Em memória de DIOGO JOTA
e de seu irmão ANDRÉ SILVA
Partiste na curva
onde o destino,
cruel e cego, te calou a voz.
Ficou o
silêncio... e o hino
que agora vive dentro de nós.
Regressavas,
como quem sonha,
ao campo, à entrega, à paixão.
Discreto,
de alma risonha,
levavas o mundo no coração.
Foste
grande sem o querer,
herói sem glória fabricada.
Sabias
dar, sabias ser —
tua humildade era a tua espada.
O
mundo chorou-te em uníssono,
das bancadas ao mais simples
lar.
Não eras só craque, eras símbolo
de como é nobre
saber doar.
A
tua mão estendida ao outro,
os gestos sem câmara nem
vaidade,
valem mais do que qualquer troféu,
falam mais
alto que a fama ou idade.
Mas
hoje, o que mais nos dói,
é ver o vazio em tantos
olhares.
Perder dois filhos... que açoite feroz
para pais
rendidos a altares.
Para
a esposa, para os amigos,
ficam memórias, risos
suspensos,
abraços que já não se deram,
e os ecos de
dias imensos.
Mas
não partiste só — levaste contigo
o irmão, companheiro e
farol.
Dois astros, lado a lado no céu,
a brilhar no mesmo
sol.
E
nós cá ficamos, em pranto sereno,
gratos por tudo o que
semeaste:
tua entrega, tua bondade,
e a luz que jamais se
apagará.