domingo, 31 de julho de 2011

ACTUALMENTE, COMO HÁ CINQUENTA ANOS!!!




Saí da aldeia onde nasci aos 11 anos de idade, à procura de uma vida melhor, já que naquele lugar recôndito de Portugal, o futuro se apresentava muito negro. Até então, tinha passado muitas carências, os meus pais não me deram tempo para ser criança e o trabalho que executava diariamente, era demasiado desproporcional para a minha tenra idade.

Um dia, ao fim da tarde, em pleno mês de Agosto, cansado de trabalhar e mal alimentado, não aguentei as ameaças de meu pai que caminhava apressadamente na minha direcção para me bater e fugi à sua frente, com todas as minhas forças, para não ser alcançado.

Ao fim de quinhentos metros ele desistiu de me perseguir e eu fiz ainda um percurso de 9 quilómetros, a pé, até ao local onde acabei por pernoitar. A história tem um enredo muito maior mas este pedacito dá para entender que naquela aldeia de Misquel, situada no Concelho de Carrazeda de Ansiães, a vida era muito difícil e a maioria das famílias vivia com grandes dificuldades, trabalhando na agricultura, diariamente, de sol a sol.

Na terra havia um ricalhaço, para quem alguns homens válidos da aldeia iam ganhar a geira. Ele escolhia os melhores, os mais fortes e quando apanhava algum a fazer "ronha", mandava-o imediatamente para casa e não lhe pagava. Era um explorador, um verdadeiro déspota, com total desprezo pela dignidade daqueles trabalhadores.

Recentemente, chegaram a Portugal uns primos, vindos do Brasil, para passar umas curtas férias. Como são oriundos da referida aldeia, de onde partiram ainda pequeninos e queriam muito conhecê-la, bem como a casa onde nasceram, prontifiquei-me guiá-los até lá.

Como eram 12 ou 13 pessoas, viajámos em três automóveis e fomos parar mesmo defronte da casa desse ricalhaço, na via pública, onde vive actualmente o seu filho único, com mais de 70 anos de idade.

No momento em que eu me preparava para fazer inversão de marcha, na via pública e sair dali, eis que esse sujeito, do alto da sua varanda, se dirije a mim nestes termos:

- Tira essa coisa daí imediatamente que a minha senhora quer entrar na garagem (!!!)

Perante tamanho desaforo, veio-me imediatamente à memória, a arrogância e a prepotência do pai e não pude deixar de pensar: tal pai, tal filho. Em 50 anos nada mudou. Aquele sujeito revelou que lhe corre nas veias o sangue do progenitor e foi mal educado para com pessoas que se encontravam na via pública mas que pelos vistos, acha que também lhe pertence.

O caricato episódio não teve consequências porque as pessoas que foram importunadas são possuidoras de uma formação ética e moral que o sujeito não tem e abandonaram o local sem lhe dirigirem uma só palavra.

Regressar à terra natal, tantos anos depois, para ser recebido desta maneira deselegante pelo filho daquele que explorou e escravizou o meu pai e tantos outros homens e mulheres da sua geração, era coisa que não esperava, por pensar que após 50 anos, essas coisas já não tinham lugar.

Enganei-me redondamente!!!

quarta-feira, 27 de julho de 2011

QUE SINA TÃO CRUEL NASCER PORTUGUÊS!!!

Imagem retirada do Google


Hoje em dia, nascer português, significa não ter futuro e, consequentemente não ter possibilidade de realizar os mais modestos sonhos, como tirar um curso superior, comprar casa, arranjar um emprego compatível com as habilitações, casar e constituir família.


Actualmente, todo o indivíduo que nasce já vem carregado com uma dívida de 16.000 euros porque os governantes tiveram a ousadia e a pouca vergonha de hipotecar o futuro de todos esses jovens, à sua revelia, assumindo dívidas e desbaratando dinheiro em seu nome.


Esta e anteriores gerações de governantes, em vez de prepararem o País para propiciar um futuro risonho a todas as crianças que nascem, encarnaram o papel de verdadeiros necrófagos e deixaram o País somente com a carcaça.


