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A esta hora, a elite dos árbitros portugueses e os seus dirigentes, já devem estar arrependidíssimos do braço de ferro que protagonizaram com o Sporting Clube de Portugal e que originou a nomeação de um árbitro da 1ª categoria distrital B da Associação de Futebol de Aveiro. É caso para dizer que o tiro saiu pela culatra.
Se a ideia foi sancionar ou causar dificuldades ao Sporting pelo facto de o seu Presidente ter feito declarações que punham em causa a seriedade de certas arbitragens, o objectivo foi completamente falhado porque o jogo de Aveiro, com o Beira Mar, foi superiormente conduzido por um juiz dos escalões secundários e, nesse sentido, avolumou ainda mais as desconfianças relativamente aos árbitros da primeira categoria do apito nacional que constantemente e incompreensivelmente cometem erros grosseiros.
Surpreendentemente, ou talvez não, o árbitro dos distritais, Fernando Idalécio Ferreira Martins, dirigiu excelentemente o jogo Beira Mar/Sporting referente à segunda jornada da Liga Zon Sagres, acompanhando bem de perto os lances, ajuizando bem as infracções e agindo correctamente técnica e disciplinarmente. Fernando Martins, árbitro dos distritais, deu uma lição de bem apitar que deve ter deixado com bastante azia os "gurus" da arbitragem portuguesa que estariam à espera que a actuação do juiz dos distritais descambasse para o torto.
Porém, tal não aconteceu e o Juiz demonstrou estar à altura dos acontecimentos, ser conhecedor das leis do jogo e, como tal, apitando com acerto, sem medo e com sobriedade.
A exemplar actuação de Fernando Idalécio Martins, veio confirmar o que sempre pensei acerca da arbitragem e dos árbitros que todos os anos são promovidos e despromovidos nas diferentes categorias.
Eu nunca tive dúvidas que nas categorias inferiores há excelentes árbitros que nunca chegam a ver reconhecido o seu valor porque a progressão na carreira, nem sempre se faz por mérito mas antes por conveniência ou compadrio. Ser familiar, amigo e conhecido ou ter conhecimentos nas estruturas dos órgãos que dirigem a arbitragem, em muitos casos, é o suficiente para alcançar sucesso na carreira, mesmo que não tenha qualidades para o desempenho da função. Só assim se compreende que alguns incompetentes e habilidosos indivíduos tenham chegado ao topo da arbitragem portuguesa.
A recusa de João Ferreira, por um lado veio confirmar que os árbitros não têm capacidade para gerir as críticas e não sabem conviver com elas e, por outro, que a missão de um árbitro se pode tornar fácil e competente, quando o mesmo entra em campo com humildade e com o único propósito de ser leal e criterioso nas suas decisões.
Constatar que um árbitro dos distritais de Aveiro realizou um trabalho sem erros e que até colheu rasgados elogios das equipas em confronto e da crítica desportiva, em geral, é de facto uma satisfação para os verdadeiros desportistas, mas não deixa de ser uma situação delicada e embaraçosa para os árbitros de primeiro plano e para os dirigentes, já que jornada após jornada se verificam erros grosseiros incompreensíveis que prejudicam as equipas em confronto.
Este exemplo é suficientemente demonstrativo da qualidade de muitos árbitros dos escalões secundários e que poderiam ser utilizados para actuar, de vez em quando, a título de prémio, em jogos do Campeonato Nacional da 1ª e da 2ª Divisão, até para contribuirem, com as suas actuações, para que as "vedetas" da arbitragem nacional perdessem um pouco do seu vedetismo e se concentrassem também num único objectivo: dirigir os jogos, qualquer jogo, com critérios equitativos, sem distinção de emblemas, tal qual como se na sua presença estivessem duas equipas que nunca conheceram e nem sequer ouviram falar delas.
O caricato episódio do jogo da 2ª jornada, entre o Beira Mar e o Sporting, se for visto com olhos de ver pelos dirigentes da arbitragem, servirá para dele tirarem preciosas ilacções e até contribuir para solucionar algumas questões complicadas da arbitragem.
Abram os olhos!!!