sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

E DEPOIS DE SALAZAR, É TUDO PERFEITO?


Conheci o homem pessoalmente quando tinha os meus 13 anos de idade, um dia, no longínquo ano de 1963, numa deslocação que fez a Vila do Conde para inaugurar já não me lembra bem o quê. Sei que estava ali alinhado, na Avenida, próximo da ponte sobre o Rio Ave, juntamente com centenas de estudantes e que o homem saiu do seu carro preto, enfiado no seu velho fato escuro, camisa branca e chapéu de aba preto, de três bicos e percorreu a pé um itinerário de aproximadamente 100 metros, sorrindo e saudando a multidão que lhe dispensava ruidosa salva de palmas à sua passagem.

Pessoalmente, tinha Salazar como um homem bom mas depois do que ouvi sobre ele, após o 25 de Abril de 1974, sobre os horrores que lhe foram imputados pelas forças revolucionárias de esquerda, decidi nunca mais falar do seu nome, nem para o bem nem para o mal.

Porém, passados todos estes anos, fui-me apercebendo de que nem tudo aquilo de que o acusaram corresponde à verdade e muitos daqueles que o enxovalharam e lhe atribuíram toda a espécie de crimes, especialmente aqueles que depois do 25 de Abril alcançaram lugares importantes na governação do País, deviam ter vergonha de algumas das acusações que lhe fizeram porque, segundo rezam as crónicas, Salazar era uma personalidade eloquentíssima, extremamente educada e extraordinariamente culta, um eminente Estadista e um verdadeiro Prof. de Finanças Públicas.

Salazar tirou o seu curso de direito com a média final de 19 valores e fez o doutoramento também com elevado brilhantismo. Era uma personalidade considerada e respeitada no Mundo inteiro, em função do que foi a sua carreira política como Ministro das Finanças e Presidente do Conselho de Ministros. Em tempo de grande crise, com o deflagrar da Segunda Guerra Mundial, Salazar teve a arte e o engenho de não envolver Portugal nessa disputa, evitando o martírio dos militares e o sofrimento e a angústia das suas famílias. Se Portugal passou por algumas dificuldades económicas, o que não teria acontecido se Portugal tem entrado na guerra, apoiando um dos beligerantes.

Mas como eu ia dizendo, depois do que tenho observado no regime democrático do pós 25 de Abril de 1974, não vejo porque razão hei-de continuar a omitir o nome daquele que governou o País durante cerca de quarenta anos, que fez do escudo uma das moedas mais fortes do mundo e, simultâneamente, granjeou o respeito e a admiração dos Estadistas mundiais da época, tanto mais que é meu dever honrar a memória de todos aqueles que se empenharam e trabalharam, em vida, para o progresso e prestígio de Portugal.

Salazar foi um Governante honesto e honrado que sempre colocou os interesses de Portugal acima de quaisquer outros e morreu mais pobre do que quando chegou ao Poder para tomar conta da difícil pasta das finanças. Foi um homem humilde e discreto, mantendo-se sempre longe das luzes da ribalta, nada dado a luxos nem a grandes divertimentos. O seu divertimento era o trabalho e a sua grande paixão, o patriotismo que nutria pela Nação Portuguesa.

Ao contrário da grande honestidade, competência, conhecimento e responsabilidade que sempre caracterizaram Salazar, os actuais governantes não estão minimamente preparados para exercer os cargos que ocupam ao serviço do Estado e essa impreparação e incompetência tem reflexos desastrosos no actual estado da economia do País.

Actualmente, os governantes, em vez de seguirem os bons exemplos que Salazar nos legou, procurando fazer esquecer aqueles em que ele foi menos bom, por incrível que pareça, após 35 anos de regime democrático, estão a fazer sistematicamente o contrário: trocam a sua simplicidade pela muita importância que atribuem a si próprios; a humildade pela arrogância e prepotência; a educação e boas-maneiras pela ofensa, pela intriga e pelo insulto; a honestidade pelos jogos de interesses e pela corrupção; a honradez nos actos e nos compromissos pela mentira e pela vergonhosa falta de palavra; a discrição pela doentia obsessão de aparecer sempre onde não são chamados e dar nas vistas; e, finalmente, colocar acima dos interesses do País, os seus interesses pessoais, dos seus familiares e amigos, mesmo que o déficit suba aos 10 ou 15% e Portugal passe a ser considerado, no contexto das nações, como um qualquer Estado terceiro-mundista.