Quem mandou esses "abutres" gastar o que não lhes pertencia? E que raio de leis existem no País que não são capazes de impedir tais desmandos? Há limites para tudo e não se compreende nem devia ser possível que um qualquer imbecil e incompetente governante pudesse duplicar a dívida pública portuguesa, a seu bel prazer, esbanjando milhões de euros e enchendo os bolsos daqueles que lhe são próximos, através de jogadas obscuras e negócios ilegais, em que a corrupção é o prato favorito.


As crianças deste País que não fizeram rigorosamente nada para o seu monstruoso endividamento, nascem com esse peso sobre o seu frágil corpo, o qual, em muitos casos as aniquila e lhes rouba o sonho de ser felizes.


Que sina tão cruel nascer Português!!! Sem presente e sem futuro!!! Completamente enfiado num beco sem saída, esperando que apareça um D. Sebastião travestido de político, com o sangue e a coragem dos grandes Homens do passado, capaz de fazer renascer Portugal como uma Pátria próspera e feliz para todos os portugueses.


Será que algum dia vai acontecer esse milagre? Se tal como diz o ditado, a fé é que nos salva, então vamos acreditar que um dia destes ainda vai aparecer um Homem com a têmpera e a coragem desses grandes Heróis que encheram de glória a nossa História para dirigir os destinos desta secular Nação e fazer dela aquilo que todos ansiamos.

sábado, 16 de julho de 2011

HOMENAGEM - O ÚLTIMO ARTIGO DE MARIA JOSÉ NOGUEIRA PINTO



Imagem retirada do Google


Após a morte de Maria José Nogueira Pinto, escrevi no meu blogue umas modestas palavras em sua homenagem, uma vez que a admirava e pude confirmar em vida a sua grande coragem e determinação, sendo uma mulher de fortes convicções e uma acérrima defensora da verdade e da justiça, mesmo que tivesse que lutar contra os poderosos lobbies instalados, em defesa dos mais desfavorecidos.

Maria José Nogueira Pinto era uma mulher inteligente, responsável e competentíssima e a sua nobreza de carácter acompanhou-a em todo o seu percurso de vida, até à morte. É esse impressionante testemunho do seu carácter, escrito um pouco antes de nos deixar e publicado no Jornal de Notícias que quero publicar no meu modesto blogue em sua homenagem. Só uma grande mulher poderia escrever desta forma sublime, o seu último artigo.


