sábado, 15 de novembro de 2025

CRIMINALIDADE EM PORTUGAL - REALIDADE OU PERCEPÇÃO DE INSEGURANÇA?

Fala-se com insistência em percepção de insegurança, no sentido em que a insegurança que é factual e real, não passa de uma sensação subjectiva que não tem correspondência com os dados estatísticos da criminalidade. Ou seja, todos aqueles que falam em percepção de insegurança com esta interpretação, acham que não há insegurança em Portugal e que a criminalidade não aumentou.

Porém, uma boa parte da população portuguesa não tem dúvidas de que há efectivamente um problema de insegurança e que a mesma se vem agravando ano após ano, com a prática de crimes cada vez mais graves. 

Portugal tornou-se num pequeno paraíso para os criminosos na área da imigração, da droga, do contrabando generalizado, do roubo, do vandalismo e dos negócios ilícitos e fraudulentos. Os números das estatísticas oficiais relativos à criminalidade são apenas uma parte dos crimes que são cometidos no País, porque uma grande parte das pessoas que vêem os seus carros, as suas residências, as suas propriedades agrícolas e os seus espaços comerciais assaltados e vandalizados, em muitíssimos casos evitam participar as ocorrências às autoridades porque sabem que se o fizerem vão entrar num processo longo e penoso que lhes vai tomar o seu tempo, sem qualquer garantia de que vão recuperar o que lhes foi roubado.

Quem fala em percepção de insegurança no sentido em que ela não corresponde à realidade que se vive em Portugal, são essencialmente pessoas alinhadas com a ideologia e o pensamento da esquerda e da extrema esquerda, que é completamente contrário ao entendimento das forças do centro e da direita, as quais há muito vêm alertando para o crescendo da criminalidade violenta e advogam que sejam tomadas medidas que possam atalhar e fazer diminuir drasticamente toda a criminalidade violenta mas também toda a restante criminalidade.

Como cidadão comum, que observa o que se passa em Portugal, direi que a criminalidade é muito mais do que percepções irrealistas e  infundadas, pelo que o Governo deve tomar medidas nesta matéria para evitar que a situação se agrave cada vez mais, aumentando o medo e a insegurança das pessoas, ao ponto de evitarem sair à rua à noite.

Há muita mais criminalidade do que aquela que as estatísticas oficiais informam, pelos motivos que atrás mencionei. Portugal tem uma péssima história no que toca à prevenção. Quase sempre actua depois das tragédias acontecerem. O crime organizado é uma realidade. Direi mesmo que Portugal ainda é um paraíso para os criminosos. É preciso fazer alguma coisa para que esses bandidos não se sintam bem neste País. É preciso combatê-los e perseguilos sem tréguas e fazer de Portugal um lugar efectivamente seguro.

quarta-feira, 12 de novembro de 2025

A ARBITRAGEM PORTUGUESA NÃO É CAPAZ DE ACERTAR O PASSO!!!


Face aos inúmeros erros de arbitragem que se têm verificado jornada após jornada na principal Liga do futebol português, alguns deles muito grosseiros, a contestação dos dirigentes desportivos tem subido de tom, com críticas contundentes às equipas de arbitragem.

De facto, os erros de arbitragem não são todos iguais. Se uma boa parte deles não põe em causa o resultado final dos jogos, outros há que têm influência e são responsáveis pela perda de pontos de uma das equipas em campo. Ora, quando estes erros grosseiros acontecem sucessivamente em prejuízo de uma mesma equipa e, por outro lado se verifica que outras equipas colhem benefícios por esses mesmos erros grosseiros, poderemos dizer que está a ser posta em causa a verdade desportiva.

Senão vejamos: no caso dos três grandes, Benfica, Porto e Sporting, quando vemos um deles a tirar proveito de um erro grosseiro do árbitro, transformando um empate em vitória e outro a ser vítima  de um mesmo erro grosseiro que transformou uma vitória em empate, não há como não haver contestação por parte dos dirigentes dos clubes prejudicados, visto que tais resultados contribuíram para uma tabela classificativa que não traduz a verdade desportiva.

