Olá tio Oswaldo Jorge do Carmo. Com muito carinho e amizade, dedico-te o espaço de hoje no meu modesto Blogue.
Lembro-me bem! É das coisas que tenho mais frescas na memória relativamente aos meus tempos de criança! Lembro-me muito bem dos elogios que toda a gente te dava, sempre que falavam em ti. Diziam que eras muito inteligente, muito obediente e que na escola primária foste dos melhores alunos. Diziam que vinhas para a varanda da rua ler em voz alta as lições do livro de leitura e recitar poemas. Talvez por isso te tenham posto o apelido de "poeta". Por tudo isso, desde os meus 4/5 anos de idade, criei na minha imaginação um tio fenomenal, um super-herói do qual eu tinha muito orgulho e também queria imitar, embora nessa época mal te conhecesse porque teria 3/4 anos de idade quando embarcaste para Angola.
Mais tarde, essa admiração aumentou muito mais quando comecei a ler as cartas que enviavas religiosamente todos os meses, do Dondo, à Avó. Achava a tua caligrafia o máximo embora tivesse alguma dificuldade em lê-la, ao princípio. Ficava orgulhoso ao ver aquelas letras maiúsculas bem desenhadas e aquela escrita fluente e elegante como nunca vira . Mas o que mais me entusiasmava e me deixava feliz, eram as fotos que geralmente enviavas e que eu via e revia e admirava, orgulhoso por ter um tio tão elegante e eloquente. Cheguei a "roubar" algumas dessas fotos à avó, fotos essas que conservei e levei comigo quando fui para Angola.
Em pessoa, só te conheci realmente quando cumpriste o serviço militar na Força Aérea, na Ota e em Tancos. Lembro-me bem da primeira vez que apareceste em Misquel, impecavelmente fardado a rigor e o impacto que a tua figura imponente causou em mim! Mas depois, pude também apreciar a tua esmerada educação, tão diferente da das gentes da nossa terra! Tu eras o meu ídolo e eu sonhava ser como tu.
Estava longe de pensar que um dia iria ter oportunidade de privar muito mais de perto contigo e viver inclusive na mesma pensão, por ironia do destino e em consequência do "desabafo" infeliz que a tia Maria teve contigo. Foste um tio responsavelmente incrível que mais uma vez demonstraste ser um homem bom e de grande carácter. Outros teriam enjeitado essa responsabilidade e sacudido a água do capote.
Hoje, como ontem, continuo a ter por ti a mesmíssima estima e consideração. Fostes e continuas a ser o meu ídolo, alguém que eu gostaria de poder imitar, sobretudo naquela tua vertente de homem bom, íntegro, responsável, cordial e amigo. De uma coisa eu tenho a certeza: posso não ter copiado e posto em prática todas as tuas virtudes mas o teu exemplo marcou-me e ajudou-me a ser um homem melhor.
Vejo como tens seguido e comentado o meu modesto blogue. Também aqui tens demonstrado a tua grandeza de alma e coração. Sei que nem tudo aquilo que escrevo será do teu inteiro agrado, o que é normal porque todos temos a nossa própria maneira de agir e de pensar. Contudo, não me lembro de teres feito qualquer comentário menos correcto e totalmente discordante. Pelo contrário, procuraste sempre valorizar os meus escritos e agiste de forma a que eu nunca me sentisse constrangido, aborrecido ou arrependido acerca do que escrevi. Obrigado tio.
Vejo como tens seguido e comentado o meu modesto blogue. Também aqui tens demonstrado a tua grandeza de alma e coração. Sei que nem tudo aquilo que escrevo será do teu inteiro agrado, o que é normal porque todos temos a nossa própria maneira de agir e de pensar. Contudo, não me lembro de teres feito qualquer comentário menos correcto e totalmente discordante. Pelo contrário, procuraste sempre valorizar os meus escritos e agiste de forma a que eu nunca me sentisse constrangido, aborrecido ou arrependido acerca do que escrevi. Obrigado tio.
Obrigado por tudo quanto fizeste por mim. Desculpa-me se alguma vez te desiludi porque de facto não o merecias. A vida, a maioria das vezes, não é aquilo que desejámos que fosse. A minha não foge à regra. Tu sabes que na grande maioria dos casos, as pessoas não conduzem a vida, a vida é que nos conduz. Andamos todos ao sabor da corrente e temos que nos adaptar às contingências da vida. Se tivesse sido eu a conduzir a minha vida, teria sido provavelmente de outra maneira mas agora não vale a pena chorar sobre o leite derramado. Na próxima vida será melhor se Deus quiser.
Forte abraço do teu sobrinho Manuel que te estima muito.