quinta-feira, 30 de julho de 2009

UMA HISTÓRIA INCRÍVEL MAS VERDADEIRA

Tomei conhecimento através da imprensa diária que um homem que matou acidentalmente uma mulher, na freguesia de Anissó, Vieira do Minho, viveu durante 16 anos, tendo como companhia um pequeno rádio e um cão, em grutas que ele próprio escavou, em vários pontos estratégicos do Monte de Nossa Senhora da Lapa, fugido da Justiça.


Esta história teve lugar há quase vinte anos quando Fernando Domingues Cruz, então com 35 anos de idade, com a profissão de pastor, se travou de razões com uma vizinha, com a mesma profissão por causa de uma briga entre as cabras dos dois rebanhos que se desentenderam junto a um ribeiro. Entraram em discussão e a certa altura a mulher ameaçou o pastor que lhe dava com o cajado e este em resposta parece que a atingiu na cabeça com a sachola que levava nas mãos, provocando-lhe involuntariamente a morte.
Toda a gente sabia e dizia na freguesia de Anissó que o crime de que o pastor era acusado tinha sido acidental e que a vítima, uma mulher de 70 anos, passava a vida a meter-se com ele.
No entanto, o pastor foi julgado e condenado no Tribunal de Vieira do Minho, em 1990, a uma pena de 10 anos de prisão, dos quais apenas cumpriu 3, porque na primeira saída precária que lhe foi concedida, em 1993, decidiu nunca mais voltar à prisão, preferindo viver nos montes, isolado do Mundo, o resto da vida.
Diz quem teve a rara oportunidade de contactar com ele que o facto de ter sido vítima de várias ameaças de morte e tentativas de violação na prisão, o deixou tão angustiado e traumatizado que dizia preferir morrer do que voltar para a cadeia.
Nesta história, há realmente um facto que chama imediatamente à nossa atenção: se a morte foi acidental e o acto foi cometido em função de uma provocação, porque motivo este homem que toda a gente descreve como exemplar cidadão, foi condenado a 10 anos de cadeia?
Vou tentar dar a resposta que não ficará muito longe da verdade. Este homem foi condenado a 10 anos de prisão, em primeiro lugar, precisamente porque era um pobre e humilde pastor e não teve a defendê-lo um daqueles advogados de renome que até os Juízes temem e que conseguem muitas vezes, em tribunal, fazer com que os criminosos sejam absolvidos e os inocentes condenados.
Em 2º lugar porque um homem bom, honesto e humilde, não teve a destreza de fugir para um qualquer Estado do interior do Brasil ou para qualquer outro recôndito País, forjando uma identidade falsa.
Em 3º lugar porque efectivamente, neste País, a Justiça que é cega, surda e muda, só é forte com os fracos, comportando-se com os verdadeiros criminosos, aqueles que põem constantemente em perigo a felicidade, a vida e os bens das pessoas, sequestrando, violando, agredindo com violência, enganando, roubando e assassinando, com uma brandura e uma impunidade que está a indignar e a alterar os hábitos dos portugueses, no que diz respeito aos métodos de defesa.
Atente-se no que se passou e passa com os Gangs da noite portuense e também lisboeta, com os negócios da prostituição, com os cartéis da droga, com os negócios nebulosos do Governo e da maioria das Câmaras do País, do escandaloso enriquecimento ilícito de governantes, autarcas e determinados administradores, do apito dourado, da pedofilia, do saque de milhões no BCP, BPP e BPN e um sem número de crimes de colarinho branco, responsáveis por fraudes gigantescas de nuitas centenas de milhões de euros, a que a Justiça não corresponde com investigações aprofundadas, até às últimas consequências, condenando com penas compatíveis com os crimes que cometeram, todos os culpados, sem excepção, independentemente da sua religião, cor política, cargo, grau acadédmico e estatuto social ou económico; tal atitude incomoda e revolta o mais pacato e comum dos mortais.
Mas no que diz respeito a esta incrível história, se a Justiça não fosse tão vesga e obtusa, num primeiro momento, não teria condenado um homem bom, sem antecedentes criminais e também ele desolado pela tragédia que involuntariamente provocou, a 10 anos de prisão e agora, passados quase 20 anos sobre o fatídico acidente e depois de ter vivido isolado e exilado nos montes, como se de um leproso se tratasse, sofrendo na carne e nos ossos, uma pena muito mais pesada do que aquela a que foi condenado e que só não cumpriu totalmente porque foi vítima de atentados horrendos contra a sua vida, o seu pudor, a sua honra e a sua dignidade, a Justiça em vez de se preocupar em recuperar o homem, confortar a sua alma e tratar os seus traumas e mazelas, preocupa-se em encarcerá-lo de novo, para lhe arrancar de vez, o pouco que ainda lhe reste de honra e dignidade.
Será que a Justiça não vê que só um homem justo e bom é capaz de viver 16 anos numa serra, ao relento, sujeito às inclementes agruras da natureza, passando pelas mais inimagináveis carências e privações, sem nunca ter cometido qualquer crime e conquistando até a cumplicidade, a compreensão e a amizade daqueles (poucos) que tiveram a rara oportunidade de conhecê-lo?
Os próprios agentes que o prenderam, puderam testemunhar que se trata de um homem bom porque embora estando armado, não se serviu da arma e até teve um comportamento amistoso.
Será que a Justiça, depois de todos estes anos, ainda não chegou à conclusão de que este homem não é um assassino?
É comovente a história deste homem que preferiu viver durante 16 anos numa serra, como um animal selvagem, longe do conforto, da família e dos amigos, do que entregar-se nas mãos e à guarda da Justiça que primeiramente lhe decretou uma pena exagerada e depois permitiu que dentro da prisão, à sua guarda, fosse vítima de atentados repugnantes à sua honra, à sua dignidade e ao seu pudor.
Este homem bom e justo que teve um momento de infortúnio na sua vida, aos 35 anos, nas duas vezes em que se confrontou com as autoridades durante a sua evasão, disse duas frases, em circunstâncias diferentes, bastante curtas mas que revelam o quanto de amargo, desconfiança, desencanto e desilusão lhe vai na alma: há oito anos quando a GNR tentou prendê-lo, numa altura em que se encontrava de visita à mãe, ao aperceber-se da presença dos agentes, saltou de um muro com mais de seis metros de altura e escapou pelo meio de um silvado, encosta acima, de regresso aos seus esconderijos; em resposta aos tiros de intimidação da GNR e dos conselhos que lhe gritava o Comandante, dizendo-lhe que "era perigoso fugir", Fernando Cruz, em louca correria, montanha acima, ripostou: "antes morto do que preso".
A segunda frase foi proferida pelo pastor, no momento em que foi detido por elementos da Polícia Judiciária, nas imediações de um dos seus esconderijos, depois de dois anos de sucessivas tentativas frustradas. Aquele homem tinha no seu cão, o companheiro de infortúnio, o amigo que nunca o abandonou e uma convivência sem ausências, durante 24 horas, todos os dias. Na hora de partir com destino ao estabelecimento prisional, pediu aos agentes que entregassem o seu fiel companheiro a um amigo e desabafou a chorar como uma criança: "o meu cão é o único ser em quem confio".
Se eu pudesse não permitiria que este homem continuasse a sofrer. Já que não é possível anular a má decisão da sentença que o condenou há 20 anos e os efeitos devastadores que lhe causou, tomaria medidas para que lhe fossem proporcionados todos os cuidados para lhe recuperar a saúde do corpo e da mente, restituindo-lhe tudo aquilo que perdeu, no que diz respeito aos seus bens materiais, nomeadamente, o seu rebanho de cabras ou ovelhas, para refazer a sua vida e encontrar a paz, a tranquilidade e a alegria de viver que lhe roubaram nos últimos 20 anos.
E não julguem que não estou a pensar também na outra vítima e nos seus familiares. É sempre uma grande tragédia a morte de alguém e muito mais quando a mesma não é natural, por doença ou por velhice.
Mas neste caso, porque foi um acidente infeliz, como tantos outros que ocorrem todos os dias, involuntariamente, a Justiça devia tê-lo tratado como tal e aplicar uma pena de prisão mais leve e o pagamento de uma indemnização aos familiares da vítima de acordo com as possibilidades económicas do réu, ou no caso de este não poder que fosse paga pelo próprio Estado que tantas vezes gasta milhões, sem qualquer proveito para o País e para os cidadãos.
De uma coisa tenho a certeza: a própria vítima, se pudesse ter intervido como testemunha, logo no julgamento teria intercedido em seu favor e logo ali lhe teria perdoado aquela agressão irreflectida e sem intenção de a matar, porque também ela reconheceria que se excedeu em ofensas e ameaças, acabando por ter também alguma culpa no acto praticado pelo réu.
Aposto que lá no local onde o seu espírito repousa eternamente, também ela tem sofrido com o drama do seu colega de profissão, Fernando Domingues Cruz.
É por causa deste tipo de decisões dos Tribunais, tão severas para uns e tão brandas para outros que milhares de cidadãos fogem da Justiça como o Diabo foge da Cruz, preferindo ficar ofendidos e prejudicados do que recorrer aos seus serviços.
Felizes daqueles que conseguiram justiça recorrendo aos Tribunais. Eu já de lá saí vergado pela humilhação de uma sentença que condenou a verdade e absolveu a mentira.
Infelizmente, as más decisões dos Tribunais injustiçam muitos cidadãos por esse País fora e nalguns casos, também aniquilam por completo as suas vidas, como aconteceu com o cidadão Fernando Domingues Cruz.
Como este homem já pagou várias vezes o crime que cometeu, a Justiça deve dar-lhe oportunidade de poder viver, o mais rapidamente possível, em paz e em liberdade.