À partida para esta jornada 11, o Porto comandava com 28 pontos, o Sporting era segundo com 25 e o Benfica era terceiro com 24. Se não fossem os erros grosseiros que aconteceram no Estádio de São Miguel e no Estádio da Luz, o Benfica teria passado para segundo, com 27 pontos e o Sporting cairia para o terceiro lugar, com 26 pontos. Assim, o Benfica que estava a 1 ponto do Sporting fica a 3 e aumente também a distância para o Porto que passou de 4 para 6 pontos. 

Mas os erros grosseiros de arbitragem, não contribuem só para roubar ou dar pontos às equipas em confronto; os erros de arbitragem servem para desestabilizar a equipa que é "roubada", jogadores e dirigentes, os quais são muitas vezes punidos com cartões amarelos e vermelhos e até com multas pecuniárias. Nestes casos, as equipas prejudicadas são penalisadas a dobrar e, de facto, em nossa opinião, sempre que as entidades que superintendem na área da arbitragem e do futebol chegam à conclusão que houve efectivamente erros grosseiros, todos os castigos com origem nesses erros de arbitragem grosseiros, com influência no resultado final dos jogos, deviam ser revertidos.

Uma nota final para dizer que é muito preocupante a actuação do VAR, ao não ser capaz de intervir e evitar que o árbitro do jogo sancione erros tão grosseiros.

sábado, 8 de novembro de 2025

SÓ É HUMILHADO QUEM SE DEIXA HUMILHAR!


Em democracia e em política, a diversidade de opiniões deve ser respeitada; quando não se concorda com a opinião dos outros, a mesma deve ser contraditada com elevação e respeito, sem nunca tentar diminuir, descredibilizar ou humilhar aqueles que não pensam e agem como nós.

Nesse aspecto, a nossa democracia é um péssimo mau exemplo porque são precisamente os que dizem defender a democracia que mais a atacam e ofendem porque não aceitam nem respeitam as opiniões contrárias às suas.

Tudo isto vem a propósito da forma como o partido Chega e o seu líder André Ventura são sistematicamente confrontados com tentativas de humilhação pela comunicação social, pela mão dos jornalistas e comentadores da nossa praça. E digo tentativas porque na realidade esse malévolo desiderato jamais foi alcançado, tendo até acontecido que aqueles que pretendiam humilhar foram, eles sim, arrasados e humilhados.

Temos assistido a entrevistas e comentários sobre André Ventura em que os jornalistas e comentadores se apresentam  de forma austera, pouco simpática e completamente determinados a humilhá-lo. Consegue ler-se no seu semblante a vontade, a voracidade de atingir o entrevistado com perguntas difíceis e incómodas, muitas vezes fora do contexto do tema da entrevista. Raramente permitem que o entrevistado termine a resposta e interrompem-no constantemente, cortando o seu raciocínio, com intenção de lhe causar algum mal estar e porventura tentar  desestabilizá-lo.

Ora, esta receita já provou que com André Ventura não funciona porque ele de facto não se deixa humilhar, precisamente porque a sua argumentação relativamente ao que afirma sobre os problemas do País é tão forte e tão verdadeira que deita por terra todas as tentativas de humilhação por parte de jornalistas e comentadores, acabando estes, muitas vezes, senão sempre, completamente vencidos e humilhados. 

André Ventura consegue desmontar os enredos armadilhados e as perguntas venenosas dos jornalistas, sempre com intenção de o humilhar, desestabilizar e tirar do sério. André Ventura sabe e tem noção de que os convites que lhe fazem para entrevistas nos diferentes canais de televisão, são uma armadilha e que todas as perguntas são antecipadamente preparadas, focando matérias em que o Chega tenha algum tipo de problemas, mesmo coisinhas de "lana caprina" que nem sequer mereciam ser notícia. Porém, André Ventura, corajoso e convicto de que nenhum jornalista, frente a frente, em confronto directo o consegue descredibilizar ou vencer pela palavra, vai à luta e aproveita as entrevistas para os desmentir as provocações que lhe são dirigidas e dizer aquilo que ele quer dizer e não aquilo que eles querem que ele diga.

André Ventura diz que tem uma missão para Portugal e que vai cumpri-la. André Ventura já demonstrou que é um homem de fé e de fortes convicções, um guerreiro corajoso que pôs a nu todos os podres do País, sem papas na língua e chamando os bois pelos seus próprios nomes. Ele está a fazer na política aquilo que ninguém teve coragem de fazer em 50 anos de democracia fingida, onde a corrupção o nepotismo, o compadrio e o amiguismo andaram de mãos dadas, extorquindo ao erário público uma significativa percentagem do Orçamento do Estado para benefício próprio e com isso impedir o País de se desenvolver e criar riqueza, condenando os pobres a serem cada vez mais pobres e, ao mesmo tempo, empurrando Portugal para a cauda da Europa.

André Ventura abraçou uma missão que já explicou inúmeras vezes e, pelos vistos, não há comunicação social, comentadores ou jornalistas que sejam capazes de impedir a sua caminhada triunfante rumo à sua concretização.

Que o que se passa nessas entrevistas é vergonhoso, é sim senhor! Porém, é bom que se diga que parte desse sucesso se deve precisamente à forma acintosa como os jornalistas conduzem as entrevistas a André Ventura.

segunda-feira, 27 de outubro de 2025

OS "TRAIDORES" DO CHEGA

Os "traidores" do Chega não são mais nem menos traidores do que os dos outros partidos. Porém, só os "traidores" do Chega são objecto de notícias negativas nos jornais, rádios e televisões. Até dá a impressão que a Comunicação Social não consegue sobreviver sem as notícias sobre o Chega.

Ao longo do tempo, todos os outros partidos políticos tiveram militantes e dirigentes "traidores" que mudaram de partido, alguns até destacados dirigentes fundadores. Quem não se lembra de Freitas do Amaral, Basílio Horta, Zita Seabra, Alberto Martins, Ana Gomes, António Barreto, António de Sousa Lara, António de Sousa Franco, António Rebelo de Sousa, António Vitorino, Augusto Mateus, Augusto Santos Silva, Carmelinda Pereira, Daniel Oliveira, David Justino, Durão Barroso, Eduardo Ferro Rodrigues, Fernando Seara, Francisco Louçã, Francisco Lucas Pires,, Gonçalo Ribeiro Teles, Guilherme d'Oliveira Martins, Helena Roseta, Henrique de Barros, Hermínio Martinho, João Cravinho, joão Semedo, Joaquim Magalhães Mota, Jorge Coelho, Jorge Sampaio, Jorge Miranda, José Augusto Gama, José Lamego, José Luis Judas, José Magalhães, José Manuel Coelho, José Pacheco Pereira, José Sócrates, José Vieira de Carvalho, José Vieire da Silva, Luis Fazenda, Manuel Monteiro, Maria José Nogueira Pinto, Mário Lino, Mário Soares, Mário Sottomayor Cardia, Mário Tomé, Medeiros Ferreira, Miguel Portas, Natália Correia, Paulo Portas, Pedro Batista, Pedro Quartin Graça, Pedro Santana Lopes, Pina Moura, Sanches Osório, Silva Marques, Vasco da Gama Fernandes, Vital Moreira.

Esta lista é uma pequena parte do número de políticos que trocaram de partido e aos quais muitos portugueses apelidam de "traidores", mas que não é essa a nossa opinião, na medida em que acreditamos que o homem pode evoluir na sua forma de pensar ao longo do tempo e negar ou deixar de aceitar aquilo em que antes acreditava. 

Sabemos que em muitos casos estas mudanças acontecem por mero oportunismo ou revanchismo mas, mesmo assim, dentro da liberdade de acção a que cada cidadão tem direito, não condenamos tais comportamentos.

Todavia, o que se passa relativamente ao partido Chega, é realmente um caso de análise e profundo estudo, visto que não se compreende qual o verdadeiro motivo de tanto escrutínio e perseguição, tudo servindo para gerar notícias negativas com o intuito de destratar e descredibilizar André Ventura e o seu Partido.

Não esquecer que o Chega, o mais jovem partido político de Portugal, se formou e cresceu à custa de militantes originários de outros partidos "traidores", precisamente porque chegaram à conclusão que esses partidos já não correspondiam aos seus interesses e à sua maneira de pensar.

Portanto, os "traidores" do Chega não são diferentes dos "traidores" dos outros partidos, mas têm um tratamento especial por parte da comunicação social, sempre com intenção de dizer mal.

Desde que o mundo humano existe, sempre houve "traidores" e não vai ser agora que eles vão acabar. Há dois milénios atrás, segundo rezam as escrituras, um Homem bom foi morto e pregado numa Cruz, traído por um dos seus discípulos de nome JUDAS, identificando-O aos seus carrascos com um beijo na face. Hoje, como ontem, os JUDAS continuam a trair em qualquer sector da nossa sociedade, e até no seio das próprias famílias. 

E não tenhamos ilusões: enquanto houver mais do que um ser humano à face da terra, haverá sempre "traidores", só que uns são diferentes dos outros, dependendo sempre, de quem se pretende atingir, no sentido de louvar ou denegrir. 

Neste caso, é o Chega que se pretende denegrir.


terça-feira, 21 de outubro de 2025

UM COMENTADOR URBANO, COMPETENTE E ISENTO

 

RUI CALAFATE, é um jornalista e comentador português dos mais isentos e acertivos nos comentários que faz. É, portanto, um comentador que expressa com total independência e libberdade de expressão aquilo que em seu entender é a forma mais justa e equilibrada de analizar actos e atitudes de outras personagens, ao contrário do que fazem a maioria dos jornalistas e comentadores da nossa praça.

O texto que a seguir publico, da sua autoria, é bem o exemplo desse comentador urbano e isento que se distingue dos seus pares por não alinhar na malhação e no bota abaixo de algumas figuras políticas, só porque não pertencem à sua linha ideológica.

Habituei-me a ouvi-lo com atenção e a respeitá-lo porque os seus comentários primam efectivamente pela isenção, mesmo quando está inserido num painel de comentadores em que todos são unânimes na descredibilização e no bota abaixo de certas figuras políticas.

Porque concordo com o texto a 100%, aqui o deixo para quem o quiser ler, não deixando de aproveitar o ensejo para endereçar os meus parabéns ao seu autor, sem dúvida um dos mais conceituados e brilhantes comentadores da actualidade.

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O que falta a Ventura.

Presidenciais são terreno para gladiadores e André Ventura veste a armadura de homem forte como tantos outros líderes da nova direita pelo mundo.
Desenganem-se os incautos muito ágeis a dardejar André Ventura na noite de domingo, num exercício doentio e pouco decente de vingança do politicamente correto, o líder do Chega está bem vivo e mais forte.
Foi apenas vítima do excesso de confiança de quem, em apenas seis anos, conseguiu levar um dito ‘partido de um homem só’ a segunda maior força política com 60 deputados. O seu desígnio de 30 câmaras a conquistar era muito optimista por dois motivos.
Em primeiro lugar, ainda não tem estrutura suficiente espalhada pelo território que lhe garantisse bons cabeças-de-lista, conhecidos e respeitados pelas comunidades, em 308 municípios. Depois, a Marca Chega não bastou para empurrar os seus deputados como ganhadores e futuros autarcas. André Ventura ainda teve a habiiidade de apelar ao voto útil da direita – nos concelhos em que o Chega podia bater PS e CDU – mas foi infrutífero o seu esforço.
Mas foi um mau resultado? Informo as hienas do politicamente correcto que não. Passou de zero câmaras e 18 vereadores em 2021 para 3 e 137 vereadores e ao todo obteve mais de 1900 mandatos na totalidade. Com isso ganha influência local, vai criar gabinetes, o que atrairá mais profissionais qualificados, e assim se cresce estruturalmente. Sem esquecer o futuro, pois o eleitorado jovem está profundamente fidelizado pelo líder e por Rita Matias nas redes sociais.
Um dia, quando aquela Anita do Bloco de Esquerda ganhou a câmara de Salvaterra de Magos (saindo depois por indecente e má figura), aqueles que agora tentaram apedrejar André Ventura quase que a ungiram a nova Santa da Ladeira, entretanto, nunca mais o BE venceu nada nas autárquicas. Portanto, desiludam-se o Chega está a iniciar o seu caminho e também aqui irá crescer.
É importante realçar que André Ventura tem qualidades excelentes para a política atual. É um orador temível e que sabe tocar as teclas fulcrais que o país real sente. Acompanha e domina por completo as novas técnicas de comunicação, onde no TikTok é mestre. Sem perder a essência: a televisão ainda é o suporte vital da política e aí é um bulldozer de audiências. O único líder partidário que arrasta espetadores e garante ‘shares’ providenciais a todas as antenas.
O que falta então a Ventura? Ser mais frio e cínico e menos emocional. Ser mais obstinado no rumo sem se deixar afetar pela espuma dos dias da arena mediática. Precisa de atrair melhores quadros académicos e da sociedade civil, semear e trazer para a decisão mais juventude e pensar estratégia a longo prazo. Por exemplo, escolher alguém que comece a preparar as coisas para ganhar 30 câmaras em 2029, uma espécie de secretário-geral que olhe para dentro enquanto ele marca o ritmo para fora.
É certo que o próprio sempre afirmou que as eleições mais difíceis para o partido são as autárquicas, contudo, cresceu. Não como ambicionava, mas passou a molhar o bico no poder autárquico. Agora vem uma eleição mais a seu gosto. Presidenciais são terreno para gladiadores e ele veste a armadura de homem forte como tantos outros líderes da nova direita pelo mundo. Tem todas as condições para garantir a passagem à segunda volta, sabendo de antemão que posteriormente não chegará a Belém. Mas se passar à segunda volta, nesse dia, o gozo total com o politicamente correto será dele.


segunda-feira, 20 de outubro de 2025

A BAIXA DE LISBOA TRANSFORMOU-SE NUM CENTRO DE CONSUMO E VENDA DE DROGA!


Ontem vi uma reportagem televisiva sobre consumo de droga na Baixa de Lisboa e fiquei incrédulo e horrorizado com aquele espectáculo tão chocante e deprimente. Imaginava que havia consumo de drogas na Baixa de Lisboa mas nunca com aquela horrorosa dimensão.

Consumo e tráfico em plena via pública, à vista de toda a gente. Os lojistas queixam-se de estarem a ser gravemente afectados com a situação, visto que as pessoas evitam frequentar aqueles locais, onde são constantemente assediados para comprar droga. Mas os lojistas queixam-se também de serem frequentemente ameaçados e assaltados, dizendo que a situação é insustentável e insuportável e que de uma vez por todas, alguém tem que actuar e fazer alguma coisa para evitar que muitos dos comèrcios sejam obrigados  a encerrar.

Mas os logistas queixam-se também do cheiro nauseabundo insuportável provocado pelos indivíduos drogados que ali fazem as necessidades. É de facto inimaginável a situação daqueles logistas que vêem as pessoas deitadas em frente ou ao lado das suas lojas a consumir droga, a dormir e a fazer as necessidades!

Mas afinal este espectáculo degradante da Baixa de Lisboa, é visível por toda a Cidade, nas ruas, praças, jardins e edifícios abandonados, não escapando a este flagelo, a Gare do Oriente, a Estação de Santa Apolónia, Cais do Sodré, Belém e muitos outros locais.

Muitas daquelas pessoas, mal vestidas e sujas, de olhar turvo e rosto esgaseado, inspiram receio e medo aos cidadãos comuns e, por isso mesmo, cada vez mais se afastam daqueles locais.

A continuarem as coisas desta forma, não temos dúvidas de que os turistas vão deixar de vir a Lisboa, os lojistas vão encerrar as suas lojas e os drogados, quando isso acontecer, vão assentar arraiais noutra qualquer zona de lisboa e provocar o mesmo resultado.

Por que esperam as autoridades para resolver tão grave problema? 

domingo, 19 de outubro de 2025

A ÚNICA HERANÇA DE MEU PAI


Há filhos que herdam fortunas dos seus pais. No meu caso, para além do apelido, de que gosto muito (MEIRELES), a única coisa que herdei do meu pai, foi uma tesoura de barbeiro. É verdade, uma tesoura de barbeiro, fabricada em Itália, com duas cabeças de bovino gravadas e cuja marca não consigo decifrar porque as letras, muito pequeninas, já estão um pouco sumidas. 

Esta tesoura só está na minha posse porque ficou em minha casa por esquecimento, numa das últimas visitas que me fez, um pouco antes de morrer.

Mas esta tesoura tem de facto uma grande história. Meu pai era, naquela época, um excelente barbeiro. Para além da barbearia instalada numa loja térrea da casa onde residia na aldeia de Misquel, também trabalhava na arte aos fins de semana, na freguesia de Parambos e ainda na Vila de Carrazeda de Ansiães, aos dias de feira, a 10, 20 e 30 de cada mês. 

Sendo pai de nove filhos, só o rendimento da agrigultura não era suficiente para garantir o pão de cada dia a uma família tão extensa, tanto mais que em alguns anos, ela ainda dava prejuízo, não dando sequer para pagar os adubos, as sementes e a mão-de-obra. Era através da profissão de Barbeiro e de empreitadas na área da captação de água através da abertura de poços e minas, que ia amealhando algum dinheiro para fazer face às despesas de primeira necessidade e pagar empréstimos que fazia em momentos de aperto.

Naquele tempo, o meu pai, a quem tratavam por alcunha por "Engenheiro", pelo sucesso que obtinha na descoberta e identificação exacta dos locais onde era possível encontrar água, através da abertura de poços ou minas. 

O meu pai era de facto, à época, muito avançado na profissão e a sua fama era tal que as Senhoras mais proeminentes da região, faziam questão de cortar o cabelo nos dias de feira, com marcação antecipada para o Sr. Manuel "Engenheiro". Ele era de facto muito bom na arte de cortar cabelos a pente e tesoura, fazendo corresponder o corte com a vontade expressa pelo cliente.

Para além de ser um excelente profissional, era também um homem vaidoso. As camisas e as calças tinham que estar sempre impecavelmente passadas e os únicos sapatos que possuía, para usar quando exercia a profissão, fazia questão de os conservar sempre bem limpos e engraxados. 

Também se preocupava com a apresentação das mãos sempre que exercia a profissão. Para eliminar as rugosidades próprias de quem trabalhava no campo, esfregava-as com uma mistura de serradura, areia fina e sabão e, já naquele tempo, aplicava verniz incolor nas unhas, utilizava brilhantina para pentear o cabelo e até aplicava creme amaciador nas mãos e face. Era de facto muito cuidadoso com a imagem e daí eu considerar que era um homem vaidoso.

De facto, infelizmente, esse seu lado vaidoso e convencido, encerrava também uma outra faceta de mulherengo que acabou por lhe roubar a felicidade junto da sua verdadeira família que era, sem dúvida, aquela que mais amava, acabando os seus dias muito perturbado e amargurado, junto de pessoas que apenas gostavam do seu dinheiro.

Mas volto ao tema da herança da tesoura, que por ser o único objecto que possuo de meu pai, como calculam, embora o seu valor real seja insignificante, para mim tem um valor estimativo muito grande porque sei que ele a usou ao longo de muitos anos, como peça fundamental da sua profissão e do seu ganha pão.