do dia 4 de Março de 1998, pelas 14 horas, em Lousada, precisamente há 13 anos.

Li a história sobre o seu desaparecimento e acho incrível e lamentável que só 13 anos após esse fatídico dia, o Ministério Público tenha deduzido acusação e indiciado, Afonso Dias (AD), o amigo de Rui Pedro, de ser o autor do rapto. já que as informações que constam do processo, actualmente, são as mesmas que os inspectores da judiciário tinham na sua posse ao cabo de uma ou duas semana de investigação.

De facto, há qualquer coisa neste processo que não bate certo e nos parece verdadeiramente absurdo, senão vejamos:
  1. O amigo de Rui Pedro, AD, o principal suspeito, desde a primeira hora do seu desaparecimento, tinha na altura 21 anos, mais 10 que a criança desaparecida.
  2. Testemunhos credíveis, para além dos feitos pelos familiares, relataram que o amigo procurava Rui Pedro frequentes vezes para brincar. Não é normal um adulto procurar uma criança de 11 anos para brincar. É no mínimo estranho este comportamento que algumas testemunhas classificaram como "obsessão pelo Rui Pedro".
  3. Pelo menos 3 testemunhas declararam que nessa tarde viram Rui Pedro abandonar a bicicleta em que seguia e entrar para um automóvel Fiat Uno, de cor preta. Uma prostituta também confirmou que o menino esteve na sua presença, naquela tarde, levado pelo tal amigo AD.
  4. Os amigos de infância de Rui Pedro, relataram aos inspectores, conversas e comportamentos do AD que são muito estranhos. Combinar encontros sem conhecimento dos familiares e convidar os meninos para irem às prostitutas, não é uma actuação digna de alguém que se intitula de amigo.
  5. No Posto da GNR da Lousada, quando o avô perguntou ao AD onde estava o neto, dizendo-lhe estar disposto a dar-lhe tudo o que quizesse pela resposta, respondeu-lhe a chorar que não sabia mas que se quizessem encontrá-lo deviam mandar fechar todas as fronteiras pois o RP já devia estar muito longe, a caminho do estrangeiro.
Perante factos tão relevantes apurados, não se compreende que durante 13 anos este processo tenha estado praticamente parado e inconclusivo. Há algo de errado na actuação dos investigadores e do Ministério Público que o cidadão comum não consegue decifrar. Neste caso, como em tantos outros, uma investigação acertada teria produzido outros resultados.

Casos como este, causam imenso sofrimento e arrasam e aniquilam qualquer família, por mais forte e corajosa que seja. Viver uma vida, dia após dia, com o pensamento no filho desaparecido, imaginando mil e uma coisas sobre o que lhe terá acontecido, é de uma violência tão grande que só o recurso a grandes doses de calmantes poderá evitar a loucura.

Uma palavra de conforto e esperança para todas as famílias que se encontram nesta dramática situação.

quarta-feira, 9 de março de 2011

PRESIDENTE DA REPÚBLICA - UM DISCURSO DE POSSE SEM MEIAS PALAVRAS



A actuação do Presidente da República Cavaco Silva, durante o primeiro mandato, acabou por me decepcionar bastante, ao ponto de ter estado tentado a votar em branco nesta eleição. Acabei por decidir votar novamente nele porque se o seu primeiro mandato não me agradou devido a alguns equívocos e indecisões, pensei no desastre que seria a sua não eleição.

Hoje, recebi o prémio que há muito esperava. Fiquei extremamente satisfeito com o conteúdo do discurso da tomada de posse. Por vezes a verdade é dura mas tem que ser dita. O Presidente da República tem a responsabilidade de falar verdade aos portugueses. Nesse sentido, o seu discurso foi ousado mas honesto, pondo a nu a gravíssima situação económica do País e muitas outras facetas vergonhosas da vida nacional que os portugueses bem conhecem mas que o Governo tem sistematicamente escondido.

Durante o primeiro mandato, o Presidente da República pactuou em muitas ocasiões com as mentiras do governo e do Primeiro-Ministro e, de facto, tal actuação causou-me um certo mal-estar. Um Primeiro-Ministro que mente constantemente e ainda por cima, esteve envolvido numa série de graves trapalhadas, não tem perfil para ocupar tão importante cargo e, nesse sentido, devia ter sido demitido.

Portugal será um País adiado, cada vez mais hipotecado, enquanto este Primeiro-Ministro e este Governo estiverem em funções. Foi pena que o Presidente da República não tivesse tido a coragem necessária para mostrar um cartão vermelho a tão incompetente, faltoso e indisciplinado Chefe do Governo.