sábado, 25 de julho de 2009

TVI24 AO SERVIÇO DE ANTÓNIO COSTA

É preciso ver para crer. Neste caso, é preciso comentar artigos políticos na TVI24, para verificar a descarada falta de isenção de quem não devia ter a faculdade de administrar os comentários dos leitores.
Quem valida ou rejeita os comentários, são pessoas que não têm capacidade para colocar o dever de informar com rigor e isenção acima das suas tendências político-partidárias. São pessoas despidas de carácter e profissionais detestáveis.
Como é possível que uma estação de televisão, com tanta responsabilidade na informação que presta aos seus dedicados telespectadores se permita ter ao seu serviço gente deste calibre, capaz de omitir as opiniões referentes a um dos candidatos e, ao mesmo tempo, publicitar e publicar tudo o que é agradável relativamente a outro?
Dos vários comentários que enviei, nenhum foi publicado.
As regras para aprovação dos comentários dizem que os leitores se devem identificar e ter endereço de e-mail válido; dizem que não serão publicados comentários injuriosos ou contrários às leis portuguesas e dizem ainda que todos os comentários estão sujeitos à avaliação da redacção e podem ser rejeitados.
Ora, os meus comentários exprimiam uma opinião política sobre determinados artigos publicados pela TVI24, respeitavam as regras e de forma nenhuma continham injúrias. Comentários injuriosos e ofensivos vi eu publicados, atingindo a honra e a dignidade de um dos candidatos à Câmara Municipal de Lisboa.
A Administração da TVI24 não pode permitir que alguém sem escrúpulos possa actuar com toda esta arbitrariedade, burrifando-se para o dever de isenção e subvertendo a verdade e a justiça.
Vou envidar esforços para que esta reclamação chegue aos responsáveis máximos da TVI24 porque o pior serviço que se pode prestar a quem não cumpre o seu dever e a quem despreza as mais elementares regras democráticas, é permitir que continuem a fazer a mesma coisa, escusando-se de apresentar as respectivas denúncias.
E agora, para que possa ser devidamente analisado e tiradas as devidas ilacções, publico a seguir um dos comentários enviados na noite de 24.07.2009 para TVI24/PortugalDiário que também não foi validado:
António Costa tem-se desdobrado e afadigado nos ataques contra Santana. Esta obstinada obsessão de tentar sujar o Homem, tem-lhe roubado muitas horas de trabalho e descanso. Primeiro foram as entrevistas às rádios e televisões, agora são os vídeos em que faz da verdade mentira e mentira da verdade.
Toda a gente conhece os métodos do PS e dos seus membros. Basta verificar como é que Sócrates chegou a 1º Ministro e António Costa chegou a Presidente da Câmara. Em ambos os casos houve uma usurpação do poder. Os Portugueses conhecem bem a actuação dos socialistas e sabem a situação ruinosa em que deixam o País de cada vez que chegam ao Poder.
O maldizer e a política da indecência pagarão a respectiva factura, com juros, quando chegar a hora da verdade.
Este comentário não é injurioso e não transgride as regras da democracia. Pelos vistos, há uma alínea que falta e deve ser incluída nas regras para a validação dos comentários: dizer claramente que não serão publicados comentários de leitores que de alguma forma apoiem ou se identifiquem com Santana Lopes.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

