Ao que chegou este País! O militar mais condecorado pelos actos de heroísmo e patriotismo que praticou ao serviço da nação portuguesa, parte deste mundo sem a devida e derradeira homenagem por parte daqueles que governam Portugal, por parte do Estado Português e por parte daqueles que ocupam os mais altos cargos nos três ramos das Forças Armadas.
O negro português Marcelino da Mata não merecia tamanha desonra do Estado Português. Todos aqueles que tinham obrigação de lhe prestar honras de Estado e não o fizeram, demonstraram um odioso acto de covardia e uma vergonhosa traição à Pátria.
Este não é o País em que eu me revejo porque eu cumpri 3 anos e 3 meses de serviço militar em Angola e sinto imenso orgulho por ter respondido afirmativamente ao chamamento da Pátria no momento em que precisou dos meus serviços. Do mesmo modo, sinto por aqueles que como eu cumpriram o serviço militar obrigatório, enfrentando corajosamente os perigos nas imensas situações de vida ou de morte por que passaram, sem vacilar, conscientes de que a Pátria merecia todos os seus sacrifícios.
Hoje, verificamos que os evadidos, os refractários, os desertores, os traidores e os covardes, são afinal, aqueles que são considerados os heróis deste País, em contraste vergonhoso com aqueles que cumpriram o seu dever sagrado de defender a Pátria, que são escandalosamente, para não dizer criminosamente, esquecidos e desprezados.
Pobre País este que glorifica os traidores e maltrata os verdadeiros heróis.
Não admira que o actual chefe supremo das forças armadas não queira honrar Marcelino da Mata porque ele nem sequer cumpriu o serviço militar obrigatório e, nesse sentido, porque não sabe o que é a honra de ser militar nem o que isso significa, tão pouco deveria poder ocupar o alto cargo que ocupa. Mas isto é uma aberração da Constituição porque já Mário Soares desempenhou essa função, na qualidade de desertor e traidor, ajudando na clandestinidade os movimentos de libertação, passando informações quanto à posição das tropas portuguesas.
Este País está entregue àqueles que não honram os verdadeiros heróis portugueses e a gloriosa História de Portugal até ao 25 de Abril de 1974. Gente que não honra os valores pátrios de toda a existência da Nação, não pode ter o direito de a governar.