Ontem, o reeleito Presidente da República foi capaz de dizer ao desastrado e incompetente chefe de governo que a última década, foi uma década perdida; que a maioria dos políticos e governantes não conhecem a realidade do País onde vivem, só conhecem o País virtual e mediático; que os cargos públicos não devem ser distribuídos pelos membros do Partido mas pelos cidadãos mais capazes e competentes; que as obras megalómanas não têm sentido, num País onde mais de um quarto da população vive num quadro de extrema pobreza; que a promiscuidade entre o Estado e o sector empresarial privado atingiu proporções alarmantes; que a fiscalidade tem que ser mais simples, transparente e previsível e o sistema de justiça mais eficiente, credível e rápida; que devem ser dadas mais oportunidades aos jovens e que os sacrifícios exigidos ao cidadão comum também têm limites.

Em suma, dada a situação de bancarrota em que se encontra o País, em boa parte por causa da desastrada actuação do Governo e, por outro lado, o encobrimento reiterado de tão grave situação por parte do Primeiro-Ministro, o Presidente da República só tinha que falar toda a verdade e desmascarar todas essas poucas-vergonhas.

Agora, aqueles que acusavam o PR de não ter coragem de encostar o Governo à parede, são os mesmos que o criticam por ter dito o que disse, em defesa da verdade, empregando os mais diversos e disparatados adjectivos, como discurso "cruel", "faccioso", "sectário", "agressivo", "ressabiado", "arrasador", "demolidor" e "vingativo".

É claro que os governantes e os políticos não dizem o que sentem mas o que lhes convém e por isso mesmo, a sua opinião vale o que vale (muito pouco). Quanto aos comentadores profissionais da nossa praça, não tenho a certeza se ainda consigo ter pachorra para ouvir ou ler algum. São injecções demasiado dolorosas que há muito optei por rejeitar, recusando ver a maioria dos programas de televisão e deixando de comprar jornais.

Depois deste discurso, fico à espera que este Governo seja demitido, no primeiro momento em que se verificar que não foi capaz de cumprir o PEC e atingir as metas a que pomposamente se propôs durante a campanha eleitoral das últimas legislativas.

Vou ficar atento.

segunda-feira, 7 de março de 2011

MANIFESTAÇÂO ABORTADA EM LUANDA


Os angolanos que não se revêem na política de governação do Presidente José Eduardo dos Santos e que se preparavam para se manifestar hoje, dia 7 de Março de 2011, na Praça da Independência, depois do clima hostil de intimidação e ameaças das autoridades governamentais, dizendo que não tolerariam qualquer tipo de manifestação anti-givernamental, acabaram por não realizar o protesto.

Mesmo assim, as autoridades policiais angolanas exerceram forte vigilância na cidade e chegaram a prender alguns jornalistas e populares, sem culpa formada que depois acabaram por libertar.

Não era difícil adivinhar o desfecho da anunciada manifestação, depois da manifestação de sábado, a favor do Presidente e do clima de terror que foi instalado contra os opositores.

Eu disse isso mesmo na mensagem que escrevi no dia 5 de Março com o título "O QUE VAI ACONTECER NO DIA 7 EM LUANDA?"

O Governo de Luanda ficou satisfeito com o resultado da manifestação de sábado e com o abortado protesto da oposição. Desta vez, as autoridades angolanas, através de ameaças, conseguiram evitar os protestos mas o fermento lá está a levedar e quando menos esperarem, os descontentes, que são muitos mais do que os governantes pensam, sairão à rua, com repressão ou sem repressão, para dizerem o que pensam do Presidente Eduardo dos Santos e o Povo angolano tem muitas coisas más para lhe transmitir. Muita gente que integrou a manifestação a seu favor, fê-lo apenas para garantir a sua segurança mas está contra a sua política governativa.

Se ao menos este protesto abortado servisse para fazer reflectir as autoridades angolanas e inflectir a sua política governativa, então o movimento que lhe deu origem, já teria valida a pena.

sábado, 5 de março de 2011

O QUE VAI ACONTECER NO DIA 7 EM LUANDA?