ONDE HÁ CRIANÇAS HÁ PEDÓFILOS

Mais um gigantesco escândalo de abusos sexuais de crianças, agora numa Instituição com mais de dois séculos de história, o Colégio Militar. Dezenas de crianças foram barbaramente violadas e abusadas repetidamente, ao longo de vários anos.
Essa escória monstruosa da sociedade está em todo o lado mas essencialmente onde houver crianças, de qualquer idade e de ambos os sexos.
Há mais de cinquenta anos que oiço falar de pedófilos e dos crimes horrendos que cometem. Muitas vezes, depois de sujeitarem as crianças a práticas sexuais de grande sofrimento, acabam por lhes tirar a vida e fazer desaparecer os seus corpos; milhares e milhares de crianças, em todo o Mundo, de todas as idades e sexo, têm desaparecido sem deixar rasto, vítimas de raptos e sequestros para fins sexuais.
Muita gente se admira pelo facto de estes crimes ocorrerem numa qualquer Instituição durante tantos anos e de as crianças não correrem imediatamente a fazer as denúncias.
De facto, os pedófilos têm sempre forma de conseguir que as crianças guardem segredo, através dos mais diversos métodos, actuando sempre em conformidade com a sua idade e o seu estatuto, umas vezes comprando o seu silêncio com prendas do seu agrado, outras vezes dando-lhes dinheiro, conquistando a sua amizade e a grande maioria das vezes, fazendo-lhes graves ameaças de morte em que implicam também os seus familiares.
Uma criança entre os 5/12 anos de idade, não tem capacidade para contrariar um indivíduo adulto, viciado e apostado em abusar da criança, de qualquer maneira. Um pedófilo, é um autêntico animal selvagem que depois de marcar a sua presa, há-de seguir-lhe todos os passos até surgir uma oportunidade para a atacar e devorar.
Por esse País fora, não tenho dúvidas que todos os dias há dezenas de vítimas desses monstros humanos, nos mais diversos locais e nas mais diversas circunstâncias e que milhares de crianças, silenciadas pelo medo, vão continuar a viver tragédias horríveis de dor e sofrimento.
Nenhum pai deve ficar totalmente tranquilo quando deixa o seu filho à guarda de estranhos, seja em casas particulares ou instituições porque como atrás referi, os pedófilos estão em todo o lugar onde houver crianças.
Este escândalo do Colégio Militar vem dar-me razão sobre o que escrevi quando surgiu o da Casa Pia, quando afirmei que onde houver crianças há pedofilia e citei dezenas de Instituições onde, desde sempre, me chegaram ecos de tal prática: Seminários, Colégios Salesianos, Colégios Internos, Casas do Gaiato, Reformatórios, Colónias de Férias, Escuteiros, todo o tipo de Escolas primárias e pré-primárias, música, dança, desporto, creches, Institutos de Reinserção de menores, Instituições de acolhimento de crianças com deficiência, etc., etc., etc.
Não esqueçam nunca, onde houver crianças, existirão sempre grandes probabilidades de haver pedófilos e para terem uma pequena ideia do que eles são capazes, já que não têm qualquer tipo de sentimentos, atentem no facto de serem frequentemente os próprios pais e familiares a abusarem das suas inocentes crianças.
Enquanto a Justiça tratar com tanta brandura e até impunidade os crimes de pedofilia, essas criaturas monstruosas e nojentas, continuarão a mutilar a infância de milhares de crianças, roubando-lhes a alegria e a vontade de viver.
É forçoso que os Governantes e a Sociedade em geral, congreguem esforços, no sentido de ser ministrado aos pedófilos um tratamento tão eficaz que definitivamente os impeça de mplestar as crianças.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

