sábado, 6 de fevereiro de 2010

QUEM SEMEIA VENTOS COLHE TEMPESTADES


José Eduardo Moniz, o ex-Director-Geral da TVI, foi uma das vítimas de Sócrates e, nesse sentido, depois de tomar conhecimento das notícias vindas a público no SOL, sobre o plano para manietar e controlar a comunicação social, escreve hoje no Correio da manhã, aquilo que pensa sobre a actuação do Primeiro-Ministro e diga-se, em abono da verdade que não é nada meigo.

Porque há de facto, neste momento, uma multidão imensa de portugueses que reprovam o comportamento do Primeiro-Ministro e pensam exactamente como o ex-Director-Geral da TVI, não posso perder a oportunidade de publicar o artigo no meu blogue, fazendo também minhas as suas palavras. Eis o seu artigo:


Avaliação Contínua
Sem olhos vendados...

'Vergonha.’ É a primeira palavra que me ocorre para descrever o estado do País. Sobretudo depois de, ontem, ver confirmado, através da divulgação de escutas do caso ‘Face Oculta’, o entendimento que o primeiro-ministro tem da liberdade da Informação e também das liberdades individuais. O que o ‘Sol’ descreve sobre a operação para manietar e controlar a Comunicação Social revela o inacreditável desrespeito do homem que há anos governa Portugal por aquilo que são princípios elementares da democracia. Não olha a meios para atingir fins e não hesita em mentir se necessário.
.
O processo relacionado com a TVI tem contornos kafkianos. Se a intervenção de Armando Vara não se estranha, o papel a que a PT se prestou, com o envolvimento activo de um seu administrador, homem de mão do primeiro-ministro, e a cumplicidade do próprio Zeinal Bava, é inadmissível. Estamos perante um polvo que se mexe conforme os propósitos cegos de um homem que quer a qualquer custo agarrar o Poder. Por razões óbvias, relacionadas com os meus actuais compromissos profissionais, inibo-me de fazer considerações sobre aquilo que comigo ocorreu, embora eu seja o tal 'gajo' que era preciso 'limpar'. O que se passou contei à ERC, como era minha obrigação. Quanto ao fim do ‘Jornal Nacional’, confirma-se o que há tempos escrevi: é um escândalo resultante de deliberada acção de silenciamento que resultou de um conluio entre Governo e accionistas da empresa. Há, agora, que cobrar responsabilidades, sem olhos vendados nem ouvidos tapados. Fico à espera para ver o que a Entidade Reguladora irá fazer. Uma pessoa com as deficiências de carácter como as que José Sócrates já não consegue esconder não pode ser chefe de governo. Aqui ou em qualquer país minimamente civilizado. Se estivéssemos nos EUA, o primeiro-ministro e toda a sua ‘entourage’ há muito que teriam sido impiedosamente despedidos. A democracia americana possui mecanismos de autodefesa que não pactuam com situações deste tipo nem com gente assim, que acha possível fazer o que quer e lhe apetece com a vida dos cidadãos e das empresas. É bom que Cavaco Silva leia com atenção o que foi divulgado e que exija esclarecimentos. O Presidente da República não foi eleito para se tornar uma esfinge no universo da política portuguesa. Dele se espera que seja um garante de valores essenciais para a solidez da democracia, entre os quais a transparência e a lealdade. Não é de mais lembrar-lhe essas obrigações.
.
Com o filme de suspense de baixa categoria e péssimos actores que o Governo faz com o caso da Lei das Finanças Regionais, e numa altura em que os nossos governantes tanto falam da necessidade de credibilidade perante o exterior, mais a situação se agrava, sendo conveniente não se esquecer que, embora o País se assemelhe actualmente a um cinema decadente, convém evitar a sua derrocada.

1 comentário:

Unknown disse...

Hoje todos manifestamos a nossa indignação.
Sócrates não mudou e já todos tinham provas suficientes das suas habilidades.
Pergunto porque ainda votaram nele e no seu programa... ainda há tão poucos meses....?
Confesso meu amigo que estou sem entender nada.
Aqui em casa somos quatro. Todos temos visões diferentes.
Só estamos em acordo que nenhum dos actuais políticos presta.
Sócrates é habilidoso e vai provar que todos nós é que estamos errados