Manifestação em Luanda a favor de Eduardo dos Santos
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Há muito que circulava nas redes sociais a notícia que estava em preparação uma gigantesca manifestação em Luanda contra os métodos de governação do Presidente em exercício, José Eduardo dos Santos.
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O Presidente Angolano estava ao corrente da situação e, por várias vezes mandou advertir os presumíveis manifestantes que as forças da ordem não tolerariam qualquer espécie de manifestação. Dos recados intimidatórios se encarregaram os porta-vozes do Presidente e a comunicação social pro-MPLA.
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Hoje mesmo, o Partido do Governo, antecipando-se aos que contestam o regime e que anunciaram uma manifestação para o dia 7 de Março, organizou uma manifestação de apoio ao Presidente José Eduardo dos Santos que segundo dados da organização, reuniu mais de milhão e meio de pessoas.
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Pelos vistos, nesta manifestação de apoio ao Presidente da República Angolana, as pessoas puderam desfilar livremente pelas avenidas da capital, com total apoio das autoridades.
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Se em Angola está instalada uma democracia, como os dirigentes angolanos apregoam, porque diabo são feitas graves ameaças aos opositores que pretendem mostrar o seu descontentamento ao actual Presidente?
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Segundo as últimas notícias, as forças de segurança angolanas estão de prevenção e têm ordens para não permitirem qualquer alteração à ordem pública, acrescentando que todos os serviços públicos vão funcionar e que não será tolerada a ausência dos funcionários dos seus locais de trabalho.
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Com todo este terror, é natural que os manifestantes anti-Presidente acabem por não comparecer e a tão apregoada mega-manifestação não passe de uma jornada de intenções, ficando a aguardar uma data mais propícia.
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Se isso acontecer, o governo do MPLA vai cantar vitória e tecer hossanas ao seu vitalício Presidente, dizendo que o povo o ama e está disposto a dar a vida por ele. Muammar Kadafi também diz que o povo o ama e, no entanto, a maioria contesta-o nas ruas e até pegou em armas para correr com ele à força.
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Mas se o Presidente é assim tão querido do povo, porquê então tanta ameaça aos opositores? Porque não têm eles direitos iguais aos seguidores do partido do governo?
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E porque organizou o governo angolano uma manifestação à pressa, com o intuito de se antecipar à anunciada contestação dos descontentes, se de facto sente que o povo está consigo?
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Só em ambiente de total liberdade e justiça é possível a uma oposição manifestar o seu descontentamento contra uma figura que exerce o poder há 32 anos sem nunca ter sido eleito, contra uma figura que utilizou os recursos económicos do País em proveito próprio, acumulando grande riqueza, juntamente com os seus familiares e amigos, enquanto a maioria do povo continua a viver miseravelmente.
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Onde está a democracia?
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Quem reprime, amordaça e liquida os inimigos não tem legitimidade para ser Presidente de uma Nação.
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O Mundo está a mudar rapidamente, o que ontem era impensável, hoje é uma realidade: os povos estão dando indicações que esgotaram a paciência para com os tiranos.

sexta-feira, 4 de março de 2011

TRAGÉDIA DE ENTRE-OS-RIOS


Faz hoje 10 anos que caiu o tabuleiro da Ponte Hintze Ribeiro, arrastando consigo um autocarro e três automóveis ligeiros, fazendo um total de 59 mortos, uma tragédia que abalou o País mas sobretudo a região e as localidades onde residiam as vítimas.

A irresponsabilidade e o desleixo foram as principais causas do colapso da ponte de Entre-os-Rios, uma vez que os peritos chegaram à conclusão que um dos pilares estava em mau estado de conservação.

Uma década depois, a tristeza e a dor continua presente nos familiares e amigos das 36 vítimas que nunca apareceram.

A tragédia de Entre-os-Rios poderia ter sido evitada? Claro que podia se tivesse havido inspecções regulares à estrutura da ponte.

E houve responsáveis? Claro que houve e facilmente identificáveis. Lembro que o Ministro Jorge Coelho, provavelmente o menos responsável, na altura afirmou: "a culpa não pode morrer solteira" e acto contínuo, demitiu-se. Quem mais assumiu as culpas? Ninguém, claro. Em Portugal nunca há responsáveis.

A seguir à tragédia, seguiu-se um período de intensas jornadas de inspecções a todas as pontes do País e recordo que algumas chegaram a ser interditas ao trânsito.

Costuma dizer-se que nas guerras uns morrem para outros possam viver. Neste caso, é também provável que a tragédia de Entre-os-Rios tenha servido de alerta, evitando casos idênticos.

Lembrar o que aconteceu na fatídica noite de 4.3.2001, serve também para alertar os responsáveis que as pontes necessitam de manutenção e inspecções regulares.

quinta-feira, 3 de março de 2011

VERGONHOSA SUBMISSÃO DOS GOVERNANTES EUROPEUS





Recepção apoteótica do autor do atentado Lockerbie, à chegada ao aeroporto e depois recebido e cumprimentado efusivamente por Kadafi
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Kadafi pode considerar-se um dos governantes mais sinistros e o mais excêntrico palhaço da história do Médio Oriente.

Desde que chegou ao poder, através de um golpe de estado, em 1969, apoiou diversos grupos islâmicos de libertação no terceiro Mundo mas sobretudo todos os grupos, países ou facções anti-americanas ou antiisraelitas que fossem do seu conhecimento, entre eles os "Panteras Negras", a Fatah e alguns países do Médio Oriente.

Kadafi teve uma ligação directa ao massacre de Munique, em 5.9.72, durante os Jogos Olímpicos, onde foram assassinados 11 atletas israelitas, já que patrocinou e deu cobertura ao grupo que ficou conhecido como Setembro Negro.

