quinta-feira, 5 de setembro de 2013

FOGOS - TODOS OS VERÕES A MESMA TRAGÉDIA

 
Imagem retirada do Google
 
A exemplo do que vem tragicamente acontecendo todos os anos na estação do Verão, este não foi excepção e os fogos transformaram Portugal numa gigantesca fogueira, para desespero de milhares de pessoas que sofreram a perda dos seus bens materiais e, pior do que isso, a perda de vidas humanas, o que é sempre dolorosamente trágico.
 
Todos sabemos que os fogos têm as mais diversas origens: uns são devidos a fenómenos naturais; outros acontecem por negligência; alguns são devidos a actos de vingança e outros são programados e encomendados por alguém que pretende tirar proveito da área ardida.
 
Contudo, exceptuando o primeiro caso, todos os fogos são considerados actos criminosos, cada qual com o seu maior ou menor grau de responsabilidade e, no entanto, todos os anos assistimos impotentes à destruição de habitações, propriedades agrícolas e à devastação da fauna e flora do País sem ver devidamente castigados os responsáveis por tais actos criminosos.
 
Nesta tragédia que se repete ano após ano, cada vez com mais intensidade e com mais graves consequências, há algo que me intriga e não consigo compreender: Todos os anos se fala em apostar na prevenção, limpando as matas e abrindo caminhos em lugares inacessíveis mas depois nada é feito nesse sentido.
 
Ainda muito jovem costumava ouvir os meus pais e os meus avós dizerem que "tão ladrão é o que rouba a horta como o que fica à porta". Neste caso, poderemos dizer que os incendiários são criminosos mas aqueles que têm adiado as medidas necessárias à prevenção, em certa medida, são criminosos também e, como tal, deviam ser-lhes imputadas todas as responsabilidades inerentes à sua inacção.
 
Todos os anos o Estado despende verbas astronómicas no combate aos incêndios mas não impede que o fogo consuma áreas gigantescas de milhar de hectares, ao qual nem as chamadas áreas protegidas escapam. Assim, às muitas dezenas de milhões de euros desperdiçados pelo Estado, pela ausência de uma prevenção eficaz, há que adicionar também os muitos milhões de euros resultantes dos prejuízos causados pelos fogos. Tais verbas, num momento de crise económica tão grave, dariam um grande jeito para acudir a necessidades primárias de uma parte significativa das famílias portuguesas que foram vítimas dessa crise para a qual em nada contribuiram.
 
Mas para além do que atrás ficou dito, há algumas questões que gostaria de ver respondidas por quem de direito:
 
- Porque não se atribui às diferentes corporações de Bombeiros espalhados pelo País a missão de executar os trabalhos inerentes à prevenção, nas suas áreas de intervenção, limpando as matas públicas e os baldios e exercendo uma rigorosa fiscalização sobre as propriedades privadas, notificando os proprietários para efectuarem a limpeza e aplicando coimas aos incumpridores?
 
- Não seria uma óptima maneira de utilizar os milhões de euros gastos ingloriamente, todos os anos no combate aos fogos, distribuindo essas verbas pelas corporações de bombeiros envolvidas nos trabalhos de prevenção, vigilância e fiscalização?
 
- Por outro lado, porque não são utilizados nos trabalhos respeitantes à prevenção dos incêndios, os beneficiários do subsídio do desemprego?
 
- E os militares, em tempo de paz, não poderiam também exercer acções de vigilância em pontos estratégicos ao longo do País, nos meses críticos do Verão?
 
- E a população presidiária não poderia ser mais útil à sociedade colaborando na limpeza das matas e na reflorestação das áreas ardidas?
 
- Já quanto aos criminosos incendiários, porque não são todos mobilizados para a linha da frente no combate aos incêndios, executando os trabalhos mais perigosos e difíceis, bem junto às labaredas, para sofrerem na pele as altas temperaturas e, ao mesmo tempo, perceberem a monstruosidade dos  actos que praticaram.
 
As questões colocadas sugerem que há múltiplas soluções para evitar a tragédia dos fogos. Porque não foram até agora postas em prática, é algo que nos intriga e nos leva a pensar que talvez haja interesses ocultos que impedem os governantes de aplicar tais medidas.
 
A tragédia dos fogos atingiu um tal grau de mal-estar na população portuguesa que dificilmente irá tolerar a repetição de promessas não cumpridas. Nada ficará como dantes. Os governantes têm que agir e tomar medidas rapidamente. É urgente criar um plano de prevenção, vigilância, fiscalização e reflorestação, de forma a salvaguardar o que ainda resta das nossas florestas e dar nova vida às áreas queimadas, repondo a espécie de fauna ali existente.
 
Se o não fizerem, os governantes tornam-se cúmplices dos incendiários e são tão ou mais criminosos do que eles.
 
 

2 comentários:

Oswaldo Jorge do Carmo disse...

Exmo Senhor
Autor desta Publicação
Lisboa

Exmo Senhor,

De facto, enquanto em toda esta tragédia, todos os Anos, não se souber, sequer, quem manda, não temos salvação!!

Além disso, existem, por trás deste triste cenário, muitos interesses obscuros.

Eu sou contra a pena de Morte.

Realmente, um Cidadão que é igual a mim, não tem o direito de condenar, outro, à Morte.

Todavia, neste caso, concreto, sou a favor da Morte ou prisão perpétua.

Estes Senhores, deveriam enfrentar uma Justiça como, pelo menos, a Americana.

Efectivamente, aqui, brinca-se à Justiça.

É engraçado como é que, em Portugal, um Indivíduo, Viola, mata ou rouba e, em seguida, vai a Tribunal e mandam-no, em PAZ, para casa!!!!!!!!!!!!!!!!

Isto só vai acabar quando os Cidadãos que praticam este tipo de Justiça, forem atingidos.
Laranjeiro, 05-09-2013

Anónimo disse...

Olá, Manuel!

Como tem passado?

Li, o seu texto, como a atenção que ele merece, e tudo o que nele diz, é pura verdade e estou de acordo com a sua perspetiva.

Embora, católica, sou a favor da pena de morte, EM CERTOS CASOS, nestes, não, mas este ano, e com as mortes de seis bombeiros, creio eu, isto começa a ser demais.

Que Deus ponha mão na situação, porque a justiça dos homens é muito imperfeita.

Um dia feliz.

Abraço, com estima, da Luz.