AS REIVINDICAÇÕES DOS MOTORISTAS DE VEÍCULOS DE TRANSPORTE DE MATÉRIAS PERIGOSAS SÃO JUSTAS

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Estamos perante uma classe profissional (cerca de 800 motoristas a nível nacional), com grandes responsabilidades na condução dos veículos de transporte de matérias perigosos e que, segundo declarações proferidas por elementos afectos ao SNMMP (Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas), auferem uma remuneração na ordem dos setecentos e poucos euros mensais.

Por outro lado, dizem também que têm que ter uma formação especial para poderem transportar matérias perigosas e querem ver reconhecida essa sua categoria profissional, bem como a redução do número de horas de trabalho e a revisão salarial.

Sejamos honestos: alguém que anda constantemente com uma bomba/relógio às costas, que trabalha 10/12 horas por dia e é obrigado a proceder, com grande responsabilidade, a todas as manobras de trasfega nos depósitos de origem e de destino, é remunerado justamente? 

Claro que não. 

Hoje em dia, quem tenha encargos com uma casa de família e tenha que pagar renda, água, luz, gás, internet/televisão/telefone, alimentação (poupando muito), transportes, etc., depois de liquidar estas contas, não fica com um cêntimo para o mês seguinte.

O grande problema em Portugal é que a grande maioria dos governantes nunca trabalharam na vida. Eles não sabem o que é lutar todos os dias para garantir o estatuto de "pobre remediado" para poder viver com um mínimo de dignidade e ter acesso a duas refeições simples diárias. Se soubessem o que é trabalhar 10/12 horas diárias, no duro, saberiam dar valor a quem trabalha.

Mas não são só os motoristas de veículos de transporte de matérias perigosas que estão mal pagos. Infelizmente, a grande maioria dos trabalhadores portugueses está nessa situação. Os governantes esbanjam milhões em projectos que só a eles interessam, saqueiam o erário público constantemente através de esquemas mafiosos e fraudulentos mas quando se trata de pagar um salário justo aos trabalhadores, inventam todo o tipo de dificuldades, quando em causa estão apenas dois ou três milões de euros!

As lutas dos enfermeiros, dos professores, dos motoristas da carris, do metro, das Forças de Segurança, dos militares, dos médicos e de todos os outros trabalhadores portugueses, são para mim absolutamente justas, independentemente do mal-estar e transtornos que me possam causar, porque sei o que é viver com uma importância semelhante, sem qualquer aumento desde 2006 (!!!) e, por incrível que pareça, recebendo menos cerca de 130 euros, relativamente ao montante com que me reformei em 2006 (!!!)

Acho que os governantes portugueses deviam ter vergonha por tratarem tão mal os trabalhadores portugueses, autênticos escravos, muito mal remunerados (roubados) para eles poderem enriquecer da noite para o dia e gozarem com a nossa cara todos os dias.