A FARSA DAS SONDAGENS CONTINUA

Alguém acredita que a Coligação com o movimento "Cidadãos Por Lisboa" somou 10 pontos percentuais à candidatura de António Costa?
Até à assinatura do acordo de coligação com o movimento independente "Cidadãos Por Lisboa", Santana Lopes ia à frente nas intenções de voto. Agora depois dessa coligação, parece que pegaram nos 10 pontos percentuais que o movimento "Cidadãos Por Lisboa" obteve nas eleições autárquicas intercalares de Julho de 2007 e adicionaram-nos à candidatura de Costa. Assim mesmo, sem mais nem menos.
Ora, meus Senhores, isto não funciona dessa maneira. Em 1º lugar porque não vamos ver repetido o cenário daquelas eleições, com o PSD dividido em dois, pelo contrário, o Partido está regenerado e muito unido à volta do seu candidato que por sinal é muito forte. Em 2º lugar porque a Helena Roseta que foi a votos, era uma dissidente do PS e alguém que rompeu com as suas políticas, tendo beneficiado dos votos dos cidadãos que como ela estavam desgostosos com tais políticas. Em 3º lugar, porque é certo e sabido que Helena Roseta vai ser penalizada pelos eleitores que lhe confiaram o seu voto na qualidade de Independente e que agora os traiu coligando-se ao Partido que combateu, acima de tudo para salvaguardar uma posição que sabia não ter condições de manter nas próximas eleições autárquicas. Em 4º lugar porque concorrendo sozinha, estava efectivamente em causa a sua própria eleição, o que quer dizer que a soma desta coligação não valerá mais que 3 a 5 pontos percentuais. Em 5º lugar porque Costa, numas eleições que lhe eram muito favoráveis visto que o Executivo de Carmona Rodrigues caiu a meio do mandato, em parte pela oposição mal intencionada e corrosiva do PS, teve 29,54% dos votos, menos do que a soma do PSD dividido (32,44%) e em 6º lugar porque Costa desiludiu os lisboetas pela forma como não tratou da cidade, se envolveu em politiquices e polémicas desnecessárias, mais interessado em aparecer nas televisões e fazer comentário político do que em trabalhar a sério em prol da cidade e dos munícipes e se distanciou dos Bairros e das gentes mais carenciadas, passando dois anos e meio sem fazer nada, a queixar-se que não tinha dinheiro, feito kalimero e a acusar e a dizer mal dos seus antecessores.
Um homem que passou o tempo a sacudir a água do capote e a tratar de empréstimos à banca no valor de centenas de milhões de euros, não pode continuar à frente dos destinos da Câmara, seria uma tragédia, ainda que na realidade, haja algumas forças interessadas em levá-lo ao colo até à cadeira do poder.
Dito isto, pergunta-se, como é possível fabricar uma sondagem com 10 pontos percentuais de diferença, sabendo-se que o PSD valerá nas urnas 36/38% e o CDS 6/8%, no mínimo, numa conjuntura que lhe é altamente favorável, pelo facto de o PS, de há uns tempos a esta parte, andar constantemente de braço dado com monumentais asneiras e trapalhadas, as quais, por certo, na hora da verdade, irão ajudar Pedro Santana Lopes a reconquistar o lugar que brilhantemente conquistou em 2001 e de onde não devia ter saído em 2004.
Relativamente ao PSD e ao CDS, as sondagens têm cometido lapsos monumentais, difíceis de explicar e indesculpáveis. Veja-se o que sucedeu em 16 de Dezembro de 2001: no encerramento da campanha, as sondagens davam 15 pontos de vantagem ao candidato socialista, João Soares e depois, nas urnas, o candidato do PSD, Pedro Santana Lopes venceu.
Pessoalmente, anoto esta sondagem como mais uma grande maldade que querem fazer a Santana Lopes, como tantas outras que já lhe fizeram.
Porém, como grande político que é mas também com muito saber acumulado e um profundo conhecimento dos problemas do País e da Capital, Santana Lopes possui a coragem, a capacidade e a tenacidade para os atacar e vencer que outros não demonstraram ter e, por tudo isso, no dia 11 de Outubro, nas urnas, o veredicto dos eleitores não será o mesmo que as sondagens lhe têm atribuído.
Cá estaremos para ver.

OLIVENÇA USURPADA HÁ 208 ANOS

Li na imprensa que a Espanha, através do seu Ministro dos Negócios Estrangeiros, Miguel Ángel Moratinos, volta à carga pela posse de Gibraltar.
Ángel Moratinos que protagonizou a primeira visita oficial ao Rochedo de um Ministro espanhol em cerca de 300 anos, reivindicou durante a conferência de imprensa, no final da visita, a soberania espanhola do enclave e afirmou que "Gibraltar é irrenunciável mas Madrid vai prosseguir o diálogo com Londres".
Esta agressividade e posição de força por parte da Espanha, face a Inglaterra, no sentido de reaver Gibraltar, é de facto uma situação que perante os factos históricos não se justifica, uma vez que "o território foi cedido à Grã-Bretanha pela Espanha pelo Tratado de Utrecht em 1713, como parte do pagamento da Guerra da Sucessão Espanhola e em cujo tratado constava que a Espanha cedia à Inglaterra a total propriedade da cidade e castelo de Gibraltar, junto com o porto, fortificações e fortes, sem qualquer excepção ou impedimento".
De facto estes espanhóis, hoje como no passado, continuam a impor as suas regras e a exigir dos outros coisas a que não têm direito, negando-se a cumprir tratados e acordos que assinaram e juraram cumprir.
No caso do território de Olivença, usurpado e anexado pelos espanhóis em 1801, a coberto do célebre Tratado de Badajoz, denunciado e nunca reconhecido por Portugal, por ter sido assinado sob coacção, com ameaça de invasão pelas tropas coligadas da França e da Espanha que se encontravam estacionadas na fronteira, em Ciudad Rodrigo, as autoridades portuguesas nunca exigiram dos nossos vizinhos a devolução daquela Província, assumindo um papel de desinteresse, submissão e frouxidão que revolta e envergonha o Rei Conquistador de Portugal, D. Afonso Henriques, a Ínclita Geração, os Destemidos Navegadores Lusitanos e todos aqueles heróis que com seus feitos gloriosos, alargaram e consolidaram o território português do Minho ao Algarve, Ilhas e Continente Africano, Asiático e Americano, fazendo de um pequeno rectângulo, situado no ponto mais ocidental da Europa, o segundo maior País do Planeta, depois da Rússia considerado, respeitado e admirado por todos e invejado por muitos.
Mas Olivença, pelo facto de ter sido anexada ao abrigo de um Tratado, cuja assinatura foi imposta pela ameaça da força das armas e também porque, mais tarde, em 1817 a Espanha subscreveu o diploma resultante do Congresso de Viena realizado em 1815 e reconheceu a soberania portuguesa, comprometendo-se à retrocessão do território o mais prontamente possível, nunca tendo cumprido tal reconhecimento, seria exigível que Portugal esgotasse todos os meios ao seu alcance para reaver o território usurpado.
Porém, para quem abriu mão de Cabo Verde, Guiné, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, Macau e Timor, por sua iniciativa, de livre e espontânea vontade, sem tão pouco se preocupar com a defesa dos superiores interesses das heroicas gerações de portugueses que viviam naqueles territórios, percebo que não lhes interesse reaver mais uns tantos quilómetros quadrados de território que foi conquistado com golpes poderosos de espada, em corajosas e destemidas lutas corpo-a-corpo, pelos nossos antepassados.
Mas o que está em causa, não é só um pedaço do território pátrio, é o resgate da honra e dignidade de uma Nação e dos Homens que na época, sobre a ameaça de exércitos poderosos, sofreram a humilhação e a desonra de ter que assinar um documento que rejeitavam e que de bom grado teriam dado a vida, se com tal gesto tivessem a certeza que evitavam a anexação.
É esta a grande diferença entre os portugueses de agora e os nossos antepassados e também o grau de patriotismo e diferença de atitude, na forma como os dois Países Ibéricos e vizinhos defendem os seus interesses.
Se Olivença tivesse sido pilhada pelos portugueses, tenho a certeza que os nossos vizinhos não esperariam 208 anos para repor a legalidade.
Se ainda resta algum pingo de honra aos actuais governantes, então Olivença deve ser colocada com urgência na sua agenda política, desenvolvendo todo o tipo de iniciativas para convencer os espanhois a devolver, com juros, aquilo que por direito nos pertence.

