terça-feira, 19 de maio de 2009

FRONTALIDADE

Ao longo da minha carreira de funcionário público (1969/2006), devido à minha forma responsável e honesta de encarar a vida e à enorme frontalidade com que sempre enfrentei os superiores hierárquicos, dizendo-lhes o que tinha a dizer, sem rodeios nem subserviências, fui vítima de imensas injustiças, às quais reagi sempre com redobrado vigor e indignação, utilizando quase sempre uma linguagem bastante agressiva.
Já muito próximo de me reformar, por causa de mais uma injustiça, enviei à DSGRH, c/ conhecimento ao Senhor Director-Geral dos Impostos, a seguinte exposição que não resisto a publicá-la no meu blogue, tal como hei-de fazer relativamente a outros documentos do mesmo género, definidores do carácter do seu autor.
À
DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DE GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS
RUA DOS FANQUEIROS Nº 15-2º - 1149-017 LISBOA

C/Conhecimento ao Senhor Director-Geral dos Impostos
ASSUNTO: - MOVIMENTO DE TRANSFERÊNCIAS – EXPOSIÇÃO/RECLAMAÇÃO

Desempenho funções no Serviço de Finanças de Lisboa 4 há mais de 7 anos e sempre acreditei que poderia ali terminar a minha carreira na função pública, se não tivessem sido alteradas as regras quanto à idade da reforma.
Nos últimos 3 anos, já na ausência do anterior Chefe, Dr. António Cândido Torres da Costa que se reformou, a Repartição andou à deriva e ocorreram situações anormais de chefia que mexeram com a minha dignidade e a de outros funcionários.
Em 3 de Janeiro de 2005, solicitei a minha transferência para o 8º Serviço de Finanças, por troca com outro colega e não foi autorizada. O Senhor Chefe do 8º SF, aceitava a minha transferência mas não autorizava a saída de ninguem . Tudo isto resultou do braço-de-ferro entre a Senhora Adjunta do 4º SF e o Chefe do 8º SF, por razões que eu conheço muito bem.
Empenhado em mudar de local de trabalho, recorri ao movimento de transferências de Maio de 2005, solicitando uma vez mais, colocação no 8º SF. A resposta chegou-me no dia 29 de Junho, através do ofício nº 3962 da DSGRH, assinado pelo Senhor Director de Serviços, Dr. Laudelino Pinheiro e do qual tomei conhecimento, assinando o respectivo protocolo. E a resposta sentenciava: “a categoria detida não está prevista nos quadros nos Serviços de Finanças”. Assim mesmo, tal e qual, esgotando de vez a minha paciência.
Mesmo assim, marquei uma audiência com o Senhor Director Distrital, Dr. Marcelino que no dia 1 de Julho, pelas 18 horas, me recebeu, no seu gabinete, com toda a cordialidade mas também não resolveu o meu problema, desculpando-se com a falta de recursos humanos nos Serviços de Finanças nomeadamente, no 4º SF. Prometeu não se esquecer do pedido, logo que houvesse condições.
Ora, estando eu numa situação ilegal, uma vez que a minha categoria não está prevista nos quadros dos Serviços de Finanças, dou aqui por terminado o objectivo de me transferir para outro SF, pretendendo, tão somente, a partir de agora, ser colocado num local de trabalho adequado à minha categoria (Secretário Coordenador de Crédito Público), do Quadro de Pessoal da ex-Direcção-Geral da Junta do Crédito Público (DGJCP), Instituição com mais de duzentos anos de existência, responsável pela administração da dívida interna e externa do País e que foi extinta em 31.12.1997.
Ao longo de mais de 7 anos, contribuí com o meu trabalho, para que a Secção do Património do SF de Lisboa 4, cumprisse com elevada eficiência, a sempre difícil missão de servir os contribuintes. Durante este período, pude constatar também, a forma discriminatória como fui tratado, por não ser um funcionário da carreira técnica da DGCI. Os exemplos são muitos:
1 - Foi-me sempre atribuído o trabalho menos relevante da Secção.
2 - Fui quase sempre preterido na frequência de cursos de formação. Só era convidado quando a matéria nada tinha a ver com o trabalho executado na Secção do Património e mais ninguém queria ir.
3 - Deparei sempre com alguma resistência (para não lhe chamar má vontade), por parte daqueles que tinham receio que eu lhes pudesse ocupar o lugar.

