A cerca de um ano da eleição presidencial, já não se fala de outra coisa na comunicação social. As televisões dedicam ao tema uma parte substancial da sua programação.
É fastidioso ouvir diariamente a repetição dos mesmos comentários, feitos por comentadores desprovidos de qualquer pingo de isenção e movidos por doentio facciosismo ideológico que lhes tolda a vista e atrofia o raciocínio e, por isso mesmo, não têm qualquer pudor em distorcer a verdade dos factos, de forma absolutamente escandalosa, defendendo descaradamente gente mafiosa da mesma cor.
Parce que as televisões têm muita dificuldade em preencher o seu tempo de emissão e, por isso, à falta de melhor, pegam no tema presidencial a um ano de distância e exploram-no até à exaustão, massacrando as pessoas com tanta repetição.
Os comentadeiros trazem para o debate presumíveis candidatos que ainda não são candidatos e ninguém sabe se chegarão a ser. ou não pertencem à sua cor política. No entanto, esses presumíveis candidatos, especialmente aqueles que não interessam ao Sistema , são severamente escrutinados e zurzidos pelos comentadores de serviço, na tentativa de os descredibilizar perante os eleitores.
Marques Mendes apresentou a sua candidatura onde exaltou as suas ímpares qualidades políticas e todas as virtualidades dos cargos que ocupou ao longo da sua carreira, mas não se esqueceu de atacar outros potenciais candidatos, nomeadamente o seu mais sério adversário, o Almirante Gouveia e Melo, afirmando que o cargo de Presidente da República é eminentemente político e que deve ser desempenhado por políticos.
Marques Mendes esqueceu-se de referir que o general Ramalho Eanes não era político e foi o melhor Presidente da República da era democrática.
O candidato Marques Mendes atacou alguém que ainda não apresentou a sua candidatura nem tão pouco disse se irá ser candidato. Nesse sentido, as suas críticas ao Almirante, são no mínimo extemporâneas e pouco abonatórias da ética que apregoa e da qual se ufana.
O almirante Gouveia e Melo escreveu recentemente um artigo no Expresso em que responde, de certa forma, ao ataque de Marques Mendes, definindo o que são os poderes do Presidente da República e para que servem, desmontando a sua tese de que "o cargo de Presidente da República é eminentemente político e deve ser desempenhado por políticos".
Mas Gouveia e Melo diz que o seu posicionamento político se "situa entre o socialismo e a social-democracia, defendendo a democracia liberal como regime político". Diz ainda que "na conjuntura actual, um presidente sem a independência necessária afunila a democracia. Por isso, a bem do sistema democrático, devemos querer um presidente isento e independente de lealdades partidárias".
Gouveia e Melo, adverte ainda: "vivemos tempos perigosos, com actores poderosos a tentar subverter a ordem mundial em função dos seus interesses. (...) Agora, mais do que nunca, a liderança, a capacidade de decisão e a coesão nacional poderão revelar-se factores críticos para o sucesso".
Gouveia e Melo salienta o facto de ser independente de partidos e que ser militar não é impeditivo e até será importante no contexto actual.
O Almirante respondeu categoricamente aos seus críticos e, de facto, não tendo ainda anunciado a sua candidatura, ela ficou bem patente no artigo que escreveu no Expresso.
As sondagens dão a Gouveia e Melo um avanço confortável sobre todos os possíveis candidatos porque os portugueses não querem figuras ligadas ao Sistema onde cresceram e viveram, atolados em compadrio, amiguismo, neputismo e corrupção. Os portugueses não esquecem os 50 anos de regime democrático que relegaram Portugal para a cauda da Europa e empobreceram os portugueses com os salários mais baixos da CEE.
Agora, Marques Mendes e os seus pares, já sabem a linha de orientação do Almirante relativamente à Presidência da República, pelo que vão ter uma tarefa hercúlea para o destronar da posição confortável que ocupa e na qual eu não acredito, porque os portugueses não querem candidatos do Sistema.
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