HÁ NÓDOAS QUE NEM A MORTE CONSEGUE APAGAR

Criou-se esta ideia no comum dos mortais que depois da morte todas as pessoas são boas criaturas. Ora, comigo as coisas não funcionam assim. Se em vida alguém foi um criminoso, após a morte, para mim, esse alguém continuará a ser lembrado como um criminoso. A morte não indulta ninguém, quando muito, em certas circunstâncias, acaba com os remorsos ou problemas de consciência daqueles que cometeram os crimes.

Hoje, 10 de Setembro de 2021, morreu aquele que em vida foi um destacado membro do Partido Socialista e que entre muitos cargos que desempenhou ao longo da sua carreira política, destaco os de Presidente da Câmara Municipal de Lisboa e Presidente da República, cargo onde teve um papel de descarado favorecimento do Partido Socialista que naquela época se encontrava em frangalhos e, depois, influenciou a carreira vitoriosa de José Sócrates até chegar a primeiro ministro, com as consequências trágicas que os portugueses conhecem.

Sócrates não tinha perfil para o cargo de primeiro ministro, tal como veio de imediato a revelar-se: prepotente. mal educado, mentiroso, trafulha, arruaceiro e o maior corrupto de todos os tempos, o qual, ao longo da sua governação delapidou as finanças públicas, em benefício próprio e dos seus amigos socialistas, empobrecendo também a grande maioria dos portugueses, aos quais roubou a alegria de viver e a esperança num amanhã melhor.

Jorge Sampaio usou a "bomba atómica" para derrubar um governo com maioria na Assembleia da República, sem nunca ter explicado muito bem porque o fez. Falou, na altura, em trapalhadas, mas nunca em negócios ruinosos e corrupção como aconteceu ao longo do mandato socrático. Trapalhadas como as que têm sido protagonizadas pelos governos de António Costa, eu nunca vi e, no entanto, para o actual Presidente da República, está tudo bem, não se passa nada.

Ele nunca disse com clareza que coisas terríveis teriam sido praticadas pelo governo de Santana Lopes que justificassem o derrube do governo e a dissolução da Assembleia da República. Ele nunca o disse porque essas razões nunca existiram. O que havia, era uma forte pressão do Partido Socialista que não aprovou o facto de Sampaio ter dado posse a um governo liderado pela direita, facto que até levou à demissão de Ferro Rodrigues do cargo de Secretário Geral do Partido Socialista.

Ora, Sampaio, não tendo feito o que os socialistas queriam logo após a saída de Durão Barroso para ocupar o cargo de Presidente da CEE, acabou por fazer as pazes com o Partido, quatro meses mais tarde, demitindo o governo e dissolvendo o Parlamento.

Esta decisão completamente errada, na tentativa de ajudar o Partido Socialista a chegar ao governo, custou ao País uma factura incomensurável e, por tabela, destruiu a vida de uma grande percentagem das famílias portuguesas. Nesse sentido, a figura pública que hoje desaparece do número dos vivos, deixa um legado negativo que o deve ter atormentado nos últimos anos e que agora termina.

Pode agora o poder político, o Governo e o Estado conceder-lhe todas as homenagens e honrarias que entenderem que jamais conseguirão limpar a nódoa negra que foi a actuação do ex-Presidente da República no processo de destituição do governo liderado por Pedro Santana Lopes.

Ainda assim, paz à sua alma.