terça-feira, 23 de outubro de 2018

O GOLPE

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Imagem retirada do Google

Há uma escassez tão grande de pessoas honestas, responsáveis, competentes, isentas e independentes a dirigir os Órgãos de Soberania do Estado que quando aparece alguma a desempenhar essas funções, os portugueses gostariam que ela se mantivesse eternamente no cargo. Aliás, costuma dizer-se, nesses casos, que em equipa de sucesso não se mexe.
 
Porém, uma coisa são os sentimentos dos portugueses e outra, completamente antagónica, é a dos governantes, os quais agem em função dos seus próprios interesses, deixando para segundo plano os interesses do Estado.
 
Durante décadas, a justiça portuguesa foi achincalhada e objecto de um tratamento escandaloso por parte daqueles que tinham a responsabilidade de fazer justiça, consentindo e sendo até cumplices relativamente à impunidade que beneficiou recaiu um sem número de poderosos (políticos, governantes, empresários, gestores, etc.) que cometeram gigantescos crimes de corrupção e outros, e que foram os grandes responsáveis pela imensa crise económica que levou o País à bancarrota e ao empobrecimento dos portugueses.
 
Pois bem, no momento em que a justiça era dirigida, bem dirigida, por uma magistrada de elevado grau de competência, independência e isenção, a qual fez nos últimos 6 anos pela justiça, muito mais do que os seus antecessores fizeram durante quase quatro décadas, quando todos os portugueses pensavam que a magistrada iria continuar a dirigir os destinos da Procuradoria Geral da República, o Governo decidiu não prolongar o vínculo da Magistrada e, estranhamente, o Senhor Presidente da República concordou com a sua péssima decisão.
 
Do Governo, sinceramente, não esperava outra coisa mas do Senhor Presidente da República, nem em sonhos imaginava que ele abrisse mão de uma tão importante PGR que durante o seu mandato conseguiu regenerar e credibilizar a justiça e, no fundo, fazer acreditar os portugueses que perante a justiça todos são iguais.
 
Se o "golpe" tem como objectivo impedir que determinados processos mediáticos cheguem a julgamento, dando sequência à política de impunidade que era praticada antes de se iniciar o mandato de Joana Marques Vidal, então o Senhor Presidente da República teve uma actuação reprovável, inaceitável, porque ele tinha o dever de optar pela melhor solução para a justiça e a melhor solução seria, sem dúvida, a continuação da Procuradora.

Por este andar, este Governo, com a complacência do Senhor Presidente da República, também fará a vida negra ao Juiz Carlos Alexandre e a todos aqueles que como ele, levam a justiça muito a sério, não olhando ao estatuto social, político ou económico das pessoas a julgar mas tão somente aos crimes que constam do processo.

Se essa é a intenção do Governo, então o povo deve estar muito atento, levantar a sua voz e não permitir que mais nenhum corrupto, só porque pertence ao Partido A ou ao Partido B, seja abrangido pela vergonhosa "lei da impunidade".

A recém nomeada Procuradora Geral da República estará em maus lençóis caso não desempenhe as suas nobres funções com todo o rigor e transparência. Aguardemos. 
 
 

1 comentário:

Oswaldo Jorge do Carmo disse...

Exmo Senhor
Autor desta Publicação
Lisboa

Exmo Senhor
Autor,

Assim é, efectivamente.

Do Governo, já se esperava mas, do Exmo Senhor Afectos, nunca ninguém esperava uma coisa destas!

O que ele não quer, é confusão.

Ele está convencido que, assim, se resolvem os Problemas do País.

Dizer, sempre, que tudo está bem e que quer estabilidade Política, não casa com os interesses do País e com Reformas de fundo, que é preciso fazer.

Aliás, de uma maneira ou de outra, eu continuo a não ver nada na Área da Justiça.

O que eu vejo é uma Justiça só para Ricos e os Processos a demorarem uma eternidade e sem terem nada de justos, sobretudo, para as Classes mais necessitadas.

De facto, em tudo o que pretendiam, com o que aconteceu nos últimos dias, foram atingidos os objectivos de uns e caíram por terra os dos outros.

É evidente que, em nenhum aspecto daqueles que os Cidadão mais precisam, continuamos a competir com o resto da Europa.
Laranjeiro, 24-10-2018