EM DEMOCRACIA, CADA UM PENSA E DIZ O QUE QUER MAS NEM SEMPRE O QUE DEVIA

IMAGEM RETIRADA DO GOOGLE

Nos primeiros dias do ano, a Jerónimo Martins, um Grupo português com projecção internacional que caminha a passos largos para se tornar uma multinacional, andou nas bocas do Mundo pelo facto de ter transferido a sua sede fiscal para a Holanda.
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O presidente, Alexandre Soares da Costa foi acusado de falta de solidariedade e patriotismo, numa altura em que Portugal vive uma das maiores crises económicas de sempre e, por isso mesmo, necessitar do esforço e sacrifícios de todos, sem excepção, mas especialmente dos mais ricos.

Uma multidão de seguidistas, sem nunca se questionar ou fazer qualquer juízo de valor, repetiu as críticas que ouviu na comunicação social e condenou a o acto.
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A grande maioria dos críticos nem sequer faz ideia do que é gerir uma pequena empresa familiar quanto mais uma cadeia de supermercados que emprega cerca de 30.000 empregados e facturou em 2011 à volta de 9,8 mil milhões de euros.
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Para manter 30.000 empregos, é necessário que a empresa tenha sucesso e que a sua Administração actue com inteligência e encontre soluções para ultrapassar com êxito, as dificuldades que vão surgindo e isso, tanto quanto sei, para além de não ser crime, demonstra visão e competência por parte de quem tem a responsabilidade de gerir a Jerónimo Martins.
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Cometeu a JM alguma ilegalidade? Infringiu as regras da CEE? Quantas empresas portuguesas já fizeram o mesmo?
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O facto de o País se afundar, não quer dizer que todas as empresas tenham que o acompanhar.
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Sejamos sérios e intelectualmente honestos: Quem é que, podendo, não faria tudo o que estivesse ao seu alcance para salvar a sua empresa?
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Causa-me alguma perplexidade ou, no mínimo, estranheza, a dualidade de critérios, quando esquece nas suas críticas outras empresas que já fizeram o mesmo mas também os movimentos astronómicos que os detentores de riquezas em Portugal, fazem em offshores sediadas nos paraísos fiscais de todo o mundo.
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O montante depositado nesses refúgios fiscais é de tal forma astronómico que se houvesse forma de poder injectar nos cofres da banca nacional, uma quinta parte desse montante, a liquidez voltaria a reinar e as dificuldades no crédito acabariam de imediato.
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Esses que fogem ao fisco e colocam os milhões a salvo fora do País, são mais patrióticos do que Alexandre Soares da Costa e os administradores da JM que com ele tomaram a decisão de transferir a Sede Fiscal para a Holanda?
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E já agora, porque não denunciam as profissões liberais? Não será escandaloso que um médico, um advogado, um arquitecto, um engenheiro, um psicólogo  e tantos outros profissionais liberais declarem anualmente ao fisco, o equivalente ao ordenado mínimo nacional?
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Em Portugal, a genaralidade dos prestadores de serviços, uns mais outros menos, todos fogem ao fisco. Não existe uma cultura de cumprimento das obrigações fiscais e só paga quem efectivamente não pode "fugir".
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Aliás, a culpa das péssimas condições económicas actuais, devem ser repartidas  pelos incumpridores fiscais mas também e em maior percentagem, pelos políticos e governantes que desde os primórdios da democracia se têm servido descaradamente do País em vez de o servir.
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Se todos cumprissem na proporção em que o tem feito a JM, Portugal estaria numa situação bem mais confortável e os portugueses mais felizes, esta é que é a realidade.