Acho que descobri a política - como amor da cidade e do seu bem - em casa.
Nasci numa família com convicções políticas, com sentido do amor e do serviço de Deus e da Pátria. O meu Avô, Eduardo Pinto da Cunha, adolescente, foi combatente monárquico e depois emigrado, com a família, por causa disso. O meu Pai, Luís, era um patriota que adorava a África portuguesa e aí passava as férias a visitar os filiados do LAG. A minha Mãe, Maria José, lia-nos a mim e às minhas irmãs a Mensagem de Pessoa, quando eu tinha sete anos. A minha Tia e madrinha, a Tia Mimi, quando a guerra de África começou, ofereceu-se para acompanhar pelos sítios mais recônditos de Angola, em teco-tecos, os jornalistas estrangeiros. Aprendi, desde cedo, o dever de não ignorar o que via, ouvia e lia.
Aos dezassete anos, no primeiro ano da Faculdade, furei uma greve associativa. Fi-lo mais por rebeldia contra uma ordem imposta arbitrariamente (mesmo que alternativa) que por qualquer outra coisa. Foi por isso que conheci o Jaime e mudámos as nossas vidas, ficando sempre juntos. Fizemos desde então uma família, com os nossos filhos - o Eduardo, a Catarina, a Teresinha - e com os filhos deles. Há quase quarenta anos.
Procurei, procurámos, sempre viver de acordo com os princípios que tinham a ver com valores ditos tradicionais - Deus e a Pátria -, mas também com a justiça e com a solidariedade em que sempre acreditei e acredito. Tenho tentado deles dar testemunho na vida política e no serviço público. Sem transigências, sem abdicações, sem meter no bolso ideias e convicções.
Convicções que partem de uma fé profunda no amor de Cristo, que sempre nos diz - como repetiu João Paulo II - "não tenhais medo". Graças a Deus nunca tive medo. Nem das fugas, nem dos exílios, nem da perseguição, nem da incerteza. Nem da vida, nem na morte. Suportei as rodas baixas da fortuna, partilhei a humilhação da diáspora dos portugueses de África, conheci o exílio no Brasil e em Espanha. Aprendi a levar a pátria na sola dos sapatos.
Como no salmo, o Senhor foi sempre o meu pastor e por isso nada me faltou -mesmo quando faltava tudo.
Regressada a Portugal, concluí o meu curso e iniciei uma actividade profissional em que procurei sempre servir o Estado e a comunidade com lealdade e com coerência.
Gostei de trabalhar no serviço público, quer em funções de aconselhamento ou assessoria quer como responsável de grandes organizações. Procurei fazer o melhor pelas instituições e pelos que nelas trabalhavam, cuidando dos que por elas eram assistidos. Nunca critérios do sectarismo político moveram ou influenciaram os meus juízos na escolha de colaboradores ou na sua avaliação.
Combatendo ideias e políticas que considerei erradas ou nocivas para o bem comum, sempre respeitei, como pessoas, os seus defensores por convicção, os meus adversários.
A política activa, partidária, também foi importante para mim. Vivi--a com racionalidade, mas também com emoção e até com paixão. Tentei subordiná-la a valores e crenças superiores. E seguir regras éticas também nos meios. Fui deputada, líder parlamentar e vereadora por Lisboa pelo CDS-PP, e depois eleita por duas vezes deputada independente nas listas do PSD.
Também aqui servi o melhor que soube e pude. Bati- -me por causas cívicas, umas vitoriosas, outras derrotadas, desde a defesa da unidade do país contra regionalismos centrífugos, até à defesa da vida e dos mais fracos entre os fracos. Foi em nome deles e das causas em que acredito que, além do combate político directo na representação popular, intervim com regularidade na televisão, rádio, jornais, como aqui no DN.
Nas fraquezas e limites da condição humana, tentei travar esse bom combate de que fala o apóstolo Paulo. E guardei a Fé.
Tem sido bom viver estes tempos felizes e difíceis, porque uma vida boa não é uma boa vida. Estou agora num combate mais pessoal, contra um inimigo subtil, silencioso, traiçoeiro. Neste combate conto com a ciência dos homens e com a graça de Deus, Pai de nós todos, para não ter medo. E também com a família e com os amigos. Esperando o pior, mas confiando no melhor.
Seja qual for o desfecho, como o Senhor é meu pastor, nada me faltará.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

A EUROPA AFUNDA-SE A CADA DIA QUE PASSA!!!

Imagem retirada do Google
A Europa afunda-se a cada dia que passa. Os juros sobre a emissão de dívida pública, em alguns Países, são absolutamente incomportáveis e o grau de contágio é tão elevado que um dia destes, por arrasto, todos serão afectados.

Se nada for feito, com a urgência que a gravidade da situação requere, então a sobrevivência do euro e a independência económica dos Países que aderiram a esta moeda, estarão seriamente comprometidas.

Perante cenário tão negro, será tolerável que os dirigentes europeus ainda não tenham percebido que a Europa está a ser ferida de morte pelos especuladores financeiros mundiais, em especial por aqueles que estão interessados no insucesso da moeda europeia e no falhanço da grande união económica e monetária?

Numa grande família, unida e amiga, em que o bem-estar é o objectivo comum, quando um dos seus membros corre perigo, todos se unem para protegê-lo, impedindo que os malfeitores lhe façam mal.

Nesta grande "família" europeia, onde o lema "todos por um e um por todos" devia vigorar e ser rigorosamente levado à letra, verifica-se que uns quantos membros, os mais vulneráveis, estão fartos de levar porrada e de ser humilhados na praça pública, enquanto os membros mais fortes se alheiam da realidade e desperdiçam tempo precioso a pensar nas eventuais medidas que irão tomar.

Com esta débil política de solidariedade, a Europa dos 27 dificilmente encontrará uma solução para os graves problemas que a atormentam e quanto mais tarde ela for encontrada, mais avultados serão os custos dessa intervenção.

Mas afinal quem são os verdadeiros inimigos da Europa e do euro? A quem interessa a desagregação da Comunidade Económica Europeia e o falhanço da sua moeda única?

Sinceramente, se há Nações no mundo que gostariam que a Europa voltasse ao antigamente e cada Estado tivesse a sua própria moeda, diria que os Estados Unidos da América, estariam mais interessados do que qualquer outro País, para poderem reconquistar a poderosa influência que o dólar já teve no Mundo inteiro e através da moeda, poder continuar a reinar, o que não acontece actualmente, já que uma grande percentagem das transacções mundiais, são efectuadas na moeda europeia.