Por outro lado, há que referir também, a tremenda incomodidade causada por uma situação anómala e injusta, resultante do facto de não se ter processado, em tempo útil, a integração plena na DGCI, dos funcionários da ex-DGJCP, em categorias equivalentes àquelas que possuíam, cumprindo-se o que lhes foi prometido, vezes sem conta. Por causa desta situação, posso somar ainda mais algumas penalizações:
4 - Não posso candidatar-me aos concursos da DGCI em igualdade de circunstâncias com os demais colegas, sendo-me vedada a progressão na carreira.
5 - Não posso desempenhar, tão pouco, as funções de Adjunto.
6 - Embora tendo categoria superior aos TATA e TAT, o meu vencimento é inferior, porque a progressão na carreira técnica da DGJCP, é muito mais penalizante. Na DGCI, de 3 em 3 anos, progride-se 30/40 pontos na escala indiciária, contra 10 pontos na carreira da DGJCP. Nestes últimos sete anos, progredi 20 pontos, enquanto os meus colegas avançaram 60/80 pontos. A diferença é brutal.
Em suma, tenho a noção de que não passo de uma unidade estranha aos Serviços, olhado com desconfiança, alvo de rótulos e vítima da má vontade dos colegas que se digladiam para colher a atenção do Chefe e a primazia na Secção. Não tenho voz activa ou influência em nada, mesmo sendo o funcionário mais antigo e com mais categoria na Secção.
Face ao exposto nesta minha exposição/reclamação, reafirmo o desejo de ser colocado, o mais breve possível, num local de trabalho onde possa exercer funções compatíveis com a minha categoria, afastando totalmente a hipótese de colocação em qualquer Serviço de Finanças ou Tesouraria.
Chegados a esta situação e porque a minha categoria não se enquadra na tecnicidade das tarefas executadas nos SF, devo ser colocado na Direcção dos Serviços de Finanças.
Aproveito também o ensejo para recordar que aquando da apresentação na DGCI e nas reuniões preliminares de integração em que participei, os Senhores Dr. Laudelino Pinheiro e Dr. Hélder Fernandes, informaram e reafirmaram, vezes sem conta, que no espaço de um ano, todos os funcionários da DGJCP, seriam plenamente integrados no Quadro de pessoal da DGCI, em categorias equivalentes.
Passados mais de 7 anos, continuo na mesma situação, altamente penalizante para os meus anseios e ambições, minando também, de forma irreversível, toda a minha estrutura moral e psíquica.
Não fora a minha férrea força de vontade e uma enorme capacidade de superação e, nestes sete anos teria, por certo, causado danos irreparáveis na minha saúde mental. Provavelmente, neste momento, estaria já incapacitado para desempenhar com brio e dignidade a minha actividade profissional e quiçá, também, impedido de fazer uma vida normal, ao nível da família e da sociedade.
Como é possível discriminar, de forma tão penalizante, mais de uma centena de funcionários, dentro de uma mesma Direcção-Geral? Para categoria igual e trabalho igual, salário igual. No meu caso, posso dizer que para trabalho igual e categoria superior, salário inferior.
E o que é que fizeram os Dirigentes da DGCI, inclusive os que citei, bem como os Ministros dos sucessivos Governos, ao longo destes 7 anos, para resolver o problema? Nada. Todas as iniciativas levadas a cabo em nome destes funcionários, foram simplesmente ignoradas.
Porque são sempre aqueles que menos culpas têm a pagar o grosso da factura? Será que os funcionários da ex-DGJCP tiveram alguma interferência na sua extinção? Claro que não tiveram. Então porque foram transformados em vítimas, não lhes sendo concedida, até hoje, uma integração plena e justa, no Quadro de Pessoal da DGCI, partilhando com os demais colegas, em igualdade de circunstâncias, direitos e deveres?
