quinta-feira, 1 de março de 2012

"ESTE É O MAIOR FRACASSO DA DEMOCRACIA PORTUGUESA"

Um artigo de Clara Ferreira Alves 

IMAGEM RETIRADA DO GOOGLE
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É para mim mais do que evidente que a situação actual de Portugal se deve essencialmente, embora não exclusivamente, à péssima actuação dos sucessivos governantes do pós 25 de Abril de 1974 e aqueles que mais tempo exerceram o poder são, como é óbvio, ainda mais responsáveis.
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Nessa perspectiva, o cidadão Mário Alberto Nobre Soares foi o político português que mais influenciou a vida pública portuguesa nos últimos 37 anos e, ao mesmo tempo, um dos políticos que mais tempo exerceu o poder em Portugal.
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O seu grande poder e influência no País, a todos os níveis, permitiu-lhe fazer muitas coisas à margem da lei que nunca foram investigadas e muito menos sancionadas.
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Embora não tenha grande simpatia pela jornalista Clara Ferreira Alves, faço publicidade ao seu artigo "ESTE É O MAIOR FRACASSO DA DEMOCRACIA PORTUGUESA", publicado no Jornal Expresso, porque nele encontrei retratados e corajosamente denunciados alguns dos muitos "pecados" cometidos pelo ex-Primeiro-Ministro e ex-Presidente da República Mário Soares, repetidamente ignorados pela imprensa e pelo Ministério Público, precisamente por se tratar de alguém a quem ninguém ousou fazer frente.
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Este artigo já o vi publicado em muitos blogues que se interessam pela política, embora o mesmo tenha chegado ao meu  conhecimento através do mail. Eis o seu conteúdo:
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Eis parte do enigma. Mário Soares, num dos momentos de lucidez que ainda vai tendo, veio chamar a atenção do Governo, na última semana, para a voz da rua.
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A lucidez, uma das suas maiores qualidades durante uma longa carreira politica. A lucidez que lhe permitiu escapar à PIDE e passar um bom par de anos, num exílio dourado, em hotéis de luxo de Paris.
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A lucidez que lhe permitiu conduzir da forma "brilhante" que se viu o processo de descolonização.
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A lucidez que lhe permitiu conseguir que os Estados Unidos financiassem o PS durante os primeiros anos da Democracia.
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A lucidez que o fez meter o socialismo na gaveta durante a sua experiência governativa.
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A lucidez que lhe permitiu tratar da forma despudorada amigos como Jaime Serra, Salgado Zenha, Manuel Alegre e tantos outros.
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A lucidez que lhe permitiu governar sem ler os "dossiers".
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A lucidez que lhe permitiu não voltar a ser primeiro-ministro depois de tão fantástico desempenho no cargo.
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A lucidez que lhe permitiu pôr-se a jeito para ser agredido na Marinha Grande e, dessa forma, vitimizar-se aos olhos da opinião pública e vencer as eleições presidenciais.
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A lucidez que lhe permitiu, após a vitória nessas eleições, fundar um grupo empresarial, a Emaudio, com "testas de ferro" no comando e um conjunto de negócios obscuros que envolveram grandes magnatas internacionais.
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A lucidez que lhe permitiu utilizar a Emaudio para financiar a sua segunda campanha presidencial.
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A lucidez que lhe permitiu nomear para Governador de Macau Carlos Melancia, um dos homens da Emaudio.
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A lucidez que lhe permitiu passar incólume ao caso Emaudio e ao caso Aeroporto de Macau e, ao mesmo tempo, dar os primeiros passos para uma Fundação na sua fase pós-presidencial.
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A lucidez que lhe permitiu ler o livro de Rui Mateus, "Contos Proibidos", que contava tudo sobre a Emaudio, e ter a sorte de esse mesmo livro, depois de esgotado, jamais voltar a ser publicado.
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A lucidez que lhe permitiu passar incólume as "ligações perigosas" com Angola, ligações essas que quase lhe roubaram o filho no célebre acidente de avião na Jamba (avião esse carregado de diamantes, no dizer do Ministro da Comunicação Social de Angola).
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A lucidez que lhe permitiu, durante a sua passagem por Belém, visitar 57 países ("record" absoluto para a Espanha - 24 vezes - e França - 21), num total equivalente a 22 voltas ao mundo (mais de 992 mil quilómetros).
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A lucidez que lhe permitiu visitar as Seychelles , esse território de grande importância estratégica para Portugal .
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A lucidez que lhe permitiu, no final destas viagens, levar para a Casa-Museu João Soares uma grande parte dos valiosos presentes oferecidos oficialmente ao Presidente da Republica Portuguesa.
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A lucidez que lhe permitiu guardar esses presentes numa caixa-forte blindada daquela Casa, em vez de os guardar no Museu da Presidência da Republica.
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A lucidez que lhe permite, ainda hoje, ter 24 horas por dia de vigilância paga pelo Estado nas suas casas de Nafarros, Vau e Campo Grande
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A lucidez que lhe permitiu, abandonada a Presidência da Republica, constituir a Fundação Mário Soares. Uma fundação de Direito privado, que, vivendo à custa de subsídios do Estado, tem apenas como única função visível ser depósito de documentos valiosos de Mário Soares. Os mesmos que, se são valiosos, deviam estar na Torre do Tombo.
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A lucidez que lhe permitiu construir o edifício-sede da Fundação violando o PDM de Lisboa, segundo um relatório do IGAT, que decretou a nulidade da licença de obras.
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A lucidez que lhe permitiu conseguir que o processo das velhas construções que ali existiam e que se encontrava no Arquivo Municipal fosse requisitado pelo filho e que acabasse por desaparecer convenientemente num incêndio dos Paços do Concelho.
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A lucidez que lhe permitiu receber do Estado, ao longo dos últimos anos, donativos e subsídios superiores a um milhão de contos.
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A lucidez que lhe permitiu receber, entre os vários subsídios, um de quinhentos mil contos, do Governo Guterres, para a criação de um auditório, uma biblioteca e um arquivo num edifico cedido pela Câmara de Lisboa.
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A lucidez que lhe permitiu receber, entre 1995 e 2005, uma subvenção anual da Câmara Municipal de Lisboa, na qual o seu filho era Vereador e Presidente.
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A lucidez que lhe permitiu que o Estado lhe arrendasse e lhe pagasse um gabinete, a que tinha direito como ex-presidente da República, na... Fundação Mário Soares.
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A lucidez que lhe permite que, ainda hoje, a Fundação Mário Soares receba quase 4 mil euros mensais da Câmara Municipal de Leiria.
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A lucidez que lhe permitiu fazer obras no Colégio Moderno, propriedade da família, sem licença municipal, numa altura em que o Presidente era... João Soares.
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A lucidez que lhe permitiu silenciar, através de pressões sobre o director do "Público", José Manuel Fernandes, a investigação jornalística que José António Cerejo começara a publicar sobre o tema.
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A lucidez que lhe permitiu candidatar-se a Presidente do Parlamento Europeu e chamar dona de casa, durante a campanha, à vencedora Nicole Fontaine.
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A lucidez que lhe permitiu considerar José Sócrates "o pior do guterrismo" e ignorar hoje em dia tal frase como se nada fosse.
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A lucidez que lhe permitiu passar por cima de um amigo, Manuel Alegre, para concorrer às eleições presidenciais uma última vez.
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A lucidez que lhe permitiu, então, fazer mais um frete ao Partido Socialista.
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A lucidez que lhe permitiu ler os artigos "O Polvo" de Joaquim Vieira na "Grande Reportagem", baseados no livro de Rui Mateus, e assistir, logo a seguir, ao despedimento do jornalista e ao fim da revista.
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A lucidez que lhe permitiu passar incólume depois de apelar ao voto no filho, em pleno dia de eleições, nas últimas Autárquicas.
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No final de uma vida de lucidez, o que resta a Mário Soares? Resta um punhado de momentos em que a lucidez vem e vai. Vem e vai. Vem e vai.
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Vai... e não volta mais.

