Um Primeiro-Ministro que se preocupasse minimamente com a sua imagem perante os cidadãos portugueses, há muito que tinha remodelado o ministro Miguel Relvas. A forma como obteve a sua licenciatura não é um bom exemplo para os estudantes deste País e, consequentemente, um cidadão com um currículo tão desprestigiante, não reune condições de honorabilidade para desempenhar um tão importante cargo de Estado.
A permanência do ministro Relvas no governo, prejudica o Executivo e descredibiliza o Primeiro-Ministro que por ser amigo de longa data, não teve a coragem de fazer o que devia: corrê-lo do governo.
Já toda a gente viu que o ministro dos assuntos parlamentares não tem condições para desempenhar o cargo e que a sua permanência no Executivo só atrapalha. É ridículo o papel protagonizado por este governante. O homem não pode sair à rua porque em qualquer local é vaiado e insultado.
Em dois dias consecutivos, Miguel Relvas foi impedido de falar, primeiro no Clube dos Pensadores, no Porto, onde um grupo de pessoas cantou "Grândola, Vila Morena" e depois no ISCTE, onde não lhe foi permitido encerrar a conferência "Como vai ser o jornalismo nos próximos 20 anos?", no âmbito das comemorações do 20ª aniversário da TVI.
Um homem com carácter, bem formado, há muito que teria, por vontade própria, pelo seu próprio pé, pedido escusa de funções, evitando situações de contestação desagradáveis para si próprio e para os seus familiares e amigos, reconhecendo também que é a única forma de deixar o caminho livre a quem melhor possa ajudar o Primeiro-Ministro e o Executivo na árdua tarefa de vencer a crise.
Se me perguntarem se concordo com determinado tipo de acções que impedem um ministro ou qualquer outro cidadão de exercer um direito constitucional de expressar a sua opinião - falar ou discursar - a favor ou contra qualquer coisa, direi que não concordo porque num regime democrático, a nossa liberdade termina onde começa a dos outros. É demasiado feio e redutor, em democracia, impedir alguém de exercer os seus direitos de cidadania plena.