É justo que nos exijam que cumpramos escrupulosamente os nossos deveres mas por favor, não nos privem dos nossos direitos.
Este calvário insuportável, jamais teria acontecido, se tivessem sido honrados os compromissos assumidos com os funcionários da ex-Direcção-Geral da Junta do Crédito Público.
Por outro lado, devido à minha longa experiência ao serviço do Estado, e para minha grande desilusão, partilho inteiramente da ideia generalizada na sociedade portuguesa e tantas vezes veiculada pelos órgãos de comunicação social de que “todo o funcionário público que não adopte uma postura subserviente, deparará sempre com grandes dificuldades e dificilmente atingirá o topo”.
Mas eu diria mais: em qualquer Organismo Público, vive-se e trabalha-se num sub-mundo, em que o irreal é, de facto, o ambiente dominante, com muita inveja, cinismo e hipocrisia à mistura. Nada do que parece é. Premeiam-se os incompetentes, em detrimento dos capazes; funciona, como nunca, a cunha e o círculo dos amigos; não há justiça na grande parte dos actos que se praticam e ninguém consegue travar e moralizar este regabofe quotidiano que mina e conspurca o ambiente de trabalho, em qualquer sector dos Serviços.
Quem resiste e se esforça por preservar uma imagem íntegra e profissional e se insurge contra determinadas imoralidades, é vítima da intriga e da vingança e arrisca-se a que lhe transformem a vida num inferno. Não é importante cumprir o dever, muito mais importante do que isso, é fazer a vontade a quem manda e pactuar com a sua forma de agir e de pensar.
Tentar denunciar situações anormais, é tempo perdido, porque os visados, quase sempre com a retaguarda bem protegida, revertem as situações num instante a seu favor deixando, quase sempre em maus lençóis, aqueles que tiveram a ousadia de pensar que poderiam contribuir para alterar práticas e comportamentos, incompatíveis com o bom funcionamento de qualquer local de trabalho.
Pela minha parte, estou no final da carreira e já pouco mais me poderão prejudicar, não tendo, por isso, qualquer receio de dizer a verdade. Mas chego ao final dessa carreira, com a convicção de que fui sempre frontal, íntegro, leal e profissional e, por via disso, tremendamente penalizado. Mas se hoje fosse possível voltar atrás, procederia exactamente da mesma forma.
Quem corajosamente, como eu, tentou ao longo da sua vida, contribuir para um mundo melhor, sabe quão difícil é interpretar este papel. Na pele de tal personagem, assisti, vezes sem conta, à descredibilização da verdade e ao triunfo da mentira.
É o preço a pagar, por todos aqueles que não desistem de levar por diante os seus nobres ideais, nunca perdendo a esperança num amanhã melhor.
Falar e escrever desta forma não é o habitual. Por razões que a razão desconhece, a grande maioria das pessoas não exterioriza o seu descontentamento e cala o que lhe vai na alma.
No meu caso, muito mais importante do que pensar no que me vai acontecer, é actuar em consonância com a vontade que provém da minha consciência, assente em elevados padrões éticos e morais, pois só assim poderei dormir em paz.
É minha obrigação não fechar os olhos perante situações de flagrante injustiça e denunciá-las. Depois, a responsabilidade de uma solução justa ou injusta, é de quem toma conta da ocorrência e sentencia o veredicto.
Termino, disponibilizando-me para prestar todos os esclarecimentos necessários e provar inequivocamente que o que fica escrito é, apenas e só, a verdade.
Com os melhores cumprimentos.

