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MÁRIO ALBERTO NOBRE LOPES SOARES (MÁRIO SOARES), deu entrada no Hospital da Cruz Vermelha no dia 13 de Dezembro em situação muito crítica, tendo passado a maior parte dos dias de internamento nos cuidados intensivos. Apesar de todos os esforços e cuidados médicos, na tarde de 7 de Janeiro, pelas 15,30 horas, o seu coração deixou de bater e foi declarado o seu óbito.
MÁRIO SOARES nasceu a 7 de Dezembro de 1924, em Lisboa, acabando por falecer também em Lisboa, no dia 7 de Janeiro de 2017, aos 92 anos de idade, completados no dia em que faleceu, depois de um percurso político absolutamente intenso e brilhante, antes e depois da ditadura. A história se encarregará de atestar o seu passado antifascista e reconhecer o "peso" da sua participação na governação do Portugal democrático.
Ao longo das últimas quatro décadas foi rei e senhor em Portugal, tendo desempenhado os mais altos cargos do Estado: para além de fundador do Partido Socialista e seu Secretário Geral, Mário Soares foi, na era democrática, Deputado, Ministro, Primeiro-Ministro, Conselheiro de Estado, Deputado Europeu e Presidente da República. Esteve envolvido em muitas polémicas e nem sempre as suas decisões foram as mais acertadas.
Por tudo isso e não obstante a sua proeminência e relevância política, devido a tais decisões, Mário Soares fabricou imensos inimigos ao longo da sua extensa carreira política. Porém, como que por magia ou ataque de amnésia, após a morte, todas as pessoas lhe cantaram hosanas e lhe atribuíram as maiores referências elogiosas, distinguindo-o como o "maior" entre os maiores. Enfim..., amigos e inimigos foram unânimes nos elogios ao morto, concedendo-lhe atributos e predicados que nunca lhe reconheceram em vida.
Eu não vou alinhar no beija-mão nem no politicamente correcto. Embora reconheça algum mérito ao homem político, não posso deixar de discordar e censurar muitas das decisões que tomou enquanto governante, em nome do Estado Português, porque lesaram os interesses do Estado e dos portugueses e causaram tragédia e desgraça a cerca de 3 milhões de pessoas.
Abomino a política e os políticos. Tenho pensamento próprio e sou totalmente independente. Sempre ganhei a vida com honestidade e muito trabalho. Nunca me deixei "comprar" nem nunca me "vendi". Não devo favores a ninguém. A minha opinião resulta de uma análise serena e objectiva, fundada em factos concretos vivenciados ao longo de quatro décadas.
Sobre o político e governante Mário Soares, lamento que não tenha utilizado o poder que exerceu durante tantos anos, bem como toda a sua sagacidade, fluência e facilidade em gerar consensos e entendimentos para realizar uma descolonização que prestigiasse Portugal e servisse os interesses das populações das ex-Colónias. Se o tivesse feito não teria pactuado com a traição aos acordos do Alvor; não teria ajudado uma das partes (o MPLA); não teria permitido que os militares portugueses estacionados em Angola e Moçambique para proteger a população portuguesa, fossem desarmados e obrigados a entregar as armas aos movimentos guerrilheiros da sua simpatia (o MPLA e a FRELIMO), tendo-se assistido posteriormente a uma brutal caça ao homem. Milhares e milhares de pessoas foram presas, torturadas e fuziladas, sem culpa formada, nada mais restando a quem quis salvar a pele, senão esconder-se e fugir como e quando pôde, a pé, de carro, de barco ou de avião, para os mais diversos pontos do mundo, longe daquele horror de ódio e perseguição, para iniciar uma nova vida a partir do nada.
A actuação negativa de Mário Soares e seus pares no processo de descolonização provocou milhares de mortos e arruinou a vida de mais de 2 milhões de pessoas que perderam todos os seus bens e muitas, até os seus entes mais queridos. Os chamados "retornados" jamais lhe perdoarão, nesta e na outra vida, tão desumana leviandade no trágico processo da descolonização e nunca irão esquecer algumas frases depreciativas e pejorativas que lhes dirigiu, tratando-os como portugueses de segunda ou terceira categoria.
Mas a leviana descolonização de Mário Soares e seus pares ainda gerou outras terríveis consequências para a população de Angola e Moçambique que sofreram os horrores da guerra civil durante 27 anos, no caso de Angola, com mais de 500 mil mortos, 4 milhões de deslocados e dezenas de milhar de amputados. Moçambique viveu 15 anos de guerra civil e foram contabilizados mais de um milhão de mortos, 5 milhões de deslocados e também dezenas de milhar de amputados.
Em 2009 li o livro de Rui Mateus "CONTOS PROIBIDOS" MEMÓRIAS DE UM PS DESCONHECIDO que revela as "façanhas" de Mário Soares e seus acólitos entre as décadas de 70 e 90. Depois de ler o livro, fiquei ainda mais desapontado com Mário Soares e, por esse motivo e pelas razões expostas neste post, detestava Mário Soares, o qual em vida devia ter demonstrado maior empenho e patriotismo na defesa dos interesses de Portugal e dos portugueses e maior distanciamento dos seus próprios interesses e das clientelas políticas. A arrogância que sempre evidenciou, roubou-lhe o discernimento, a sensibilidade e o bom senso que seriam necessários para praticar acções mais altruístas e humanitárias.
Lembro-me também como foi dolorosa a adesão e entrada na CEE. 1 € custou a cada português 200 escudos mais 48,2 centavos. Antes da entrada no euro tomava um café por 30/35 escudos e tomava uma refeição por 400/450 escudos e passado uma semana comecei a pagar 70/80 escudos por um café e 950/1.000 escudos pela refeição. A moeda portuguesa rivalizava com a espanhola, era uma moeda forte, bem protegida, com cerca de 1.000 toneladas de ouro na casa forte do Banco de Portugal e uma Banca sólida mas, infelizmente, com a entrada na CEE ficou a valer muito menos, aquém do seu real valor e tudo se desmoronou: o ouro foi delapidado e os bancos faliram. Os portugueses foram muito penalizados e os seus interesses pessimamente defendidos pelos arautos da integração, comandados por Mário Soares.
E se olharmos para os contributos sociais de Mário Soares no período democrático, verificamos que há reformas de miséria, o mais baixo salário mínimo dos países da CEE, 1 milhão de portugueses sem emprego e centenas de milhar de famílias a viver no limiar da pobreza, sendo o acesso ao emprego, habitação, saúde, educação e justiça, cada vez mais difícil para a maioria dos portugueses.
Tenho esperança que surjam portugueses cultos, honestos e patriotas, capazes de fazer bem melhor no desempenho de altos cargos do Estado.