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De facto, o povo quando está desesperado e não confia em quem tem a missão de governar a nau, embarca em qualquer jangada que lhe apareça pela frente sem se preocupar se tal embarcação se diferencia das demais e tem a robustez necessária para lhe garantir uma viagem estável e tranquila até ao porto de destino.
Há falta de melhor, o povo agarra-se a qualquer tábua de salvação na esperança que aconteça algum milagre. Todavia, experiências idênticas em anteriores eleições, demonstraram que de uma cepa ruim não se pode fazer uma boa cepa e de uma jangada não se pode conceber um barco seguro.
Nestas eleições europeias emergiu uma figura conhecidíssima dos portugueses, pelo seu excessivo protagonismo como bastonário da Ordem dos Advogados, uma verdadeira máquina acusatória e denunciadora de toda a espécie de esquemas fraudulentos e de corrupção que depois, tanto quanto sei, não chegavam a ser confirmados. É caso para dizer: imensa parra e nada de uvas.
Em minha modesta opinião, o ex-bastonário da Ordem dos Advogados, em muitos casos, ultrapassou a fasquia do tolerável porque não levou até às últimas consequências as graves acusações e denúncias que propalou e que provavelmente não faria se não tivesse a protecção do cargo que desempenhava.
Há muitas formas de dar nas vistas pela negativa e, neste caso, o ataque, a acusação e a denúncia, a título gratuito, foram os ingredientes que inteligentemente introduziu no seu discurso altivo e agressivo para captar a simpatia e a atenção dos portugueses que, como é sabido, gostam de quem denuncia os malfeitores.
Esta foi a melhor forma que encontrou para fazer "publicidade" à sua pessoa e tornar-se conhecido em todo o País. Todos se lembram que o ex-bastonário da Ordem dos Advogados era convidado com frequência pelas diferentes televisões para colóquios, entrevistas e debates e todos recordarão, com certeza, algumas intervenções polémicas como aquela que protagonizou na TVI com a jornalista Manuela Moura Guedes.
Na verdade, essa sua postura demagógica e populista, enquanto bastonário, não parece ter sido mal interpretada pelos portugueses que nestas eleições europeias lhe ofereceram cinco anos dourados no Parlamento Europeu, dando ao MPT uma percentagem de 7,15% e 2 deputados eleitos, quando na eleição anterior obtivera 0,66% dos votos.
Perante os resultados, é inegável concluir que o MPT deve este súbito crescimento à presença do ex-bastonário, o qual, segundo os meios de comunicação, fez uma campanha de proximidade muito esforçada e positiva.
Fico a aguardar os próximos capítulos e em especial o seu desempenho no Parlamento Europeu.