Homem, meu filho inquieto,
a quem dei o azul dos céus,
o verde das florestas,
o frescor das águas,
o calor do sol e o aconchego da terra.
Tudo te entreguei com amor,
para que vivesses em plenitude,
em harmonia comigo,
e com respeito por tudo o que respira.
Mas deixaste-te cegar pelo brilho da ambição,
esqueceste que não és dono,
apenas hóspede desta casa comum.
Cortaste-me as veias que são os rios,
poluiste os Lagos e os Oceanos,
feriste-me a pele que são as matas,
envenenaste o ar que a ti mesmo dá vida.
E ainda assim, com infinita paciência,
tenho-te avisado com trovoadas e secas,
com ventos furiosos e mares revoltos,
na esperança de que despertes.
Mas, homem, não te iludas:
se não arrepiares caminho,
chegará o tempo em que direi basta.
E quando esse basta ecoar,
será como silêncio após a última nota,
e a tua própria existência poderá extinguir-se.
Ainda há tempo, meu filho.
Estende-me a tua mão em cuidado,
e eu voltarei a ser generosa contigo.
Protege-me e eu serei abrigo.
Ama-me e eu serei eternidade.
Lembra-te:
quando feres a Mãe,
feres a ti mesmo.
Quando cuidas de mim,
é a vida que salvas em ti.
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