SERVIÇO DE FINANÇAS DE LISBOA 4, 10 DE JULHO DE 2005.

O Secretário Coordenador de Crédito Público,

(MANUEL DO CARMO MEIRELLES)

A "ILHOTA" DA VERGONHA



Se não tivéssemos assistido durante mais de dois anos a esta tragédia, dificilmente acreditaríamos que seria verdade.

Um cidadão de nacionalidade são- tomense, que aparentemente sofre de perturbações mentais, apoderou-se de uma minúscula barraca sem o mínimo de condições de habitabilidade, com 4/5 metros quadrados de superfície, situada junto ao antigo Forte da Ameixoeira, nas imediações da Feira das Galinheiras e em frente às novas instalações da Sede do SIS (Serviço de Informações e de Segurança), inauguradas há pouco mais de um ano.

O local tem sido objecto de obras de grande vulto e neste momento estão em construção acessos importantes ao Eixo Norte Sul, à Av. Santos e Castro e ao Eixo Central.

Aquele impecilho já causou grandes transtornos e elevados prejuízos aos empreiteiros que em vez de limparem o terreno a eito, tiveram que escavar e terraplanar contornando aquela "ilhota" e, depois, proporcionar acesso ao utilizador da mesma.

Como até hoje nenhuma organização humanitária de carácter social nem tão pouco o Estado foram capazes de resolver tão confrangedora situação, os empreiteiros têm preservado aquela pequena elevação de terreno, no cimo do qual se encontra a dita barraca, sem um mínimo de condições, basta dizer que não tem luz eléctrica nem saneamento básico e mal cabe lá dentro um colchão de solteiro.

Posso testemunhar que o homem faz as necessidades no exterior, pela encosta abaixo, de rabo voltado para o local onde habito. Também é no exterior que faz a higiene do corpo, em cuecas, utilizando um alguidar com água.

Apercebo-me também que algumas mulheres que o visitam, ali tratam igualmente da higiene, no exterior da barraca, lavando-se por cima e por baixo, à vista de toda a gente. É um espectáculo degradante e deprimente para o qual chamo à atenção e à responsabilidade as Entidades competentes.

Estas situações não deviam ser possíveis no nosso País. Há organizações para tomar conta destes casos que até recebem bons subsídios do Estado. Mas onde estão elas quando são necessárias?
É inequívoco que este cidadão necessita de ajuda e que a sua teimosia em abandonar aquele local se deve única e exclusivamente à sua demência e ao constante estado de embriaguez em que vive.
As autoridades têm que tomar conta da ocorrência e conduzir este cidadão, mesmo que seja à força, a uma instituição de carácter social onde possa ser tratado.

sábado, 16 de maio de 2009

UMA ELOQUENTE LIÇÃO DE GESTÃO

Brilhante!
Ouvi extasiado a entrevista conduzida por Judite de Sousa ao Presidente Executivo da Portugal Telecom, Engº Zeinal Bava, um jovem gestor de 43 anos, possuidor de invejável currículo que conta com três eleições para melhor director financeiro da Europa.
A sua lucidez e clareza de ideias, aliadas às respostas prontas e objectivas às questões que lhe foram colocadas pela entrevistadora, revelaram um profundo conhecimento dos dossiers da sua Empresa mas também uma eloquente desenvoltura na forma como respondeu aos outros temas.
Para além disso, a convicção com que anunciou novos projectos para a PT e a forma como nos fez acreditar no sucesso das suas medidas em tempo de crise, mostraram também uma grande capacidade de mobilização e, nesse sentido, transmitiu audácia e confiança aos mais cépticos e indecisos nesta difícil conjuntura económica.
Zeinal Bava ainda aconselhou de forma veemente e firme os empresários portugueses a não terem medo de investir porque é nos momentos de crise que se podem fazer óptimos negocios.
Estamos habituados a ouvir diariamente os nossos políticos que falam muito e não dizem nada.
Vivem da intriga e da baixa política, em detrimento dos grandes temas nacionais e da defesa intransigente dos interesses de Portugal e dos portugueses.
Muitos nem sequer sabem falar e numa pequena frase, dão normalmente dois ou três erros.
Os governantes deste País têm muito que aprender com Zeinal Bava em capacidade de trabalho e organização e sobretudo na forma de comunicar com os cidadãos, a quem mentem constantemente e a quem só sabem exigir sacrifícios para compensar a sua incapacidade de gerir o País.
Costuma dizer-se que ninguém é completamente agnóstico nem apolítico mas neste caso, gostaria que este reputado gestor mantivesse uma certa equidistância dos partidos políticos e da política, dada a falta de credibilidade que todos lhes reconhecemos na actualidade.
Zeinal Baba, é um óptimo testemunho do que temos afirmado inúmeras vezes: em Portugal há muitos e bons gestores mas os melhores raramente têm oportunidade de alcançar cargos governativos, porque esses estão destinados aos dirigentes dos partidos que ganham as eleições, independentemente da sua formação académica, capacidade e competência para ocupar cargos de tanta responsabilidade.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Será Salazar o culpado de tudo quanto ainda hoje acontece?