sábado, 18 de julho de 2009

PINTO DA COSTA APOIA ELISA FERREIRA

Pinto da Costa formalizou publicamente o seu apoio à candidatura independente de Elisa Ferreira, à Câmara Municipal do Porto, dizendo na oportunidade que "apoia quem ama e defende a cidade do Porto"

Esta frase é definidora do ódio de estimação de Pinto da Costa relativamente ao actual Presidente da Câmara, Rui Rio o qual não esqueceu ainda as eleições autárquicas de 2001 quando Fernando Gomes sofreu pessada derrota mesmo com o apoio total e incondicional do Presidente do Futebol Clube do Porto.

Pela primeira vez na história da Democracia, um candidato a Presidente da segunda maior Câmara do País soube separar a política do futebol, afrontando inclusive Pinto da Costa e contra todas as expectativas e sondagens, ganhou a Câmara do Porto em 2001, contra um adversário fortíssimo, adepto fervoroso do FCP e Dragão D'ouro.

Pinto da Costa sofreu uma das maiores humilhações da sua vida com a pesada derrota do seu amigo de sempre, porque lhe confiou todo o seu apoio e fez acusações e declarações muito contundentes contra Rui Rio.

Mas nas autárquicas de 2005, Pinto da Costa sofreu nova humilhação porque o candidato do PS, Francisco Assis, com o seu apoio oficial, foi de novo derrotado pelo mesmo Rui Rio.
Deste braço de ferro entre Pinto da Costa e Rui Rio há duas coisas a considerar: ou de facto a população do Porto é suficientemente esclarecida e concluiu que Rui Rio é melhor do que Fernando Gomes e Francisco Assis para governar a Câmara do Porto ou então, por outro lado, teremos que concluir que o poder de Pinto da Costa não é assim tão grande como alguns nos querem fazer crer.
Aqueles que pensavam que Pinto da Costa seria capaz de fazer qualquer candidato ganhar a Câmara do Porto com o seu apoio, já devem estar convencidos que estavam completamente equivocados.
Tal como fizeram os seus antecessores, ao procurarem o apoio de Pinto da Costa, Elisa Ferreira, sentindo que não seria capaz de derrotar o actual Presidente da Câmara do Porto, foi também fazer-lhe o mesmo pedido.
Elisa Ferreira não foi capaz de romper com a promiscuidade que os candidatos e Presidentes de Câmara socialistas têm mantido com o Futebol Clube do Porto, demonstrando que não está à altura para ganhar a Câmara do Porto e continuar uma política de distanciamento e isenção relativamente aos clubes de Futebol da Cidade do Porto.
Precisamente por ter a certeza que não vai vencer as eleições autárquicas na Invicta, não aceitou renunciar ao lugar de deputada europeia, ganho nas eleições de 7 de Junho.
Pelos vistos, Pinto da Costa irá sofrer uma terceira derrota contra Rui Rio, nas eleições autárquicas de Outubro próximo, representando tal vitória mais uma enorme humilhação para o Patriarca do Norte, uma vez que disponibilizou todo o seu apoio aos três adversários vencidos.
Se na política Pinto da Costa teve um adversário à altura e provou o sabor amargo da derrota, já no desporto, tudo lhe tem corrido às mil maravilhas.
Quando aparecer no desporto um adversário tão forte como na política, então Pinto da Costa será igualmente vencido, sendo obrigado a retirar-se, humilhado, sem honra e sem glória.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

