segunda-feira, 4 de maio de 2009

Sampaio continua a combater Santana

O ex-Secretário Geral do PS e ex-Presidente da República, Jorge Sampaio foi, é e será, um fervoroso adepto do clube da rosa; e de forma tão vincada que nem mesmo no desempenho da mais alta magistratura da Nação, foi capaz de despir a camisola.
Recentemente, uniu-se ao nobel da literatura José Saramago, no apelo em forma de petição para que PS e PCP concorressem coligados nas próximas eleições à câmara de Lisboa, isto porque os dois concluíram que só uma coligação deste tipo poderá ter força para fazer face à ameaça da coligação liderada por Pedro Santana Lopes.
Isto prova que Santana Lopes vai ter de continuar a contar com o ex-Presidente da República como adversário, mas desta vez inofensivo, já sem qualquer perigo porque já não detém o poder que lhe permitiu, de forma arbitrária, pôr termo ao XVI Governo Constitucional, do qual foi Primeiro Ministro.
Jorge Sampaio já não tem qualquer poder, nem mesmo para influenciar a formação de uma coligação de esquerda como muito desejaria. Porém, ao empenhar-se assim, de forma tão visível, na luta contra a candidatura de Santana Lopes, o ex-Presidente demonstra mais uma vez que a dissolução da Assembleia da República só aconteceu porque não gostava dele e porque outros interesses estavam em causa.
Uma coisa é certa, ao dar a cara de forma tão frontal, o ex-Presidente da República pode estar a contribuir para uma vitória muito mais saborosa de Santana Lopes que não deixará de associar a sua intervenção fracassada à derrota dos adversários.
Por outro lado, é também curiosíssima a posição do ex-Chefe de Estado ao declarar que "o Bloco Central pode ser uma realidade necessária após as eleições", numa altura em que ainda nem sequer a data das mesmas foi marcada.
A esta distância, já não acredita numa vitória? Ou pelo contrário, está a querer dar a entender que defende a estabilidade quando na verdade, fez precisamente o contrário, ao demitir um Governo com apoio parlamentar maioritário e com todas as condições para fazer um trabalho bem melhor do que o actual?
Jorge Sampaio ao pretender, a todo o custo, provocar eleições antecipadas, numa conjuntura em que sabia perfeitamente que o PS iria sair beneficiado, à falta de razões políticas válidas e objectivas para tomar tal atitude, imitou a fábula do lobo e do cordeiro: acusou sem haver factos incriminatórios; ou melhor, falou numas pretensas trapalhadas que até hoje ninguém compreendeu, a não ser alguns correligionários do Partido beneficiado.
Tal como o cordeiro, também Santana Lopes estava antecipadamente condenado, não por lhe ter turvado a água, porque nunca beberam no mesmo regato, mas por fazer muita sombra às ambições do seu Partido.
Ao constatar a enorme crise económica que se vive em Portugal, é legítima a interrogação: a crise não terá tido origem nessa despropositada e desnecessária actuação do ex-Presidente da República?
E quanto a trapalhadas, este Primeiro-Ministro não bateu já todos os recordes? Para ser demitido, bastava que Cavaco Silva actuasse com o mesmo rigor e isenção que Sampaio utilizou para demitir Santana Lopes.
De facto, a política é mesmo porca e, neste caso, cheira mesmo muito mal.

1 comentário:

Manuel Carmo Meirelles disse...

É uma perseguição política intolerável. É caso para dizer: deixem o homem em paz.