quinta-feira, 5 de março de 2009

NINO COLHEU O QUE SEMEOU

Aparentemente, tudo indica que o assassinato do Presidente da República da Guiné-Bissau, João Bernardino Vieira (Nino Vieira), se deveu a um acto de vingança, levado a cabo por tropas fiéis ao Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Batista Tagmé Na Waie.
Nino Vieira, diz quem o conheceu, foi um destemido guerrilheiro durante a luta de libertação e por ter demonstrado qualidades de líder, rapidamente subiu na cadeia de comando.
Depois da independência da Guiné-Bissau, assumiu diversos cargos importantes e em 1980 chegou ao Poder através de um golpe militar que derrubou o Governo de Luis Cabral.
É acusado de ter perseguido, morto e torturado, alguns adversários políticos e militares de etnias diferentes e, acima de tudo é acusado de ter feito grande fortuna enquanto o País continua sem estruturas e o povo continua a morrer de fome.
Nesse aspecto, Nino Vieira traiu por completo os seus ideais de guerrilheiro que consistiam na conquista da independência e na promoção do desenvolvimento do País, a todos os níveis e do bem-estar do povo, com acesso à democracia, à educação, ao emprego e à justiça.
Nino Vieira já havia sido deposto em 1999 pelas forças afectas ao líder rebelde Ansumane Mané, tendo escapado ileso, a caminho do exílio.
Em 2005, Nino Vieira volta à Guiné para concorrer às eleições para a Presidência da República que vence numa segunda volta, em confronto com o candidato oficial do PAIGC, Malam Bacai Sanhá. Logo que tomou posse, anunciou a dissolução do Governo chefiado por Carlos Gomes Júnior, seu rival e nomeou Aristides Gomes, seu aliado político.
Tanto a sua eleição como Presidente da República que causou grande polémica, como depois a dissolução do Governo, criaram um forte ambiente de mal-estar ao nível político e militar e a tragédia que aconteceu no dia 1 e 2 de Março, há muito que se adivinhava. O próprio Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas já tinha sentenciado aos seus militares para matarem Nino Vieira, caso ele fosse assassinado.
Assim aconteceu, Nino Vieira foi barbaramente assassinado, cumprindo-se o desejo do Chefe do Estado-Maior e, segundo relatos ainda não totalmente confirmados, de forma lenta e bárbara, cortado aos bocados com golpes de catana.
De facto, todos aqueles que não respeitam os outros, estão sempre sujeitos a ser tratados da mesma maneira. Quem semeia ventos colhe tempestades. A violência gera sempre mais violência.
Tudo estaria bem se os homens tivessem constantemente presente nas suas mentes, o seguinte ditado: "não faças aos outros o que não gostas que te façam a ti"

Sem comentários: