terça-feira, 15 de junho de 2010

UM PRESENTE ENVENENADO

Passos Coelho jogou o seu futuro político ao decidir estender a mão ao Primeiro-Ministro José Sócrates e jogou esse precioso trunfo com extraordinária mestria, mesmo não tendo colhido o apoio e a concordância de todo o Partido.

Para quem tem ambições políticas e aspira ser Primeiro Ministro, o que faria mais sentido, seria voltar as costas ao seu adversário político e deixá-lo cair, emaranhado nas teias que ele próprio teceu com mentiras, arrogância, incompetência e episódios de puros actos de vingança.

Passos Coelho estendeu a mão a Sócrates porque sabia que estava a estender a mão a um "moribundo". No fundo, no fundo, aos olhos da opinião pública, o gesto é bonito e conquistou a sua simpatia mas a intenção de Paços Coelho foi deixar o ainda Primeiro Ministro cozer em lume brando, até ao momento que achar mais adequado para ocupar o seu lugar.

O líder laranja, contra algumas vozes do seu Partido, seguiu a sua própria estratégia e apostou no desgaste do líder socialista, já que provocar a queda do Governo, seria prestar um enorme favor ao Primeiro-Ministro que assim sairia de cena, num dos momentos económicos mais graves dos últimos 100 anos, ainda antes de o País conhecer a verdadeira dimensão dos problemas que ele próprio arranjou.

Passos Coelho já está a colher dividendos da sua estratégia porque finalmente o Governo e o Primeiro Ministro estão a ser constantemente desmentidos de todos os embustes produzidos ao longo desta e da anterior legislatura e agora todos os portugueses sabem a real situação económica do País e o preço que cada um vai pagar para evitar a banca-rota.

Se Passos Coelho tivesse provocado a queda do Governo, teria de ser ele a tomar todas as medidas impopulares do PEC e a ser responsabilizado por elas, mesmo não as tendo provocado porque os portugueses, normalmente, têm memória curta.

A Sócrates saiu-lhe o tiro pela culatra porque não obstante ter tentado, através de diversas manobras de diversão, provocar eleições antecipadas, nem o líder do PSD nem os líderes dos outros partidos foram no seu engôdo e lhe deram essa satisfação.

Passos Coelho tem agora todas as condições para vencer as próximas eleições legislativas com maioria e não será muito difícil governar melhor que o seu antecessor, desde que adopte uma postura de humildade, seja honesto e não minta aos portugueses.

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