O regime implantado em 25 de Abril de 1974, criou monstros tão ou mais horrorosos do que aqueles que existiam no tempo da ditadura.
Não lhes vamos chamar fascistas porque esses acabaram todos, por obra e graça do Espírito Santo, na madrugada de 24 para 25 de Abril de 1974, passando a ser anti-fascistas e revolucionários e todos com pelo menos uma história de tortura, perpetrada pelos energúmenos da PIDE/DGS.
Se atentarmos nas promessas que essa classe revolucionária fez ao povo, depressa se concluirá que uma grande parte não foi cumprida e que quem mais beneficiou com a revolução de Abril, foram a maioria dos privilegiados do anterior regime.
Este ano, nas comemorações do 25 de Abril, falou-se das centenas de milhar de desempregados, na falência de Empresas, na dificuldade em suportar as prestações da compra de habitação, no aumento exponencial da pobreza, na falta de segurança, do aumento assustador dos crimes violentos, dos graves problemas na Justiça, incapaz de fazer justiça, no enriquecimento ilícito de quem detem o poder, na corrupção, na promiscuidade reinante entre o Estado e as grandes Empresas e, de uma maneira geral, no turbilhão de problemas que afectam a sociedade portuguesa.
Quer tudo isto dizer que os objectivos do 25 de Abril: um regime livre e democrático, sem exploração do homem pelo homem, igualdade de tratamento e distribuição equitativa da riqueza, gritados com grande euforia ao povo, não passam de uma miragem e milhões de portugueses sofrem diariamente na pele essas consequências.
Então os responsáveis que ao longo de 35 anos, desbarataram recursos gigantescos do País e outros que chegaram da CEE que davam para modernizar e fazer prosperar dois Países da dimensão de Portugal e que devido à sua incompetência e irresponsabilidade nos puseram nesta difícil situação, o que é que são? O que é que lhes devemos chamar?
Só incompetentes e irresponsáveis, é muito pouco, atendendo ao que se vê e se houve, todos os dias, acerca da honestidade de governantes, autarcas, banqueiros, empresários, administradores, responsáveis pela Justiça, etc.
Por incrível que pareça, são estas pessoas que assim procedem, que passados mais de 40 anos, sobre a morte de Salazar, o continuam a culpar por todas as desgraças que hoje acontecem e a apelidá-lo de ditador, fascista, déspota e tirano e que ainda recentemente, por causa de um Largo que os seus conterrâneos quiseram inaugurar no dia 25 de Abril, para o homenagear, ouvi e li as mais inconcebíveis, bárbaras e ofensivas declarações.
Depois do 25 de Abril já vi traidores e criminosos serem indultados e condecorados e corruptos e ladrões delapidarem o erário público sem que nada lhes acontecesse.
Então porque se continua a perseguir e a ofender quem em vida deu exemplos de humildade, nobreza, honradez, desprendimento, patriotismo, dedicação e devoção à Pátria e que fez tudo com a firme convicção de que estava a fazer o melhor para Portugal?
Salazar serviu o Estado, não se serviu do Estado. Durante 40 anos dedicou-se lealmente, de alma e coração à governação do País, para o qual granjeou respeito, prestígio e uma situação económica invejável; ainda hoje, as importantes reservas de ouro que Salazar nos legou, mesmo depois de terem sido substancialmente delapidadas, após o 25 de Abril, dão suporte e garantia ao papel-moeda em circulação e servem de caução para outros compromissos financeiros do Governo Português no estrangeiro.
Não acumulou riqueza, morreu mais pobre do que quando, pela primeira vez, em 1928, tomou posse da pasta das finanças. Não teve tempo para namorar e, por isso, morreu solteiro, sem deixar descendência, aos 81 anos de idade, tendo vivido os dois últimos anos, mentalmente diminuído, por ter caído de uma cadeira.
