domingo, 10 de julho de 2011

MOODY'S PÕE PORTUGAL KO








Ok, mesmo dando como adquirido que as agências de rating norte americanas são incompetentes, injustas e com fortes conotações políticas, na defesa do dólar, há alguns aspectos que convém esclarecer, porque antes do KO Moody's, Portugal já tinha ido ao tepete e estava incapaz de se levantar e continuar o combate.


Esta história, é um pouco como aquele cidadão que odiava a polícia e de uma forma geral todas as forças de segurança porque, segundo ele, o perseguiam e o multavam por tudo e por nada, desde falar ao telefone quando conduzia, por viajar em excesso de velocidade, por não se fazer acompanhar dos documentos de identificação, por não pagar parquímetro, por não trazer afixado no pára-brisas o comprovativo do seguro, etc., etc.


Ora, sejamos claros e justos, este cidadão de que vos falo, pode não gostar ou simpatizar com os polícias, está no seu direito. O que ele não pode é revoltar-se e odiar os polícias por cumprirem o seu dever e o multarem quando transgride. Se este cidadão cumprisse o código da estrada, os polícias não teriam motivos para o autuar e deixá-lo-iam em paz e sossego.


Com as empresas de rating, pelo menos aquelas que actuam com isenção e absoluto conhecimento dos factos, passa-se a mesmíssima coisa: para considerarem a dívida pública portuguesa incobrável e lhe atribuirem uma notação equivalente a LIXO, foi porque avaliaram com rigor e isenção a actual situação económica do País, embora possamos especular relativamente ao timing da medida, já que a Moody's ignorou a estabilidade política do novo governo de maioria parlamentar, as medidas de austeridade que está a tomar e o próprio programa imposto pela troika.


Porém, a realidade, crua e nua, é que o Estado Português se colocou a jeito para que esses "abutres" do rating viessem intrometer-se no País e na vida dos portugueses, especulando e gozando com a sua cara.


Mas para se chegar a esta lastimável situação, o que é que fizeram os Governos ao serviço do Estado Português durante anos a fio? Esbanjaram o dinheiro dos contribuintes em esquemas mafiosos que beneficiaram os próprios, os familiares e os amigos, esquecendo as grandes reformas estruturais do regime, essas sim, capazes de assegurar uma situação económica mais estável e um futuro melhor para todos os portugueses. Os sucessivos Governos funcionaram como trampolins para uns quantos se apoderarem fraudulentamente de uma boa parte dos recursos do Estado, através de processos ilegais, minados pela corrupção, muitos deles bem conhecidos dos portugueses.


Ao longo dos anos, o Estado foi burlado em biliões e biliões de euros, através dos esquemas mais incríveis que encheram os baús de muitos figurões da nossa praça e até hoje, a nossa miserável justiça não foi capaz de encontrar e condenar um único culpado. Esta dramática conjuntura económica deve-se, em grande parte, à JUSTIÇA que não cumpre a importante missão que lhe cabe: FAZER JUSTÇA.


Nesta delapidação galopante do património do Estado e das Empresas em geral, chegou inevitavelmente o momento em que o primeiro deixou de ter capacidade para honrar os seus múltiplos compromissos e as segundas, estão igualmente falidas, expostas e vulneráveis, com as calças na mão.


O melhor e mais elucidativo exemplo dessa falência, é constatar que as Instituições de crédito e outras que há menos de um ano valiam mais de 15 mil milhões de euros, neste momento, valem 15 a 20 vezes menos!!! O que é isto, senão falência, lixo?


Então eu pergunto: que classificação deve ser dada pelas agências de rating a estas empresas? Que me perdoem aqueles que vêem este processo de maneira diversa mas eu acho que de facto a dívida pública portuguesa atingiu proporções astronómicas insuportáveis e, por isso mesmo, correndo um grande risco de não poder ser paga; por outro lado, as Empresas, de uma forma geral, estão também em situação difícil e em risco de não poderem assumir os seus compromissos.


A grave situação em que se encontra a Banca portuguesa é real!!! Bastava que um 1/5 dos depositantes reclamassem, ao mesmo tempo, as suas economias e os Bancos iriam imediatamente à falência, por falta de liquidez; esta situação traduzida por miúdos, significa que os bancos esbanjaram uma boa parte desses depósitos em negócios ruinosos e não geraram, com eles, mais-valias suficientes para, em circunstâncias drásticas, poderem devolver os depósitos aos seus legítimos proprietários. Uma grande parte dos Bancos existentes em todo o Mundo, não teriam possibilidade de devolver o total dos depósitos aos seus clientes, mesmo que vendessem todo o seu património.


A situação da Banca portuguesa, em geral, é escandalosa e, especificamente, no BCP, BPP e BPN, foram cometidos actos criminosos de grande dimensão e que de certa forma, também contribuíram para a situação de bancarrota em que Portugal se encontra.