Então quem são os principais interessados no insucesso do euro? Sinceramente, especuladores há em toda a parte e de todas as origens mas os verdadeiros beneficiários são os americanos.

O que é verdadeiramente intrigante, é a forma passiva e lenta como a União Europeia vem reagindo a todos estes violentos ataques aos seus Estados membros que agravam as suas dívidas públicas, enfraquecem a sua economia e põem em risco a sua soberania.

As autoridades europeias actuam de forma reactiva, desgarrada e a destempo às investidas dos especuladores e ainda não foram capazes de criar mecanismos eficazes de defesa. No seio dos Países da União Europeia não existe consenso quanto às medidas a adoptar, essencialmente porque, neste jogo de interesses, o que é bom para uns, é menos bom ou péssimo para outros.

Esta gravíssima conjuntura económica europeia, pelas suas características e tendo em conta o papel predominante da Alemanha, faz-me lembrar a Segunda Guerra Mundial em que os Alemães também tiveram uma supremacia militar avassaladora sobre as principais potências europeias mas acabaram por ser derrotados. O seu poderio militar baqueou perante a resistência heroica dos aliados que se bateram por uma causa justa contra a agressão e a tirania de um louco que provocou a maior catástrofe da história da humanidade: mais de 50 milhões de mortos, mais de 28 milhões de mutilados e um custo aproximado de 1 trilião e 500 biliões de dólares!!!

Actualmente, passados 72 anos sobre tão trágico acontecimento, a Alemanha continua a exercer forte supremacia sobre a Europa, mas agora já não pela força das armas mas através do enorme poder económico. Nesse sentido, temo que a Alemanha não tenha aprendido rigorosamente nada com os erros do passado e que o seu egoismo, a sua falta de solidariedade e o constante protelamento das medidas necessárias para defesa dos Países em dificuldade, acabe por empurrar todos os 27 parceiros para a bancarrota, acabando a Alemanha por ser também arrastada e sair igualmente derrotada, tal como na segunda guerra mundial, de nada lhe valendo a sua hegemonia económica.

O conflito mundial de 1939/45, declarado pela Alemanha, para além dos milhões de mortos e estropiados, provocou a maior crise económica de que há memória na Europa. Seria terrível e devastador se uma nova tragédia económica se abatesse sobre o velho continente por falta de apoio e solidariedade da Alemanha.

Se isso acontecer, não haverá vencedores, todos sairão derrotados.

domingo, 10 de julho de 2011

MOODY'S PÕE PORTUGAL KO








Ok, mesmo dando como adquirido que as agências de rating norte americanas são incompetentes, injustas e com fortes conotações políticas, na defesa do dólar, há alguns aspectos que convém esclarecer, porque antes do KO Moody's, Portugal já tinha ido ao tepete e estava incapaz de se levantar e continuar o combate.


Esta história, é um pouco como aquele cidadão que odiava a polícia e de uma forma geral todas as forças de segurança porque, segundo ele, o perseguiam e o multavam por tudo e por nada, desde falar ao telefone quando conduzia, por viajar em excesso de velocidade, por não se fazer acompanhar dos documentos de identificação, por não pagar parquímetro, por não trazer afixado no pára-brisas o comprovativo do seguro, etc., etc.


Ora, sejamos claros e justos, este cidadão de que vos falo, pode não gostar ou simpatizar com os polícias, está no seu direito. O que ele não pode é revoltar-se e odiar os polícias por cumprirem o seu dever e o multarem quando transgride. Se este cidadão cumprisse o código da estrada, os polícias não teriam motivos para o autuar e deixá-lo-iam em paz e sossego.


Com as empresas de rating, pelo menos aquelas que actuam com isenção e absoluto conhecimento dos factos, passa-se a mesmíssima coisa: para considerarem a dívida pública portuguesa incobrável e lhe atribuirem uma notação equivalente a LIXO, foi porque avaliaram com rigor e isenção a actual situação económica do País, embora possamos especular relativamente ao timing da medida, já que a Moody's ignorou a estabilidade política do novo governo de maioria parlamentar, as medidas de austeridade que está a tomar e o próprio programa imposto pela troika.