A ESQUERDA REJEITOU COSTA

Há conjunturas extremamente favoráveis na política para fazer bons negócios, tudo depende da situação de fragilidade de uns e do oportunismo e sagacidade de outros.
É indiscutível que o Partido Socialista e o Governo atravessam uma grave crise política que se começou a conhecer, na sua verdadeira dimensão, na eleição para o Parlamento Europeu. Até essa altura, os dirigentes foram mascarando a situação, negando todas as evidências e até a Imprensa ajudou a esconder essa crise, divulgando notícias e sondagens que não correspondiam à verdade, como se verificou com a vitória do PSD, contrariando todas as previsões das sondagens que davam um triunfo garantido e folgado ao Partido Socialista.
Neste momento, o Partido Socialista e o Governo estão de rastos, as trapalhadas e os escândalos sucedem-se a um ritmo vertiginoso e a descredibilidade ganhou uma dimensão tão grande que agora a Imprensa e as sondagens já admitem que o PSD pode ganhar as Legislativas e as Autárquicas.
Que grande mudança se operou! Antes da realização das Europeias o PS seguia à frente nas sondagens para as Legislativas e até António Costa levava vantagem confortável na corrida à Câmara de Lisboa.
Esta viragem colocou o candidato do PS à Câmara da capital em pânico porque sabe que perder neste duelo directo com Santana Lopes, é um golpe muito duro e um sapo gigante que terá de engolir, depois de todas as acusações e críticas contundentes que lhe fez.
Nesse sentido, António Costa que em alguns momentos tratou os partidos da esquerda com alguma arrogância e violência verbal, anda agora com falinhas mansas a pedir-lhes por tudo que se coliguem com ele.
Com tal namoro, António Costa não conseguiu mais do que uma coligação com o ZÉ e com a MARIA (José Sá Fernandes e Maria do Rego da Costa Salema Roseta) que em termos de votos nas próximas Autárquicas, representam uma mão cheia de nada.
Mesmo com a ajuda e influência das mais importantes personalidades de esquerda como Jorge Sampaio, Mário Soares, José Saramago e tantas outras, o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda, rejeitaram essas propostas de coligação.
Com este cenário, a derrota de Costa em 11 de Outubro, é o desfecho mais provável, não só porque a Coligação LISBOA COM SENTIDO representa maior percentagem de votos (entre 42/44%) mas também porque o Partido Socialista está demasiado fragilizado para disputar eleições nesta péssima conjuntura política que atravessa.
Desesperado, cheio de medo e completamente desnorteado, António Costa fez um negócio ruinoso com duas coligações sem qualquer significado no escrutínio final, fazendo cedências demasiado altas para proveitos tão escassos.
Depois da obra que não apresentou em dois anos e meio de governação e da desilusão que causou na população em geral mas sobretudo na maioria das Colectividades de Bairro de Lisboa e das camadas mais desfavorecidas da capital, a sua passagem pela presidência da Câmara não deixa saudades.

terça-feira, 14 de julho de 2009

INCOMPATIBILIDADES



CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS

(Um artigo da Jornalista CONSTANÇA CUNHA E SÁ no Correio da manhã de 14.07.2009)


O dr. Vítor Constâncio ainda não percebeu que é um triste símbolo de um ciclo que terminou.




Fiado na sua imensa autoridade, o dr. Vítor Constâncio decidiu pregar um raspanete à Assembleia da República por esta se ter imiscuído nos meandros da supervisão. Nem o relatório final da comissão de inquérito ao BPN, feito à sua medida, conseguiu acalmar os ânimos do governador do Banco de Portugal.

O PS, através da deputada Sónia Sanfona, fez o que pôde: ignorando olimpicamente meses de trabalho parlamentar, apresentou um texto inócuo e inconclusivo, recheado de citações oficiais e de desculpas de mau pagador. Imune a este tipo de simpatias, o dr. Constâncio apresentou-se imediatamente ao país, disposto a desfazer qualquer dúvida sobre a sua iluminada pessoa. Ele que, num dia feliz, já confessara a sua santa "ingenuidade", achou-se agora no direito de explicar que a sua extraordinária actuação estava muito acima das capacidades de qualquer deputado.

Como se viu, só ele, na sua infinita sabedoria, se considera em condições de se avaliar a si próprio, longe da chicana parlamentar e dos golpes sujos da oposição. E ele, como se viu também, considera-se muito: não há falha que o atinja, nem offshore que o diminua. Em guerra aberta com a realidade, o dr. Constâncio acabou, no entanto, por mostrar aquilo que já não consegue ser: um governador do Banco de Portugal.

Durante anos, com suave persistência, o dr. Constâncio transformou o Banco de Portugal numa espécie de porta-voz oficial do ministério das Finanças, com défices ao sabor do cliente e previsões à altura das suas necessidades. A crise económica alargou-lhe os horizontes, juntando à sua reconhecida incompetência política uma inesperada incompetência técnica que, durante meses a fio, se exibiu, com esplendor, na Assembleia da República. Instrumentalizado pela oposição, o porta-voz do ministério das Finanças acabou por se tornar numa figura menor que, neste momento, incomoda já o próprio Governo. Só ele, na sua megalomania, é que ainda não percebeu que é um triste símbolo de um ciclo que terminou.

A conferência de imprensa que deu, na semana passada, foi a prova de que já ninguém precisava. Enrolado na sua imensa arrogância, o dr. Constâncio pretendeu apresentar-se como um mártir iluminado, sem compreender que o papel de vítima era o único que já não lhe assentava. O exercício saldou-se, como seria de esperar, num espectáculo mais ou menos patético que confirmou apenas a solidão de um homem que se incompatilizou com o cargo que ainda ocupa. Pior seria impossível.
***
Com a devida vénia, publico no meu blogue o artigo de opinião da Jornalista Constança Cunha e Sá porque é daqueles artigos que reproduz na perfeição aquilo que eu próprio gostaria de ter escrito sobre o assunto em questão e que já em tempos abordei sob o título "INGENUIDADE OU INCOMPETÊNCIA?"
Há muitos anos que leio os trabalhos jornalísticos de Constância Cunha e Sá e quase sempre estou de acordo com as suas opiniões políticas que por vezes revelam uma certa dose de coragem e frontalidade, características que a grande maioria dos seus colegas de profissão não possuem e, por isso mesmo, se limitam a publicar meias verdades ou verdades convenientes, para não desagradarem aos que detêm o Poder e poderem conquistar a sua simpatia.
Infelizmente, marionetes e peões, existem em todas as áreas e profissões.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

UM PORTUGUÊS MAIS 5 ANOS NA PRESIDÊNCIA DA CEE


Os Chefes de Estado e de Governo oficializaram o apoio à recondução por mais cinco anos de Durão Barroso como Presidente da Comissão Europeia e a sua eleição deverá ocorrer em Setembro.

