segunda-feira, 4 de maio de 2009

Será Salazar o culpado de tudo quanto ainda hoje acontece?

O regime implantado em 25 de Abril de 1974, criou monstros tão ou mais horrorosos do que aqueles que existiam no tempo da ditadura.
Não lhes vamos chamar fascistas porque esses acabaram todos, por obra e graça do Espírito Santo, na madrugada de 24 para 25 de Abril de 1974, passando a ser anti-fascistas e revolucionários e todos com pelo menos uma história de tortura, perpetrada pelos energúmenos da PIDE/DGS.
Se atentarmos nas promessas que essa classe revolucionária fez ao povo, depressa se concluirá que uma grande parte não foi cumprida e que quem mais beneficiou com a revolução de Abril, foram a maioria dos privilegiados do anterior regime.
Este ano, nas comemorações do 25 de Abril, falou-se das centenas de milhar de desempregados, na falência de Empresas, na dificuldade em suportar as prestações da compra de habitação, no aumento exponencial da pobreza, na falta de segurança, do aumento assustador dos crimes violentos, dos graves problemas na Justiça, incapaz de fazer justiça, no enriquecimento ilícito de quem detem o poder, na corrupção, na promiscuidade reinante entre o Estado e as grandes Empresas e, de uma maneira geral, no turbilhão de problemas que afectam a sociedade portuguesa.
Quer tudo isto dizer que os objectivos do 25 de Abril: um regime livre e democrático, sem exploração do homem pelo homem, igualdade de tratamento e distribuição equitativa da riqueza, gritados com grande euforia ao povo, não passam de uma miragem e milhões de portugueses sofrem diariamente na pele essas consequências.
Então os responsáveis que ao longo de 35 anos, desbarataram recursos gigantescos do País e outros que chegaram da CEE que davam para modernizar e fazer prosperar dois Países da dimensão de Portugal e que devido à sua incompetência e irresponsabilidade nos puseram nesta difícil situação, o que é que são? O que é que lhes devemos chamar?
Só incompetentes e irresponsáveis, é muito pouco, atendendo ao que se vê e se houve, todos os dias, acerca da honestidade de governantes, autarcas, banqueiros, empresários, administradores, responsáveis pela Justiça, etc.
Por incrível que pareça, são estas pessoas que assim procedem, que passados mais de 40 anos, sobre a morte de Salazar, o continuam a culpar por todas as desgraças que hoje acontecem e a apelidá-lo de ditador, fascista, déspota e tirano e que ainda recentemente, por causa de um Largo que os seus conterrâneos quiseram inaugurar no dia 25 de Abril, para o homenagear, ouvi e li as mais inconcebíveis, bárbaras e ofensivas declarações.
Depois do 25 de Abril já vi traidores e criminosos serem indultados e condecorados e corruptos e ladrões delapidarem o erário público sem que nada lhes acontecesse.
Então porque se continua a perseguir e a ofender quem em vida deu exemplos de humildade, nobreza, honradez, desprendimento, patriotismo, dedicação e devoção à Pátria e que fez tudo com a firme convicção de que estava a fazer o melhor para Portugal?
Salazar serviu o Estado, não se serviu do Estado. Durante 40 anos dedicou-se lealmente, de alma e coração à governação do País, para o qual granjeou respeito, prestígio e uma situação económica invejável; ainda hoje, as importantes reservas de ouro que Salazar nos legou, mesmo depois de terem sido substancialmente delapidadas, após o 25 de Abril, dão suporte e garantia ao papel-moeda em circulação e servem de caução para outros compromissos financeiros do Governo Português no estrangeiro.
Não acumulou riqueza, morreu mais pobre do que quando, pela primeira vez, em 1928, tomou posse da pasta das finanças. Não teve tempo para namorar e, por isso, morreu solteiro, sem deixar descendência, aos 81 anos de idade, tendo vivido os dois últimos anos, mentalmente diminuído, por ter caído de uma cadeira.
Este Homem inteligente, simples e discreto que escolheu viver uma vida extremamente modesta, não se coibia de usar meias-solas nos sapatos, fatos coçados e lustrados, camisas muito usadas e completava a indumentária com o célebre chapéu de três bicos, também ele com muitos anos de uso.
Se os revolucionários de Abril tivessem seguido o exemplo de António de Oliveira Salazar, pelo menos no que diz respeito a seriedade e honradez e tivessem poupado e aproveitado tão bem como ele os recursos económicos, Portugal teria sido no pós-25 de Abril um colosso de riqueza e prosperidade e não teria havido necessidade de desbaratar dezenas de toneladas de barras de ouro, enfraquecendo o valor da moeda portuguesa que até ali dava cartas, fatalidade que obrigou depois, aquando da entrada na CEE, os portugueses a comprar um euro por 200 escudos mais 48,2 centavos, ficando logo à partida muito mais pobres do que eram e, desde então para cá, toda a gente conhece a história: dos milhões de milhões que entraram em Portugal, só alguns tiraram verdadeiro proveito.
Mas voltando a Salazar, é bom lembrar que não governou sozinho; colaboraram com ele, ao longo de quatro décadas, as mais proeminentes figuras do seu tempo e que se saiba, não havia desalinhados, todos aprovavam por unanimidade os seus programas de governo e todas as medidas que anunciava.
Se o regime de Salazar se aguentou durante quatro décadas, foi porque o povo, as forças políticas e militares o permitiram, caso contrário, teria sido deposto muito mais cedo, como ficou demonstrado no golpe militar do 25 de Abril, em que os governantes se renderam incondicionalmente às forças revolucionárias, sem oferecer qualquer tipo de resistência e sem ter sido disparado um único tiro, tendo servido as armas para enfiar no seu cano, o caule dos cravos vermelhos.
Até na rendição foram dignos. Não exigiram nada em troca e aceitaram o exílio a que foram sujeitos, evitando com tão nobre gesto o derramamento de sangue e demonstrando, afinal que estavam muito mais interessados na defesa da integridade e bem-estar do povo do que na conservação do Poder.
Por razões que a razão desconhece, os revolucionários de Abril, não pretendiam negociar e obter do sucessor de Salazar, o Prof. Marcelo Caetano, mesmo que numa posição de força, mudanças significativas na governação do País mas tão-somente conquistar o poder a todo o custo e a qualquer preço.
Para as suas desmedidas ambições, os governantes do anterior regime, tiveram a resposta adequada: se é o poder que pretendem, quem somos nós para o impedir? Entrem, façam favor, sirvam-se à-vontade, a casa é toda vossa, nós estamos de saída.
O que depois aconteceu, também não é segredo e já todos os portugueses sabem mas uma coisa é certa, se no anterior regime se cometeram erros, desmandos e muitas injustiças, tenhamos a honestidade de reconhecer que no pós-25 de Abril, os governantes que chegaram ao Poder, agora com muitas mais responsabilidades perante o povo, devido às imensas promessas que lhe fizeram, também não lhes ficaram atrás e devido aos muitíssimos erros cometidos e também, porque não dizê-lo, à sua enormíssima incompetência, Portugal continua um País sucessivamente adiado, provavelmente à espera que num dia de cerrado nevoeiro, saia finalmente do seu interior, envolto num manto branco, o tão "Desejado" Salvador, D. Sebastião.
Até lá e enquanto isso não acontece, não deixem de sonhar com essa possibilidade, os ciclos não são eternos...






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