Salazar viveu e governou noutro tempo e noutras circunstâncias, nada comparáveis ao mundo de hoje. Salazar não governou sozinho. À sua volta desfilaram os intelectuais mais prestigiados da época e as Forças Armadas e o Povo sustentaram e apoiaram a sua governação. Aparentemente, nunca houve grandes contestações ou tentativas para derrubar o seu regime autoritário e só por isso se manteve 40 anos no Poder.

A provar o que digo, está o facto de se ter dado o golpe militar do 25 de Abril de 1974, sem que o tenebroso regime fascista tivesse oferecido qualquer resistência, tendo imediatamente resignado e abandonando o Poder a caminho do exílio.

Não há nada como o passar do tempo para curar certas feridas, desvanecer as diferenças e aclarar conceitos e ideias. Hoje, Salazar já não é visto com os mesmos olhos dos revolucionários de Abril que tão mal o trataram e quantos mais anos passarem mais limpa ficará a sua imagem, se nos lembrarmos que os actuais governantes ofendem gravemente todos os dias os princípios básicos da democracia, enganam o povo e só lhes pedem sacrifícios, esbanjam os dinheiros públicos e distribuem-no pelos que os apoiam, asfixiam economicamente e endividam tragicamente o País e o que ainda lhes vai valendo no plano internacional, para fazer face a alguns compromissos financeiros é, paradoxalmente, as cerca de mil toneladas de ouro que Salazar deixou na Casa Forte do Banco de Portugal.

Nos últimos 42 anos, após a sua morte, a credibilidade financeira do País tem sido suportada pela riqueza que ele acumulou e nos legou. Infelizmente toda essa riqueza tem vindo a ser delapidada e só o actual Governador do Banco de Portugal já vendeu mais de 220 toneladas, não restando actualmente mais de 300 toneladas do ouro de Salazar.

Revolucionários, historiadores e povo em geral, deviam ser mais sensatos e justos na apreciação da vida e da obra de Salazar.

1 comentário:

Unknown disse...

Bom dia
O tema Salazar será sempre controverso.
Conheci-o nos bancos da escola Primária onde os professores nos falaram dele com respeito-1954
Voltei a conhecê-lo aos 20 quando me foi entregue um envelope para ir votar no domingo seguinte e teria de levar aquele envelope para depositar na urna. Os votos eram distribuídos antes das eleições.
Voltei a ouvir falar dele quando adoeceu e morreu.
Há um comentário muito breve do meu Professor de português no antigo 6º ano e que nunca mais esqueci:
Salazar foi um bom político e elevou Portugal ao nível da Europa.
Depois de muitos anos no poder as suas energias não se renovam e são cercados de pessoas de índole má.
Foi toda essa gente que à sombra de Salazar fez torturas, prisões e mortes. Muitos ficaram órfãos e na maior miséria. A PIDE eram o olhos desse polvo que controlava todos os movimentos. Os nossos amigos viraram a inimigos e as cadeias encheram-se de pessoas de bem.
Quando regressei da Guine em 1974, Serviço Militar obrigatório procurei saber algo mais de Salazar e concluo sempre da mesma maneira.
O poder corrompe as pessoas e as mentalidades, mas se elas já são más então estamos tramados.
Os altos cargos do Governo da Nação não podem ser deixados nas mãos de gente sem princípios, moral, honestidade e honradez.
Não podem deixar ir para o poleiro, pessoas sem alma de Portugal e de Português, cegos pelo poder e pelos amigos sem vergonha nem respeito por todos os outros que trabalham e que constroem cada dia um país melhor.
Já escrevi demais.
Um abraço