Porém, a realidade, crua e nua, é que o Estado Português se colocou a jeito para que esses "abutres" do rating viessem intrometer-se no País e na vida dos portugueses, especulando e gozando com a sua cara.


Mas para se chegar a esta lastimável situação, o que é que fizeram os Governos ao serviço do Estado Português durante anos a fio? Esbanjaram o dinheiro dos contribuintes em esquemas mafiosos que beneficiaram os próprios, os familiares e os amigos, esquecendo as grandes reformas estruturais do regime, essas sim, capazes de assegurar uma situação económica mais estável e um futuro melhor para todos os portugueses. Os sucessivos Governos funcionaram como trampolins para uns quantos se apoderarem fraudulentamente de uma boa parte dos recursos do Estado, através de processos ilegais, minados pela corrupção, muitos deles bem conhecidos dos portugueses.


Ao longo dos anos, o Estado foi burlado em biliões e biliões de euros, através dos esquemas mais incríveis que encheram os baús de muitos figurões da nossa praça e até hoje, a nossa miserável justiça não foi capaz de encontrar e condenar um único culpado. Esta dramática conjuntura económica deve-se, em grande parte, à JUSTIÇA que não cumpre a importante missão que lhe cabe: FAZER JUSTÇA.


Nesta delapidação galopante do património do Estado e das Empresas em geral, chegou inevitavelmente o momento em que o primeiro deixou de ter capacidade para honrar os seus múltiplos compromissos e as segundas, estão igualmente falidas, expostas e vulneráveis, com as calças na mão.


O melhor e mais elucidativo exemplo dessa falência, é constatar que as Instituições de crédito e outras que há menos de um ano valiam mais de 15 mil milhões de euros, neste momento, valem 15 a 20 vezes menos!!! O que é isto, senão falência, lixo?


Então eu pergunto: que classificação deve ser dada pelas agências de rating a estas empresas? Que me perdoem aqueles que vêem este processo de maneira diversa mas eu acho que de facto a dívida pública portuguesa atingiu proporções astronómicas insuportáveis e, por isso mesmo, correndo um grande risco de não poder ser paga; por outro lado, as Empresas, de uma forma geral, estão também em situação difícil e em risco de não poderem assumir os seus compromissos.


A grave situação em que se encontra a Banca portuguesa é real!!! Bastava que um 1/5 dos depositantes reclamassem, ao mesmo tempo, as suas economias e os Bancos iriam imediatamente à falência, por falta de liquidez; esta situação traduzida por miúdos, significa que os bancos esbanjaram uma boa parte desses depósitos em negócios ruinosos e não geraram, com eles, mais-valias suficientes para, em circunstâncias drásticas, poderem devolver os depósitos aos seus legítimos proprietários. Uma grande parte dos Bancos existentes em todo o Mundo, não teriam possibilidade de devolver o total dos depósitos aos seus clientes, mesmo que vendessem todo o seu património.


A situação da Banca portuguesa, em geral, é escandalosa e, especificamente, no BCP, BPP e BPN, foram cometidos actos criminosos de grande dimensão e que de certa forma, também contribuíram para a situação de bancarrota em que Portugal se encontra.


Onde andavam as agências de rating, nessa altura que não detectaram qualquer irregularidade ou fragilidade nessas instituições? E a nível Global, o que fez a Moody's para detectar e evitar os grandes escândalos financeiros que abalaram o Mundo? E relativamente aos EUA que comparativamente com outros Países, têm a maior dívida pública do Mundo, US$ 14,3 triliões!!! a Moody's não tem uma palavra a dizer e atribui-lhe a nota mais alta, Aaa?


De facto, perante estes exemplos, a Moody's parece não ter isenção e idoneidade moral suficientes para classificar o grau de risco das dívidas públicas dos diferentes Estados, nem das Empresas e também porque enquanto agência de avaliação, para além de eventuais interesses políticos, também tem interesses económicos nesses Estados e nessas Empresas.


Para quando a regulação das agências de rating? Gostava de poder comprender porque é que os governantes de todos os Países do Mundo permitem a existência de instituições com tanta falta de isenção e ao mesmo tempo tão poderosas, sem regras, capazes de arruinar um País ou uma grande Empresa, enquanto o diabo esfrega um olho.