Este Homem inteligente, simples e discreto que escolheu viver uma vida extremamente modesta, não se coibia de usar meias-solas nos sapatos, fatos coçados e lustrados, camisas muito usadas e completava a indumentária com o célebre chapéu de três bicos, também ele com muitos anos de uso.
Se os revolucionários de Abril tivessem seguido o exemplo de António de Oliveira Salazar, pelo menos no que diz respeito a seriedade e honradez e tivessem poupado e aproveitado tão bem como ele os recursos económicos, Portugal teria sido no pós-25 de Abril um colosso de riqueza e prosperidade e não teria havido necessidade de desbaratar dezenas de toneladas de barras de ouro, enfraquecendo o valor da moeda portuguesa que até ali dava cartas, fatalidade que obrigou depois, aquando da entrada na CEE, os portugueses a comprar um euro por 200 escudos mais 48,2 centavos, ficando logo à partida muito mais pobres do que eram e, desde então para cá, toda a gente conhece a história: dos milhões de milhões que entraram em Portugal, só alguns tiraram verdadeiro proveito.
Mas voltando a Salazar, é bom lembrar que não governou sozinho; colaboraram com ele, ao longo de quatro décadas, as mais proeminentes figuras do seu tempo e que se saiba, não havia desalinhados, todos aprovavam por unanimidade os seus programas de governo e todas as medidas que anunciava.
Se o regime de Salazar se aguentou durante quatro décadas, foi porque o povo, as forças políticas e militares o permitiram, caso contrário, teria sido deposto muito mais cedo, como ficou demonstrado no golpe militar do 25 de Abril, em que os governantes se renderam incondicionalmente às forças revolucionárias, sem oferecer qualquer tipo de resistência e sem ter sido disparado um único tiro, tendo servido as armas para enfiar no seu cano, o caule dos cravos vermelhos.
Até na rendição foram dignos. Não exigiram nada em troca e aceitaram o exílio a que foram sujeitos, evitando com tão nobre gesto o derramamento de sangue e demonstrando, afinal que estavam muito mais interessados na defesa da integridade e bem-estar do povo do que na conservação do Poder.
Por razões que a razão desconhece, os revolucionários de Abril, não pretendiam negociar e obter do sucessor de Salazar, o Prof. Marcelo Caetano, mesmo que numa posição de força, mudanças significativas na governação do País mas tão-somente conquistar o poder a todo o custo e a qualquer preço.
Para as suas desmedidas ambições, os governantes do anterior regime, tiveram a resposta adequada: se é o poder que pretendem, quem somos nós para o impedir? Entrem, façam favor, sirvam-se à-vontade, a casa é toda vossa, nós estamos de saída.
O que depois aconteceu, também não é segredo e já todos os portugueses sabem mas uma coisa é certa, se no anterior regime se cometeram erros, desmandos e muitas injustiças, tenhamos a honestidade de reconhecer que no pós-25 de Abril, os governantes que chegaram ao Poder, agora com muitas mais responsabilidades perante o povo, devido às imensas promessas que lhe fizeram, também não lhes ficaram atrás e devido aos muitíssimos erros cometidos e também, porque não dizê-lo, à sua enormíssima incompetência, Portugal continua um País sucessivamente adiado, provavelmente à espera que num dia de cerrado nevoeiro, saia finalmente do seu interior, envolto num manto branco, o tão "Desejado" Salvador, D. Sebastião.
Até lá e enquanto isso não acontece, não deixem de sonhar com essa possibilidade, os ciclos não são eternos...