Esta notícia devia ser de regozijo para todos os portugueses, visto tratar-se do cargo mais importante da CEE mas pelas críticas que tenho observado, pelos vistos não é assim.

Toda a esquerda tem manifestado desagrado pela recondução de Durão Barroso e são os próprios deputados europeus que representam essas forças, BE, PCP e PS que dão voz a esse desagrado, fazendo afirmações que descredibilizam os próprios e nunca o Presidente da CEE em exercício.

Ver Miguel Portas, Ilda Figueiredo e Ana Gomes, entre outros, a depreciar constantemente o trabalho realizado por Durão Barroso na condução dos destinos da CEE, mostra o quanto essas pessoas são mesquinhas, fundamentalistas militantes e apátridas, não tendo qualquer pingo de pudor ao pretenderem apoucar e tirar mérito a um Homem que todos os Chefes de Estado e de Governo dos 27 Países que fazem parte da CE, foram unânimes em elogiar o bom trabalho que desenvolveu neste mandato, em condições de elevada dificuldade, devido a uma conjuntura de grave crise económica Mundial.

Há uma coisa que estas criaturas nunca conseguirão, por muito que roam as unhas de inveja e esgravatem a cara com as unhas, de desgosto: ser Presidente da CEE e mesmo o lugar de deputados que ocupam, já é prémio demasiado para quem não tem perfil nem talento para o desempenhar.

Para além destes deputados europeus, outras personalidades da vida pública portuguesa manifestaram publicamente o seu descontentamento e desacordo relativamente a uma reeleição de José Manuel Durão Barroso. De momento, estou a lembrar-me de José Saramago, Fernando Nobre, Presidente da AMI (este homem também se mete nestes jogos de maledicência?), Mário Soares, Vital Moreira, Manuel Alegre, Jerónimo de Sousa, Francisco Louçã, Paulo Pedroso e muitos outros que não merece a pena citar.

Os 27 Chefes de Estado e de Governo estrangeiros, já deram uma resposta esclarecedora a estes cidadãos de nacionalidade portuguesa, quem diria, quanto à competência de Durão Barroso e à vontade que demonstraram na sua continuidade, estando-se nas tintas para as suas opiniões.

O regime democrático permite que os cidadãos exprimam livremente as suas opiniões e cabe a cada um decidir aquilo que devem e que não devem dizer. Uns são ponderados e responsáveis e não dizem dos outros aquilo que não gostavam de ouvir de si próprios. Outros aproveitam a liberdade para descarregar ódios, vinganças e toda a espécie de frustrações e, nesse aspecto, qualquer pessoa bem sucedida, pode ser uma das suas próximas vítimas.
Com a idade e com os anos que algumas daquelas pessoas já levam de maledicência, é caso para dizer que já têm idade mais que suficiente para ter juizo.

terça-feira, 7 de julho de 2009

BEM PREGA FREI TOMÁS...

A ética e a moral têm andado arredadas das práticas socialistas, não olhando a meios para alcançar determinados objectivos.
Arrogantes e prepotentes, serviram-se dos mais absurdos e condenáveis estratagemas para combater a oposição e rejeitar muitas das suas propostas que se fossem aproveitadas, teriam contribuído para solucionar alguns graves problemas do País.
De repente, talvez por estarmos a menos de três meses das Legislativas, o Primeiro-Ministro tenta alterar a sua imagem, despindo a sua roupagem de animal feroz, devorador das oposições, imitando agora um simpático e inofensivo bichinho de estimação que sorri, fala moderadamente, pede desculpa e até já admite que fez algumas coisas menos boas.
Claro que com as Legislativas e as Autárquicas tão próximas, dava jeito ao Senhor Sócrates transmitir aos potenciais eleitores, uma imagem de um Chefe do Governo competente, sério, possuidor de padrões éticos e morais irrepreensíveis mas isso não passa de um embuste e os eleitores não o levam a sério.
Quem passou quatro anos a violar constantemente as mais elementares regras de boa educação e a mentir sistematicamente aos portugueses, não pode de um momento para o outro, encarnar o papel de um político exemplar porque então será pior a emenda que o soneto e provocará a descredibilização total.
Vem tudo isto a propósito, por causa da cúpula do PS querer imitar o PSD e ter proibido recentemente duplas candidaturas às Câmaras e ao Parlamento Europeu, com o propósito claro de transmitir à opinião pública uma certa moralidade que na verdade não existe dentro do aparelho do Partido.
Depois, aprovar uma medida destas em cima das eleições, é jogo sujo porque os candidatos quando aceitaram concorrer às Câmaras e às Juntas de Freguesia, na qualidade de deputados, tinham a noção de que podiam optar por continuar na Assembleia da República caso não fossem eleitos.
Esta medida é tanto mais extemporânea e injusta se nos lembrarmos que para as Europeias, a mesma nem sequer estava em vigor e tanto Ana Gomes como Elisa Ferreira, candidatas às Câmaras de Sintra e do Porto, puderam ser eleitas nas listas para o Parlamento Europeu.
O desnorte do PS é tão grande que num curto espaço de tempo usou critérios diferentes para situações iguais, não tendo qualquer pudor em favorecer uns candidatos e prejudicar outros.
Carregadas de razão, pelo menos duas das visadas, vieram a público tecer fortes críticas às orientações da cúpula socialista.
Neste processo, Ana Gomes e Elisa Ferreira, tal como sugeriu Manuel Alegre, deviam tomar uma decisão e renunciar imediatamente a um dos lugares. Se pretendem continuar no Parlamento Europeu, devem desistir da candidatura à presidência da Câmara e se pretendem levar a candidatura à Câmara até ao fim, devem desistir do Parlamento Europeu. Tão simples como isso.
No caso de Ana Gomes que é tão pronta e decidida a criticar e a condenar actos e atitudes dos seus adversários, muitas vezes de forma demagógica e gratuita, tem agora uma óptima oportunidade para demonstrar que não tem nada a ver com o ditado popular "bem prega Frei Tomás, faz o que ele diz, não faças o que ele faz", ou seja, em vez de discursos e lições de moral, dar exemplos práticos do que apregoa em teoria, renunciando a um dos cargos a que se candidatou.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

