Ao nascer, todo o ser humano tem uma única certeza: é que vai morrer e sem saber quando e onde. Essa incerteza vai acompanhá-lo ao longo da vida porque nunca saberá se vai morrer aos 19, aos 30, aos 50, aos 75, aos 90 ou aos cento e tal anos.
É por isso impossível que o ser humano não pense na morte ao longo da sua vida, tanto mais que no seio da sua família e amigos, vai assistindo ao desaparecimento dos mais velhos e, por vezes, até dos mais novos, vítimas de doenças, acidentes e outros fenómenos.
Sendo a morte uma coisa tão natural, creio que devia ser aceite e celebrada também de forma natural, sem todas aquelas cerimónias fúnebres, num ambiente pesado e triste. Também não compreendo porque se oferecem flores ao defunto, quando expirou a sua convivência entre os vivos e já nada sente ou reconhece.
Seria muito mais compreensível e gratificante que a família do falecido entregasse a uma instituição de caridade todo o dinheiro que foi gasto em flores e noutros detalhes supérfluos, em memória do morto, pois dessa forma poderia ajudar muitas pessoas necessitadas.
A morte não é celebrada da mesma forma em todas as regiões do mundo e há até quem se despeça do morto em ambiente de festa, cantando, dançando, bebendo e comendo. Alguns povos africanos têm essas tradições. Como europeu católico, não iria tão longe, mas de facto acho que não é necessário realizar cerimónias fúnebres tão sumptuosas quando o corpo, já sem vida, é sepultado ou cremado. Tudo devia ser mais simples e normal, sem choros e tristezas porque a morte é a coisa mais certa desde o nascimento das pessoas. "Lembra-te Homem que és pó e ao pó hás de voltar.
Como qualquer ser humano, também eu penso na morte e um dia destes tive um sonho com o meu funeral e reclamei com as pessoas que me estavam a colocar no caixão de barriga para cima, dizendo-lhes: por favor, não me deitem de barriga para cima porque tenho muita dificuldade em respirar e posso morrer.
De facto, eu não consigo dormir de barriga para cima, porque tenho muita dificuldade em respirar e este facto que é real, foi transportado para o meu subconsciente e vivido em sonho, na forma de pesadelo.