sexta-feira, 13 de março de 2009

Os negócios da família Dos Santos

Os acordos, negócios e parcerias firmadas com grande pompa e circunstância entre o Estado Português e o Estado de Angola, deveriam, com muito mais propriedade, designar-se "acordos, negócios e parcerias entre o Estado Português e a família Dos Santos", porque é disso que se trata, efectivamente.
Angola proclamou oficialmente a sua independência, no dia 11 de Novembro de 1975 mas nestes trinta e três anos, não logrou alcançar um regime democrático e tem vivido sob a tirania de uma ditadura, onde o Presidente da República se tem revelado um inimigo da justiça e da liberdade, não tendo hesitado em fazer a guerra para eliminar os seus adversários e, ao mesmo tempo, apoderar-se de boa parte dos recursos do País, em proveito próprio.
Esta subserviência das autoridades portuguesas à vontade e aos interesses da família Dos Santos, é muito perigosa e pode trazer consequências catastróficas para o País e para todos aqueles que seguiram à risca as orientações do Governo.
As Ditaduras não são eternas e como esta já dura há mais de três décadas, é natural que mais dia menos dia seja posta em causa pelos verdadeiros democratas angolanos. Não acreditamos que Dos Santos se mantenha no Poder até ao final dos seus dias.
E quando esse dia chegar, os nossos Governantes já imaginaram o que vai acontecer? O que fará imediatamente um Governo democrático em Angola relativamente à família Dos Santos? Será que vai render-lhe homenagens e erigir-lhe uma estátua?
Não. Isso concerteza não vai acontecer. Vão romper com o passado e vão responsabilizar Eduardo dos Santos pelas atrocidades que cometeu, escudado na Ditadura que implantou e perguntar-lhe como construiu tão gigantesca fortuna, enquanto o Povo morria de fome, com diarreia, cólera, tuberculose, paludismo, Sida/HIV, hepatite, meningite, etc. num País com imensos recursos naturais mas sem infra-estruturas suficientes e de qualidade na área da saúde para atender e tratar com dignidade todos os cidadãos pobres do País que são a maioria.
Um Governo democrático e solidário com o seu Povo, vai pôr em causa a fortuna da família Dos Santos e quiçá de mais uns quantos privilegiados do regime e proceder à expropriação e nacionalização desses bens.
Quando esse dia chegar, Portugal ficará de novo em maus lençois porque não se livrará de ser acusado de nada ter feito para denunciar a conduta anti-democrática do Presidente da República de Angola tendo mantido com ele relações muito amistosas, compreensivas e colaborantes.
Nesse sentido, os novos governantes de Angola poderão também demarcar-se dos acordos e negócios feitos pela família Dos Santos e romper com todos os compromissos para com o Estado Português. Se tal vier a acontecer, o Estado Português concluirá, embora tarde, que deveria ter agido com mais prudência e responsabilidade, uma vez que tinha perfeito conhecimento das qualidades despóticas do Presidente de Angola e a forma como alcançou a sua imensa fortuna.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Para experiência, já chega, Senhor Presidente

Quem ignora os problemas das Colectividades de Bairro e dos munícipes e persiste nessa ignorância, mesmo quando confrontado com eles, por diversas vezes, não pode ser Presidente da Câmara Municipal de Lisboa.
Temos conhecimento que uma Colectividade da Alta de Lisboa lhe enviou, entre Agosto de 2007 e Fevereiro de 2009, trinta e dois ofícios, fazendo denúncias gravíssimas, solicitando informações muito importantes para a Colectividade e para os seus associados e pedindo encarecidamente o agendamento de uma reunião.
Durante esse período, nada foi feito para apurar a veracidade das denúncias, não foram dadas as informações pedidas e nenhuma reunião foi agendada.
É claro que este comportamento é incompreensível e merecedor de forte censura. Porém, o Senhor Presidente da Câmara, ao não responder aos ofícios que lhe foram enviados, revela que não tem qualquer apreço e respeito pelas Colectividades de Bairro que desenvolvem um trabalho importantíssimo nos núcleos habitacionais onde se inserem.
O actual Presidente da Câmara está no local errado, não tem perfil para desempenhar o cargo. Nunca se devia ter candidatado à presidência da Câmara Municipal de Lisboa. Quem ignora e despreza uma Colectividade de Bairro e não quer saber dos problemas gravíssimos que lhe foram apresentados, não pode desempenhar uma função que deve ter como principal prioridade o tratamento exemplar de todos os munícipes, sem excepção.
Para isso, é necessário que quem desempenha tão importante cargo, seja dotado de valores éticos e morais que jamais lhe permitam fazer discriminação entre Colectividades ricas e pobres e entre cidadãos com grande peso económico, político e social e cidadãos honrados mas pobres.
Este Presidente da Câmara demonstrou não possuir esses valores e, por isso, deve ser rejeitado pelos lisboetas nas próximas eleições autárquicas.

quinta-feira, 5 de março de 2009

NINO COLHEU O QUE SEMEOU

Aparentemente, tudo indica que o assassinato do Presidente da República da Guiné-Bissau, João Bernardino Vieira (Nino Vieira), se deveu a um acto de vingança, levado a cabo por tropas fiéis ao Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Batista Tagmé Na Waie.
Nino Vieira, diz quem o conheceu, foi um destemido guerrilheiro durante a luta de libertação e por ter demonstrado qualidades de líder, rapidamente subiu na cadeia de comando.
Depois da independência da Guiné-Bissau, assumiu diversos cargos importantes e em 1980 chegou ao Poder através de um golpe militar que derrubou o Governo de Luis Cabral.
É acusado de ter perseguido, morto e torturado, alguns adversários políticos e militares de etnias diferentes e, acima de tudo é acusado de ter feito grande fortuna enquanto o País continua sem estruturas e o povo continua a morrer de fome.
Nesse aspecto, Nino Vieira traiu por completo os seus ideais de guerrilheiro que consistiam na conquista da independência e na promoção do desenvolvimento do País, a todos os níveis e do bem-estar do povo, com acesso à democracia, à educação, ao emprego e à justiça.
Nino Vieira já havia sido deposto em 1999 pelas forças afectas ao líder rebelde Ansumane Mané, tendo escapado ileso, a caminho do exílio.
Em 2005, Nino Vieira volta à Guiné para concorrer às eleições para a Presidência da República que vence numa segunda volta, em confronto com o candidato oficial do PAIGC, Malam Bacai Sanhá. Logo que tomou posse, anunciou a dissolução do Governo chefiado por Carlos Gomes Júnior, seu rival e nomeou Aristides Gomes, seu aliado político.
Tanto a sua eleição como Presidente da República que causou grande polémica, como depois a dissolução do Governo, criaram um forte ambiente de mal-estar ao nível político e militar e a tragédia que aconteceu no dia 1 e 2 de Março, há muito que se adivinhava. O próprio Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas já tinha sentenciado aos seus militares para matarem Nino Vieira, caso ele fosse assassinado.
Assim aconteceu, Nino Vieira foi barbaramente assassinado, cumprindo-se o desejo do Chefe do Estado-Maior e, segundo relatos ainda não totalmente confirmados, de forma lenta e bárbara, cortado aos bocados com golpes de catana.
De facto, todos aqueles que não respeitam os outros, estão sempre sujeitos a ser tratados da mesma maneira. Quem semeia ventos colhe tempestades. A violência gera sempre mais violência.
Tudo estaria bem se os homens tivessem constantemente presente nas suas mentes, o seguinte ditado: "não faças aos outros o que não gostas que te façam a ti"