O SENTIDO DA SEMANA



Opinião - Nuno Rogeiro

Jornal de Notícias - 2009.07.03

Como com Durão Barroso, tenho de dizer algo aos costumes, a bem da clareza. A verdade é que conheço Pedro Santana Lopes desde 1975. É uma vida. Estivemos juntos na fundação e direcção do MID (*), passámos muitas horas de muitos dias em concordâncias e discordâncias, solidariedades e desaguisados acesos: é sempre assim, quando se pensa pela própria cabeça.

Santana foi depois muito cobiçado pela JS, mas acabou por se decidir pela JSD e pelo PPD. Tinha já em si o fascínio por Sá Carneiro, e pelo seu projecto. Esteve nos trabalhos da primeira revisão constitucional, passou pelo Parlamento, por várias áreas e ofícios da "sociedade civil".

Foi "Nova Esperança" do PSD, entrou a bordo do cavaquismo original (que ajudou a arquitectar), seguiu depois um caminho autónomo, público e notório, muito criticado e muito idolatrado. Este levou-o do Poder Local, a seguir a uma épica eleição lisboeta, à chefia do Governo.

A história foi sempre mal entendida. Ao contrário do "pacto secreto" entre Tony Blair e Gordon Brown, pelo qual aquele alegadamente prometera passar o poder ao segundo (ansioso pelo cargo), ao fim de um tempo razoável, sem eleições, o compromisso entre Durão e Santana derivou de uma emergência, e não da vontade deste.

Em boa verdade, não era segredo que muitos, no PSD, olhavam como objectivo estratégico real uma campanha presidencial de Santana, para suceder a Jorge Sampaio. Mas a decisão abrupta de Durão atirou-o para "primeiro-ministro à força". Mais ninguém, na coligação PSD-PP, estava disponível.

O Santana que agora se apresenta às eleições de Lisboa é este.

Mas também aquele que tomou decisões profundas e controversas na capital. Mas também aquele que prometeu transformar a cidade numa urbe internacional de referência. Mas também aquele que eliminou excessos, e obrigou muitas pessoas a trabalhar, até altas horas.

Mas também aquele que transformou Lisboa no centro da vida política nacional.

Quando anunciou a sua recandidatura, muitos meses atrás, expliquei que achava uma má ideia.
Não penso que Santana ganhasse em banhar-se nas mesmas águas, ou em regressar ao local do início. Via-o mais como um político nacional "em reserva", o presidente de uma fundação social, um profissional para outros voos.

Mas uma decisão política, por péssima que seja, pode ser sempre melhor do que a alternativa. Nesse sentido, Churchill explicava que a "democracia é o pior regime, à excepção de todos os outros".

Ora a verdade é que, em alternativa a Santana, em Lisboa, só se vê o caos.

Caos de projectos, caos de ausência de projectos, caos de interferência governamental, caos de sujidade, de pobreza, de degradação, de inferno dos que sempre viveram aqui, e cá querem morrer. Este caos pode até forçar António Costa a não se recandidatar: as suas palavras sobre os inauditos silêncios do Executivo, face aos poderes da cidade, seriam razão suficiente para que pensasse noutros projectos políticos, porventura mais entusiasmantes e menos frustrantes.

Santana é assim, mais do que um candidato consentido, um candidato com sentido.

É, claro, o pior candidato, à excepção de todos os outros.

(*) MOVIMENTO INDEPENDENTE DE DIREITO (E NÃO "DE DIREITA", COMO JÁ VI ERRONEAMENTE ESCRITO), FORMADO NA FACULDADE DE DIREITO DE LISBOA, COM GENTE DE IDEIAS E ORIGENS MUITO DIFERENTES. NA PRIMEIRA DIRECÇÃO, SE A MEMÓRIA NÃO ME FALHA, ESTAVAM AINDA O JOÃO GONÇALVES FERREIRA, O SAUDOSO JOSÉ MANUEL SEQUEIRA, O FERNANDO LARCHER NUNES E O MIGUEL COELHO.
*
NOTA: - Nuno Rogeiro, para além de excelente jornalista, filósofo, perito em geopolítica e professor, entre outras coisas, é acima de tudo um cidadão exemplar por quem tenho grande respeito e admiração. Embora no passado me tenha questionado porque é que nunca ocupou um lugar de destaque na governação deste País, hoje compreendo muito bem esse seu distanciamento. Sigo de perto a sua brilhante carreira e, de facto, é com grande prazer e satisfação que o vejo fazer memoráveis entrevistas às mais proeminentes personalidades mundiais, comentar política internacional, conflitos, etc. É delicioso ouvi-lo comentar qualquer tema. Nuno Rogeiro, para além do seu imenso saber, tem também o dom da simpatia, da bondade e da franqueza. Este artigo de opinião no Jornal de Notícias "O Sentido da Semana" é a prova desses importantes predicados. Numa altura em que é moda os opinion makers da nossa praça malharem sem dó nem piedade no candidato do PSD à Câmara de Lisboa, Nuno Rogeiro não resiste a ser urbano e isento, demarcando-se da mediocridade e escrevendo sobre Santana Lopes um artigo muito interessante e simpático.
Como respeito e admiro Nuno Rogeiro e Pedro Santana Lopes, a quem desejo as maiores felicidades, este artigo vem mesmo a calhar, é o que se costuma chamar de dois em um, sendo para mim um grande privilégio poder publicá-lo no meu Blogue.