No caso português, como já disse, embora haja algumas razões para desconfiar da capacidade do Estado honrar os seus compromissos, ninguém estaria à espera que a Moody's baixasse o rating, nesta altura, especialmente porque existe um governo maioritário e uma estabilidade política que lhe permite cumprir o programa da "troika" e tomar medidas ainda mais drásticas, se for necessário, para atingir as metas definidas de redução de déficit para 3% em 2013.


Depois das eleições de 5 de Junho e da tomada de posse de um novo Governo, a Moody's, se estivesse de boa fé e pretendesse agir com rigor e isenção, teria que aguardar 6 a 9 meses para ver o resultado das medidas tomadas e só depois tomar uma decisão sobre a avaliação do rating português.
Por motivos que não foram convenientemente explicados, a agência Norte Americana apressou-se a condenar Portugal e a fazer juízos de valor que não pôde confirmar e eu, como português, ficaria orgulhosamente feliz se o tiro lhe saísse pela culatra.


Força Portugal!!!


quarta-feira, 6 de julho de 2011

MORREU UMA GRANDE MULHER

FOTO RETIRADA DO GOOGLE


Aos 59 anos de idade, vítima de doença prolongada, morreu Maria José Nogueira Pinto, uma das mulheres mais prestigiadas da vida pública portuguesa. Era uma mulher inteligente e talentosa, de fortes convicções e grande nobreza de carácter. Abraçou sempre com grande entusiasmo e vigor as causas em que se envolveu e legou a todos os portugueses grandes exemplos de vida, reflectidos na sua invulgar capacidade de trabalho, honestidade e enorme rigor e isenção que lhes dedicava.


Tive ocasião de verificar todas essas suas qualidades quando exerceu o cargo de Vereadora da Habitação Social na Câmara Municipal de Lisboa. De um lado estavam os Directores e outros responsáveis da Direcção Municipal de Habitação e do outro os dirigentes de uma modesta Associação de Bairro que defendiam os direitos dos seus associados perante a Edilidade.


Ao contrário de outros responsáveis que passaram por aquele Pelouro, Maria José Nogueira Pinto não se deixou influenciar ou pressionar pelos responsáveis camarários da Direcção Municipal de Habitação e, por isso mesmo, não permitiu que as suas decisões fossem concretizadas, já que constituíam um flagrante e grosseiro desrespeito pelo que havia sido acordado e assinado em Protocolo por ambas as partes.


A palavra justiça tinha para Maria José Nogueira Pinto um significado genuino que não mudava consoante a importância dos interesses em jogo.


Maria José Nogueira Pinto morreu mas os seus nobres exemplos permanecerão na memória de todos aqueles que em vida souberam reconhecer os seus extraordinários méritos.


Pessoalmente, não podia deixar de prestar esta ínfima homenagem a alguém que se incompatibilizou com um Director Municipal para defender a verdade e a justiça.


Paz à sua alma.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

EXTRAORDINÁRIO, EÇA!!!!!!!!!



Há 147 anos, o grande Eça de Queiroz, mimoseava os governantes com esta excelente prosa! Mas eu pergunto: isto passou-se há 147 anos? Não acredito! Ao ler esta crónica queirosiana, do século XIX, tive imediatamente a certeza que a crítica assenta na perfeição aos governantes da actualidade.


Afinal, em 147 anos (quase século e meio!), a política governativa nada mudou e mantém-se igual graças aos seus habilidosos agentes políticos que têm transmitido, na perfeição, de geração em geração, a cartilha dos maus vícios e dos maus costumes.


É delicioso este texto e por isso não resisti a partilhá-lo com todos aqueles que visitam este blogue. Deleitem-se:


"ORDINARIAMENTE todos os ministros são inteligentes, escrevem bem, discursam com cortesia e pura dicção, vão a faustosas inaugurações e são excelentes convivas. Porém, são nulos a resolver crises. Não têm a austeridade, nem a concepção, nem o instinto político, nem a experiência que faz o ESTADISTA. É assim que há muito tempo em Portugal são regidos os destinos políticos. Política de acaso, política de compadrio, política de expediente. País governado ao acaso, governado por vaidades e por interesses, por especulação e corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência?"


(Eça de Queiróz, 1867 in "O Distrito de Évora")