5 comentários:

Anónimo disse...

Olá Manuel,

Belíssimo e estrondoso artigo!
Não aprecio muito a jornalista, em questão, mas reconheço-lhe valor e contundência.

Ai, A LUCUDEZ!
Ela já disse tudo, e até falou da lucidez, ou melhor da falta dela, em relação à Polícia Política do Estado Português, o que só beneficiou o Dr. Mário Soares.

Abraço.

Oswaldo Jorge do Carmo disse...

Exmo Senhor
Autor desta Publicação
Lisboa

Exmo Senhor,

De facto, a Lucidez, também não é igual,para todos. Há,neste País, Gente com muita Lucidez, que está, por via disto e devido a esta DSMOCRACIA CARNAVALESCA, na Miséria!!!!!!! Realmente, com esta Democracia, em que só se Penalizam, por dá cá aquela palha, os Pobres e os Fracos, ainda não é desta, mesmo com esta Austeridade, que isto vai ao lugar!!!!!!!!

Tive um Colega, em Angola, que um Dia, se saiu com esta, em plena Universidade, em Luanda: Se Angola tivesse o Poder de Reconstrução, que tem de Destruição, já ultrapassava os USA!!!!!!!!!!!!
Então, o que dizer de Portugal?

O tal Senhor, teve que fugir, de imediato, para Portugal.

Aqui não se foge mas, acaba por se sofrer, muito mais.
Laranjeiro, 02-03-2012

Anónimo disse...

Olá estimado Manuel,

Passando por aqui, porque tinha saudades e porque gosto de ler os comentários, que antecedem ou sucedem aos meus.
Apareça. Há festa na tenda.

Abraço de estima.

Anónimo disse...

Olá estimado Manuel,

Como vai?
Espero, que esteja bem.
Já há tanto tempo, que não nos presenteia com um texto, uma opinião (14 dias), mais propriamente.
Tenho saudades. Apareça!
que esteja com saúde, é o mais importante.

UM ABRAÇO DE MUITA CONSIDERAÇÃO.

Unknown disse...

http://expresso.sapo.pt/este-e-o-maior-fracasso-da-democracia=f643513