segunda-feira, 14 de julho de 2025

HERÓIS SILENCIOSOS

 


Em memória de DIOGO JOTA 

e de seu irmão ANDRÉ SILVA

Partiste na curva onde o destino,
cruel e cego, te calou a voz.
Ficou o silêncio... e o hino
que agora vive dentro de nós.

Regressavas, como quem sonha,
ao campo, à entrega, à paixão.
Discreto, de alma risonha,
levavas o mundo no coração.

Foste grande sem o querer,
herói sem glória fabricada.
Sabias dar, sabias ser —
tua humildade era a tua espada.

O mundo chorou-te em uníssono,
das bancadas ao mais simples lar.
Não eras só craque, eras símbolo
de como é nobre saber doar.

A tua mão estendida ao outro,
os gestos sem câmara nem vaidade,
valem mais do que qualquer troféu,
falam mais alto que a fama ou idade.

Mas hoje, o que mais nos dói,
é ver o vazio em tantos olhares.
Perder dois filhos... que açoite feroz
para pais rendidos a altares.

Para a esposa, para os amigos,
ficam memórias, risos suspensos,
abraços que já não se deram,
e os ecos de dias imensos.

Mas não partiste só — levaste contigo
o irmão, companheiro e farol.
Dois astros, lado a lado no céu,
a brilhar no mesmo sol.

E nós cá ficamos, em pranto sereno,
gratos por tudo o que semeaste:
tua entrega, tua bondade,
e a luz que jamais se apagará
.

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