Onde andavam as agências de rating, nessa altura que não detectaram qualquer irregularidade ou fragilidade nessas instituições? E a nível Global, o que fez a Moody's para detectar e evitar os grandes escândalos financeiros que abalaram o Mundo? E relativamente aos EUA que comparativamente com outros Países, têm a maior dívida pública do Mundo, US$ 14,3 triliões!!! a Moody's não tem uma palavra a dizer e atribui-lhe a nota mais alta, Aaa?


De facto, perante estes exemplos, a Moody's parece não ter isenção e idoneidade moral suficientes para classificar o grau de risco das dívidas públicas dos diferentes Estados, nem das Empresas e também porque enquanto agência de avaliação, para além de eventuais interesses políticos, também tem interesses económicos nesses Estados e nessas Empresas.


Para quando a regulação das agências de rating? Gostava de poder comprender porque é que os governantes de todos os Países do Mundo permitem a existência de instituições com tanta falta de isenção e ao mesmo tempo tão poderosas, sem regras, capazes de arruinar um País ou uma grande Empresa, enquanto o diabo esfrega um olho.


No caso português, como já disse, embora haja algumas razões para desconfiar da capacidade do Estado honrar os seus compromissos, ninguém estaria à espera que a Moody's baixasse o rating, nesta altura, especialmente porque existe um governo maioritário e uma estabilidade política que lhe permite cumprir o programa da "troika" e tomar medidas ainda mais drásticas, se for necessário, para atingir as metas definidas de redução de déficit para 3% em 2013.


Depois das eleições de 5 de Junho e da tomada de posse de um novo Governo, a Moody's, se estivesse de boa fé e pretendesse agir com rigor e isenção, teria que aguardar 6 a 9 meses para ver o resultado das medidas tomadas e só depois tomar uma decisão sobre a avaliação do rating português.
Por motivos que não foram convenientemente explicados, a agência Norte Americana apressou-se a condenar Portugal e a fazer juízos de valor que não pôde confirmar e eu, como português, ficaria orgulhosamente feliz se o tiro lhe saísse pela culatra.


Força Portugal!!!


2 comentários:

Oswaldo Jorge do Carmo disse...

Exmo Senhor
Autor desta Publicação
Lisboa

Exmo Senhor,

Subscrevo, tudo o que V. excelência escreveu.

Mesmo assim, a luta continua e a vitória parece não ser, devido á ambição, desmedida, destes parasitas, certa.

O procedimento, desta Agência de Rating, faz-me lembrar aquelas Séries Policiais, em que o Bandido ou o Terrorista, rapta o Filho ou a Mulher, do Indivíduo que quer condicionar ou controlar, para atingir os seus objectivos.

Os objectivos desta Agência, não querendo nem podendo meter-se, de facto, com quem provocou parte desta crise, os USA, são: Atacar indirectamente, o Euro e fazer, com este oportunista comportamento, com que as Empresas Portuguesas, que vão ter que ser, devido à nossa triste Situação interna, privatizadas ou vendidas, por uma Décima parte do seu valor.

Por outro lado, não é, por acaso, que esta Agência, tem este, triste, comportamento. Por acaso, V. Excelência, está a ver alguma coisa, de positiva, por parte da Desunião Europeia, para evitar estes ATAQUES, sobretudo, à Grécia e a Portugal?
O meu baixo QI, não me dá, realmente, para entender, esta Europa. Esta Europa está a meter-se e a deixar meter Países como o nosso, e a Grécia, num Buraco, antes, nunca visto.

Esta Inércia, da Europa, baseia-se naquele, velho, Provérbio, que diz: "Tens um Vintém, vales um Vintém, não tens nada, nada vales".

Porque, se isto se passasse com a Alemanha, França, Itália ou Espanha, a CE , não reagia, da mesma maneira.

Manuel Carmo Meirelles disse...

De facto, meu caro amigo, a União Europeia é um cancro perigoso, sem rumo nem norte, sem soluções para ajudar os Países em crise e sem força e autoridade para se impôr perante o ataque descarado de uma simples agência de rating ao euro e, simultânea e consequentemente, às economias dos Países da zona euro.
Enquanto estes palermas da União Europeia vão puxando um para cada lado e adiando decisões, as economias dos Países vão-se afundando cada vez mais e antes que cheguem a qualquer entendimento sobre uma possível solução, mais alguns Países vão cair em desgraça e juntar-se a portugal, Grécia e Irlanda.
A Europa está a sucunbir aos ataques estratégigos de uma agência de rating e os seus dirigentes, assistem impávida e serenamente à sua agonia, dizendo que estão a tomar medidas e a estudar o assunto.
Ao que chegou a Europa!!! O berço da civilização não merecia esta m..... de incompetentes dirigentes.