Sampaio continua a combater Santana

O ex-Secretário Geral do PS e ex-Presidente da República, Jorge Sampaio foi, é e será, um fervoroso adepto do clube da rosa; e de forma tão vincada que nem mesmo no desempenho da mais alta magistratura da Nação, foi capaz de despir a camisola.
Recentemente, uniu-se ao nobel da literatura José Saramago, no apelo em forma de petição para que PS e PCP concorressem coligados nas próximas eleições à câmara de Lisboa, isto porque os dois concluíram que só uma coligação deste tipo poderá ter força para fazer face à ameaça da coligação liderada por Pedro Santana Lopes.
Isto prova que Santana Lopes vai ter de continuar a contar com o ex-Presidente da República como adversário, mas desta vez inofensivo, já sem qualquer perigo porque já não detém o poder que lhe permitiu, de forma arbitrária, pôr termo ao XVI Governo Constitucional, do qual foi Primeiro Ministro.
Jorge Sampaio já não tem qualquer poder, nem mesmo para influenciar a formação de uma coligação de esquerda como muito desejaria. Porém, ao empenhar-se assim, de forma tão visível, na luta contra a candidatura de Santana Lopes, o ex-Presidente demonstra mais uma vez que a dissolução da Assembleia da República só aconteceu porque não gostava dele e porque outros interesses estavam em causa.
Uma coisa é certa, ao dar a cara de forma tão frontal, o ex-Presidente da República pode estar a contribuir para uma vitória muito mais saborosa de Santana Lopes que não deixará de associar a sua intervenção fracassada à derrota dos adversários.
Por outro lado, é também curiosíssima a posição do ex-Chefe de Estado ao declarar que "o Bloco Central pode ser uma realidade necessária após as eleições", numa altura em que ainda nem sequer a data das mesmas foi marcada.
A esta distância, já não acredita numa vitória? Ou pelo contrário, está a querer dar a entender que defende a estabilidade quando na verdade, fez precisamente o contrário, ao demitir um Governo com apoio parlamentar maioritário e com todas as condições para fazer um trabalho bem melhor do que o actual?
Jorge Sampaio ao pretender, a todo o custo, provocar eleições antecipadas, numa conjuntura em que sabia perfeitamente que o PS iria sair beneficiado, à falta de razões políticas válidas e objectivas para tomar tal atitude, imitou a fábula do lobo e do cordeiro: acusou sem haver factos incriminatórios; ou melhor, falou numas pretensas trapalhadas que até hoje ninguém compreendeu, a não ser alguns correligionários do Partido beneficiado.
Tal como o cordeiro, também Santana Lopes estava antecipadamente condenado, não por lhe ter turvado a água, porque nunca beberam no mesmo regato, mas por fazer muita sombra às ambições do seu Partido.
Ao constatar a enorme crise económica que se vive em Portugal, é legítima a interrogação: a crise não terá tido origem nessa despropositada e desnecessária actuação do ex-Presidente da República?
E quanto a trapalhadas, este Primeiro-Ministro não bateu já todos os recordes? Para ser demitido, bastava que Cavaco Silva actuasse com o mesmo rigor e isenção que Sampaio utilizou para demitir Santana Lopes.
De facto, a política é mesmo porca e, neste caso, cheira mesmo muito mal.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

A IMPRENSA E A ARTE DE MANIPULAR

A arte de manipular está cada vez mais difícil em Portugal. À medida que os cidadãos adquirem uma maior maturidade e um maior conhecimento, os manipuladores que são agentes encobertos ao serviço de certos grupos, ficam sem grande margem para poderem adiantar resultados falseados porque depois, falhada a tentativa de influenciar os cidadãos, os mesmos não acontecem e depois é uma grande bronca.
Mesmo assim não desistem, como o prova a sondagem do mês de Janeiro do Jornal Correio da Manhã que dava 38,2% a Costa e apenas metade, 19,8% a Santana.
Se isto não é manipulação, então o que é?
E depois ainda querem que tenhamos confiança nas Instituições?
Como?
Há exemplos todos os dias que nos tiram a confiança, o último veio da Banca.
Lembram-se da última sondagem das autárquicas de 2001 que dava a vitória ao candidato socialista com cerca de 15% de diferença?
Pois para vergonha dos responsáveis de tal manipulação digo, sondagem, o candidato do PPD/PSD, Santana Lopes, conquistou a Câmara de Lisboa, o mesmo a quem agora pretendem, de novo, depreciar e repetir a mesma pouca vergonha.
Como pode uma sondagem, já no final de uma campanha, errar de forma tão clamorosa?
O pior é que esses maus profissionais continuam a brincar às sondagens e a garantir tachos que não merecem.
É o triste fado deste País que tem o mau hábito de premiar quem merece ser castigado.
Quanto à imprensa, pelos vistos persiste nos mesmos erros, ao veicular sondagens de opinião pouco credível, o que é lamentável. No actual regime, livre e democrático (será?), não é compreensível o seu papel de falta de isenção.
Só os eleitores têm o poder de fazer ganhar ou perder os candidatos, através do seu voto e à imprensa cabe o sublime papel de lhes fornecer, com isenção, toda a informação disponível sobre os mesmos, para os ajudar a tomar a melhor decisão.
Uma Imprensa sem manipulação!
Que bonito seria se assim fosse!