De Angola e Moçambique e de todas as ex-Colónias portuguesas, com excepção de Cabo Verde, chegam notícias que dão conta da miséria e extrema pobreza em que vive a grande maioria da população. As mesmas notícias também nos dão conta, especialmente em Angola, da imundície que reina em todas as cidades, com destaque para Luanda, onde o lixo se acumula por toda a cidade.
Este é um tema que me toca profundamente. Aquilo que está a acontecer em todas as ex-Colónias portuguesas, com excepção de Cabo Verde, é fruto da leviandade dos militares que engendraram o golpe militar de 25 de Abril de 1974. O que então foi feito por esses irresponsáveis revolucionários, não tem qualificação possível. Foi um acto criminoso de alta traição à Pátria e aos portugueses que viviam nas ex-Colónias, mas foi também (e hoje podemos afirmar isso com toda a convicção), uma traição aos povos desses novos países, que vivem actualmente, na sua grande maioria, na mais extrema miséria.
Se os retornados sofreram na pele gravíssimas consequências devido a tão hediondo acto criminoso, creio que o sofrimento dos naturais, após a independência, é muitas vezes superior. Tenho família e amigos nesses países que me relatam as trágicas misérias por que passam aqueles povos e como é difícil a vida e ter acesso aos bens mais essenciais. não há habitação condigna, saneamento básico (os esgotos correm pelas artérias, a céu aberto), não há emprego, não há cuidados de saúde e a muita gente não lhe resta outra alternativa que não seja recorrer aos aterros sanitários para recolher alimentos e todo o tipo de materiais que depois possam vender para realizarem algum dinheiro.
Nada disto teria acontecido se a descolonização tivesse sido feita por etapas, com responsabilidade, sob a tutela de Portugal, com as Forças Armadas motivadas e preparadas para fazer cumprir os acordos e respeitar a lei e a ordem, salvaguardando os interesses dos angolanos e dos portugueses.
Infelizmente, o 25.04.74 não pariu homens patriotas com H grande, capazes de honrar o nome de Portugal e mesmo aqueles, poucos, que discordaram de tão trágica descolonização, são também cúmplices, porque se acovardaram e nada fizeram para a evitar.
Esses heróis do 25 de Abril que todos os anos são lembrados e homenageados, não passam de uns miseráveis antipatriotas traidores que num ápice reduziram o Império Português a cinzas e com a sua traição condenaram as populações daqueles novos países a uma vida desumana miserável.
Enquanto viver, jamais esquecerei os dramas por que passei e a imensidão de outros a que assisti, de portugueses espoliados, perseguidos, presos sem culpa formada, torturados e alguns fuzilados e despejados em valas comuns.
Perante tão gigantesca traição, a maioria desses pseudo-heróis de 24.04.74, não são mais do que antipatriotas traidores que devem pagar, nesta ou noutras vidas, a monstruosidade dos seus crimes.