sábado, 28 de setembro de 2013

SINDICATOS & SINDICALISTAS

 SÓ OS SINDICATOS CONSEGUEM FAZER OMELETES SEM OVOS!!!
 
Imagem retirada do Google

No meu tempo, a generalidade dos empregos exigia 8 ou mais horas diárias, os trabalhadores rurais trabalhavam de sol a sol e os funcionários públicos até trabalhavam ao sábado. Não havia estruturas sindicais para defender os trabalhadores nem organizações para fiscalizar e condenar os maus tratos e o trabalho infantil. Tudo era permitido. Era comer e calar; obedecer e trabalhar.

Era um tempo em que não havia grandes regalias sociais nem grandes ordenados mas havia trabalho, muito trabalho, para quem quisesse trabalhar e viver honradamente. Era fácil arranjar mais do que um emprego, e dessa forma atenuar as dificuldades de quem recebia um magro vencimento.

Lembro-me como foi a minha infância e a da maioria das crianças que viviam nas aldeias do interior. Foi uma vida dura, sofrida, sem afectos nem divertimentos e repleta de carências de toda a ordem. Mas foi também uma grande lição de vida que me ajudou a crescer precocemente e a moldar o carácter, alicerçado em fortes padrões éticos e morais, onde o respeito pelos outros é condição essencial.

O trabalho nunca fez mal a ninguém e actualmente há regras de protecção aos trabalhadores que os nossos progenitores não tiveram durante o antigo regime e aguentaram estoicamente, trabalhando no duro, sem condições, para nos legarem um Portugal sem dívidas e com a casa forte do Banco de Portugal recheada com perto de um milhão de quilos de ouro, o qual, infelizmente, foi quase completamente desbaratado pelos sucessivos governos democráticos(?), os quais construíram também, ao mesmo tempo que delapidavam o precioso metal, criminosa e escandalosamente, uma dívida pública monstruosa de cerca de 205,7 mil milhões de euros!!!
 
Ao longo das quase quatro décadas de democracia(?), as estruturas sindicais lograram alcançar regalias sociais e significativos aumentos salariais, ao mesmo tempo que reivindicavam e conseguiam reduzir os horários de trabalho. Tal prática, acrescida do péssimo desempenho de políticos e governantes, veio a revelar-se desastrosa para o País, contribuindo decisivamente para a difícil situação económica em que se encontra, já que o aumento exponencial da despesa não foi acompanhado de igual aumento na criação de riqueza, alcançando a população portuguesa, nesse período, um nível de vida que não tinha sustentação nas estruturas económicas do País e por isso, a dívida pública disparou para valores incomportáveis que levaram ao colapso financeiro e à inevitável intervenção da TROIKA.
 
Essas estruturas sindicais, nem sempre agindo com a equidade e a sensibilidade necessárias perante os problemas dos trabalhadores, das empresas e do País, agravaram, em muitos casos, os problemas dos trabalhadores em vez de contribuirem para a sua resolução.

Neste momento estão em luta contra o diploma do Governo que pretende  alargar o horário de trabalho para as 40 horas semanais e ao longo do ano, de uma maneira geral, estão contra todas as iniciativas legislativas que os governantes têm tomado, numa situação de emergência nacional em que é necessário e urgente adoptar medidas que proporcionem o aumento da produtividade e a diminuição da despesa, para ajudar o País a sair da dramática situação económica em que se encontra e arranjar condições para devolver os empregos a centenas de milhar de trabalhadores que durante este período negro da crise viram as empresas onde ganhavam o seu sustento falir e fechar as portas.

O mundo sindical lusitano dá a impressão que vive noutro planeta, completamente desfezado da realidade portuguesa, adoptando uma postura incompatível com a conjuntura de crise do País  e dirigindo aos trabalhadores um discurso vazio de conteúdo, irrealístico, como que advogando e fazendo crer que é possível fazer omeletes sem ovos, arrastando muitas vezes os trabalhadores para lutas que só os prejudicam.

O que é que fizeram os sindicatos para evitar esta trágica crise? E o que fazem os sindicatos para devolver os empregos a quem os perdeu? E o que fazem os sindicatos para distribuir comida a quem tem fome? E o que fazem os sindicatos aos portugueses que precisam de assistência médica e medicamentosa? E que solução têm os sindicatos para ajudar na recuperação das empresas que faliram e para evitar que outras venham a ter o mesmo destino?

A resposta é óbvia: NADA.

Apenas protestar, dizer mal e reivindicar e não contribuir de maneira responsável para a resolução dos problemas, não é decerto a melhor forma de ajudar o País e os trabalhadores portugueses, para além de ser entediante e cansativo assistir diariamente e consecutivamente ao longo do ano à reprodução da mesma cassete.

O mundo sofreu grandes alterações nas últimas décadas e os sindicatos não vêem isso. Empresas onde eram necessários 200 trabalhadores para dar conta do serviço, hoje fazem esse mesmo serviço, ainda com mais eficácia, com apenas duas dezenas de trabalhadores.

Porém, o número de sindicalistas não diminuiu, antes pelo contrário. O lugar não deve ser assim tão mau porque eu conheço inúmeros sindicalistas que andam nessa vida desde os primórdios da democracia e aí fizeram carreira.

Políticos e governantes têm sido os principais coveiros deste maravilhoso País mas o mundo sindical também tem cometido imensos erros e ajudado ao descalabro. Por este andar, não tardará muito em que os sindicalistas serão em maior número que os trabalhadores, pelo que as suas lutas servirão, em grande parte, para salvaguardar os seus próprios tachos.
 
 

1 comentário:

Oswaldo Jorge do Carmo disse...

Exmo Senhor
Autor desta Publicação
Lisboa

Exmo Senhor,

Muita Gente não vai gostar do que eu vou escrever. Eu confirmo tudo o que V. Excelência, esceveu.

O que eu via, quando trabalhava, era uma luta contínua para a melhoria das condições dos Sindicalistas ficando, normalmente, os restantes, a ver navios.

Mas existe, até hoje, uma coisa mais grave: Estes Senhores ainda não repararam que, ao existirem numa grande Empresa, dezenas de Sindicatos, estão a fazer o velho Jogo de "dividir para reinar". Ou seja, estão a fazer o jogo do Patrão.

Não se defenderiam melhor, os interesses dos Trabalhadores se, em vez de existirem os actuais trinta Sindicatos, numa grande Empresa, existisse, como no tempo da outra Senhor, um Sindicato que respondesse por todos os interessados?

Tenho a impressão que se defendiam melhor os interesses dos Trabalhadores, antigamente, que agora!

Parece que, na Ex- Província Ultramarina, de Angola, com o SNECIPA, os interesses eram melhor salvaguardados!!!!

Depois, como o Autor, muito bem, diz, as condições internas e externas, mudaram. Actualmente, com a progressiva sofisticação das Máquinas, em todas as Áreas da Industria, onde havia cem trabalhadores, passou a haver dez!

Infelizmente, para nós, uma grande percentagem dos Desempregados que existem hoje, jamais se empregarão.
Laranjeiro, 28-09-2013