Terminou a fase de grupos do Campeonato Europeu de Futebol Feminino e Portugal ficou em último lugar no Grupo B, cotando-se como a equipa mais fraca.
A velhice chega devagar, mas determinada. Não bate à porta com estrondo, instala-se em silêncio — nos gestos que se tornam mais lentos, na memória que hesita, no corpo que já não responde como antes.
É natural que, com o avançar da idade, o ser humano se veja a si próprio a perder capacidades. O que antes era simples — levantar-se, caminhar, calçar-se — passa a exigir esforço, e muitas vezes ajuda. A autonomia, que durante anos foi um dado adquirido, começa a falhar. Para alguns, é a visão que embacia o mundo, o ouvido que já não capta a voz dos netos, os joelhos que protestam a cada degrau.
Mais do que as limitações físicas, é o confronto com a própria vulnerabilidade que marca esta etapa. O envelhecimento traz consigo uma consciência aguda do tempo que passou — e do que já não volta. A memória, fiel companheira durante décadas, prega partidas. A sabedoria acumulada ao longo da vida nem sempre encontra caminho claro para se manifestar.
Com a idade, surgem também as doenças que exigem rotinas rigorosas de medicamentos, restrições alimentares, exames, idas frequentes ao médico. E em alguns casos, instala-se a dependência total: torna-se necessário o apoio constante de familiares ou cuidadores. Não é fácil para quem sempre viveu de forma independente.
Mas não se trata de dramatizar, nem de pintar a velhice com tons escuros. Trata-se de reconhecer uma realidade que muitos enfrentam — e que a sociedade tantas vezes ignora ou romantiza. A velhice não é apenas uma fase de colheita; pode também ser uma travessia exigente, que testa a paciência, a dignidade e a coragem do ser humano.
É nesta fase, mais do que em qualquer outra, que o olhar do outro faz toda a diferença. Um gesto simples, uma palavra com tempo dentro, um silêncio respeitoso, podem devolver a alguém a sensação de existir, de ainda ser visto e escutado. A velhice não deve ser um território do abandono, mas um espaço de cuidado e de presença.
Envelhecer é inevitável. Mas ser tratado com humanidade — isso é uma escolha coletiva.
Falar disso com clareza é uma forma de honrar quem envelhece. É dar voz ao que muitos sentem, mas poucos dizem. E talvez, ao compreendermos melhor esse caminho, saibamos cuidar melhor dos nossos — e, um dia, de nós próprios.