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Para mim, falar do 25 de Abril, passados 40 anos, ainda se torna um exercício difícil e penoso. A revolução prejudicou e arruinou a vida de muita gente honesta, generosa, laboriosa e patriota e favoreceu e promoveu uma multidão de chicos-espertos, feitos revolucionários e democratas de um momento para o outro ou, melhor dizendo, de 24 para 25 de Abril de 1974.
O ódio e a vingança andaram de braço dado pelo País fora, ocupando, maltratando e ajustando contas com quem, na maioria dos casos, era inocente. Os ricos eram "fascistas" e os adversários eram incriminados como "bufos" da pide. Com estes pretextos "roubavam" os ricos e eliminavam os adversários.
A caça ao homem e aos seus bens, resultou numa onda de ocupações, nacionalizações e expropriações que empobreceram todos os sectores produtivos do País, para mais tarde, já na década de 80 e 90, uma grande parte desses bens serem devolvidos aos seus legítimos proprietários, com grandes encargos para as finanças públicas que tiveram que ressarci-los com chorudas indemnizações.
Foram anos de sucessivos desmandos e de delapidação do património público e privado, uma época em que a lei das esquerdas revolucionárias(?) imperou, até com recurso a uma série de atentados, levados a cabo por "organizações terroristas", entretanto criadas, do tipo das FP-25, cuja actuação desprestigiou e ridicularizou Portugal aos olhos do mundo.
Foram essas esquerdas revolucionárias que provocaram a maior traição da história de Portugal e que atingiu de forma violenta, trágica e cruel mais de um milhão de portugueses, à data, a residir e a labutar nas ex-Colónias portuguesas.
O papel vergonhoso dessas esquerdas, influenciou os militares estacionados nessas Colónias, especialmente em Angola e Moçambique, com a missão de fazer respeitar a lei da República Portuguesa e defender as suas populações, os quais, cedo se demitiram dessa missão, desarmando a população civil e entregando o armamento do exército português a um dos movimentos de libertação, no caso de Angola, o MPLA, consentindo-lhe todo o tipo de crimes: prisões sem culpa formada, em pleno dia ou pela calada da noite, torturas e fuzilamentos, obrigando a população a fugir para os Países vizinhos e para outros destinos, um pouco por todo o mundo, antes mesmo de as autoridades revolucionárias de Abril autorizarem a "ponte aérea" Angola-Moçambique/Portugal, que haveria de transportar os refugiados para o seu País de origem, o que só aconteceu depois de americanos e sul-africanos terem iniciado esses vôos.
Mais de um milhão de portugueses foram abandonados e atirados às feras. Milhares foram brutalmente assassinados, em muitos casos para serem despojados dos seus bens, causando luto e dor a dezenas de milhar de famílias que nunca mais puderam ter uma vida normal e aspirar a ser felizes.
Nessa altura, um dos grandes "arquitectos" da traição perpetrada contra os portugueses residentes nas ex-Colónias, pela vergonhosa e trágica descolonização, a qual desprezou as suas vidas e não protegeu os seus interesses patrimoniais, não vi Mário Soares preocupado com a sua sorte nem lamentar tão gigantesca tragédia. Nessa altura, Mário Soares classificou de "exemplar" a criminosa descolonização, constituindo tal afirmação um monstruoso insulto a todos quantos sofreram na pele, os horrores de tão catastrófica e vergonhosa descolonização.
Agora, quando passam 40 anos sobre tão trágicos acontecimentos, o octogenário ancião, ex-PR e ex-tudo, está muito preocupado com a situação dos portugueses e até sugere que é necessário correr com este governo, se necessário, pela força, já que lhe atribui todas as culpas pela difícil conjuntura económica que o País atravessa e pela situação de miséria em que vive uma grande parte do povo.
Que grande democrata! E que grande exemplo de democracia! Sugerir que se demita um governo pela força das armas e com recurso à violência, é uma posição bizarra de alguém que devia saber que em democracia é o povo que elege ou demite os governos através dos mecanismos que a Constituição da República põe à sua disposição e o voto livre do povo nas eleições legislativas, que eu saiba, é a arma utilizada em democracia para eleger ou demitir os governantes. Pobre criatura! Nem a velhice lhe alterou o mau carácter que sempre ostentou ao longo da sua vida!
Ele que foi em 1974/75 um dos grandes obreiros da descolonização e da situação de pobreza em que ficou mais de um milhão de portugueses e que é também agora, um dos principais responsáveis pela bancarrota a que chegou o País e pela pobreza em que vive uma boa parte da população, devia ter algum decoro quando abre a boca. Ele que foi um dos grandes privilegiados da "revolução dos cravos", devia ter tento na língua e mais respeito por um povo politicamente analfabeto que, infelizmente, por isso mesmo, lhe permitiu que desempenhasse todos os cargos importantes a que um político ganancioso e sem escrúpulos pode aspirar e que tivesse ampliado o seu património e dos seus familiares, vivendo estes 40 anos sumptuosamente, à custa do Estado, rodeado de privilégios e mordomias, ao contrário da maioria do povo que tem regredido e vive na penúria.
Francamente! É preciso ter muita lata! É preciso ser muito cara de pau! Se há responsáveis pela situação dramática a que chegámos, Mário Soares e o seu partido socialista estão na primeira linha, porque esbanjaram recursos financeiros gratuitamente e em benefício próprio, não souberam governar, antes se governaram, não levaram a cabo as reformas necessárias e endividaram escandalosamente o País e os portugueses.
Portanto, a celebração dos 40 anos da "revolução dos cravos" não é igual para todos os 10 milhões de portugueses. Se uns têm razões para celebrar e ostentar ufanos um cravo vermelho na lapela, outros têm mil razões para não celebrar e até para detestar a flor que simboliza a efeméride, embora, como é obvio, o cravo não tenha culpa nenhuma, apenas o facto de estar associado a um acontecimento de que muitos não gostam.
Ao contrário dos parasitas deputados que errada e abusivamente se intitulam "representantes do povo" e dos militares que cometeram a suprema proeza(!) de "derrubar" um regime que estava a cair de maduro e nada fez para se defender, não comemorarei a efeméride na Assembleia da República nem no Largo do Carmo e durante esta quadra abrilista, nem sequer utilizarei a televisão para não vomitar de nojo ao ouvir pela enésima vez os feitos gloriosos dos "revolucionários" de Abril, narrados pelos protagonistas de sempre, agora velhos e caquéticos, os quais se consideram imprescindíveis e insubstituíveis e não arredam pé há 40 anos!!!
Dar lugar aos mais novos, dizem eles, com grande lata!!! Como?, se aos oitenta e tais anos de idade ainda continuam agarrados aos tachos? "Bem prega Frei Tomás, faz o que ele diz, não faças o que ele faz". Esta gentalha não é para levar a sério. Porque é que acham que o País chegou a tão dramática situação de miséria? Precisamente porque o povo entregou a governação do País nas mãos de gente incompetente e irresponsável, nada tendo feito ao longo destes 40 anos para inverter a situação, continuando a entregar religiosamente o seu voto nas mesmas formações políticas.
Costuma dizer-se e com alguma razão que "cada povo tem aquilo que merece" e a maioria do povo português não se pode queixar porque é cúmplice da acção governativa dos sucessivos governos da era democrática.