Kadafi patrocinou atentados nos mais diversos países do Mundo, procurando atingir, sobretudo, interesses norte americanos, como os atentados contra aviões da Pan An e da UTA.

O atentado de Lockerbie contra o vôo 103 da Pan An, em 21.12.1988, o avião Boeing 747-121 que partira de Londres com destino a Nova Iorque, explodiu quando sobrevoava a cidade escocesa de Lockerbie, matando 270 pessoas, 259 do avião e 11 em terra, de 21 nacionalidades diferentes. O fatídico vôo vitimou 189 cidadãos americanos.

Kadafi foi apontado como o mandante da operação terrorista mas nunca punido por tão bárbaro crime mas a Líbia acabou por assumir integralmente as indemnizações às famílias das vítimas.

Vergonhosamente ultrajante para os familiares das vítimas foi o episódio em que Abdel Basset al-Megrahi que tinha sido condenado a prisão perpétua pela participação no atentado, foi recebido apoteoticamente no aeroporto de Tripoli, como um heroi, depois de as autoridades escocesas terem decidido libertá-lo, por sofrer de um cancro em fase terminal.

Se o terrorista foi condenado a prisão perpétua porque razão foi posto em liberdade? Na altura foi dito que o criminoso não teria mais de um ano de vida mas depois de avaliada na Líbia a sua doença, foi confirmado que Abdel podia viver ainda mais de 10 anos.

O que é que esteve por detrás da libertação? Mais uma vez os interesses económicos se sobrepuseram à honra e à justiça. Ingleses e escoceses cozinharam entre si um acordo para libertar o assassino, do qual resultaram, não temos dúvidas, grossos dividendos para os dois países, não lhes tendo merecido qualquer respeito a memória das 270 vítimas.

A ONU acusou o líder líbio de financiar o terrorismo e decretou duras sanções ao seu País, com as quais pouco se importou, já que as mesmas em nada o afectaram. Quem sofreu foi, sobretudo, o Povo líbio pelo qual o ditador tem pouco respeito, como se pode comprovar pelos sucessivos ataques aéreos da força aérea às populações indefesas.

Em 1986, na sequência de vários atentados que vitimaram cidadãos americanos, os Estados Unidos lançaram ataques aéreos contra Tripoli e Benghazi e impuseram também sanções económicas.

O descontentamento do seu povo ou de parte dele, foi demonstrado em pelo menos três ocasiões, atravez de tentativas de golpe de estado, mal sucedidas, visto que os revoltosos foram sempre esmagados.

Mesmo quando em 1998 sofreu um novo atentado, do qual saiu baleado com alguma gravidade, acabou não só por sobreviver, tendo sido operado de urgência como, mais uma vez, neutralizou a tentativa de golpe de estado.

O excêntrico terrorista Muammar Kadafi, ao longo das mais de quatro décadas que leva de governação, praticou os mais horrendos e ignóbeis crimes e, no entanto, nunca os governantes europeus levantaram a voz para condenar os seus actos. Nem mesmo na actual conjuntura política em que o corajoso Povo líbio saíu à rua exigindo a retirada do tirano e por isso está a ser cobardemente assassinado pelas tropas que lhe são leais, os governantes europeus tomaram qualquer decisão para impedir o genocídio e o êxodo de centenas de milhar de pessoas. A Liga Líbia para os Direitos Humanos estima em mais de 6.000 o número de mortos, 3 mil dos quais em Tripoli e 2 mil em Benghazi.

Vimos Kadafi, nos últimos anos, ser recebido com todas as honrarias por todos ou quase todos os governantes europeus, os quais lhe fizeram vénias, beijaram, abraçaram e teceram grandes elogios. Todos eles colocaram os interesses económicos dos seus países acima de quaisquer outros e, mesmo neste momento, demonstrando uma cobardia confrangedora, continuam mais interessados em preservar o seu quinhão de petróleo do que em impedir o massacre de pessoas inocentes e indefesas que contestam o ditador e querem ver-se livres dele para poderem ter acesso à dignidade e à democracia.

Os governantes europeus permitiram ao longo de quatro décadas que Muammar Kadafi cometesse impunemente os mais arrojados actos terroristas, desafiando e afrontando o Mundo inteiro e agora, permitem também, que em desespero de causa, mate também o seu próprio povo.

Esta inadmissível e vergonhosa subserviência dos governantes europeus face ao tirano ditador Kadafi, por causa do petóleo, é também um acto hediondo e criminoso que deve merecer repulsa e condenação por parte de todos quantos ainda conservam princípios éticos e morais que não se revêem na actuação ignóbil dos líderes europeus (palhaços iguais a Kadafi) e continuam a pensar que nada é mais importante que a vida de uma pessoa.