quarta-feira, 26 de novembro de 2014

JORGE SAMPAIO PRECIPITOU A CRISE ECONÓMICA DO PAÍS COM A DISSOLUÇÃO DO PARLAMENTO EM DEZEMBRO DE 2004

Imagem retirada do Google
 
O ex-Presidente da República Jorge Sampaio foi decisivo na construção da crise económica que se instaurou no País, a partir do final do primeiro mandato de José Sócrates, quando em 30 de Novembro de 2004 anunciou a dissolução do Parlamento e a convocação de eleições antecipadas, invocando como motivo principal que "desde a posse do Executivo, em Julho, o país assistiu a uma série de episódios que ensombrou decisivamente a credibilidade do Governo". Ficámos então a saber que a razão principal foi a  "a falta de credibilidade" do então Governo liderado por Pedro Santana Lopes, e na comunicação ao País de 10 de Dezembro de 2004 disse sobre o assunto: «Entendi que a manutenção em funções do Governo significaria a manutenção da instabilidade e da inconsistência. Entendi, ainda, que se tinha esgotado a capacidade da maioria parlamentar para gerar novos governos».
 
Acontece que Jorge Sampaio não só impediu Pedro Santana Lopes de continuar a governar como ajudou a denegriu o seu nome, como era necessário, para promover o camarada José Sócrates que haveria de ganhar as eleições legislativas antecipadas realizadas em 24 de Fevereiro de 2005.
 
Na época, como hoje, considerei que não havia razões que justificassem, por parte do então Presidente da República, o recurso à "bomba atómica", solução que só deve ser adoptada para derrubar um Governo, em casos muitíssimo graves, o que não foi o caso, pois que eu saiba, o Primeiro-Ministro de então e a sua equipa governativa, não foram acusados de actos de corrupção, gestão danosa, branqueamento de capitais, fraude fiscal qualificada, falsificação de documentos, traição à Pátria ou qualquer outro crime de enorme gravidade.
 
É preciso recordar que esta sentença condenatória, foi decretada a um governo sólido, com maioria absoluta no Parlamento e que, no entender de muita gente, tinha todas as condições para continuar a dirigir os destinos do País, talvez até com mais rigor, competência, responsabilidade e eficácia do que veio a verificar-se com a governação de José Sócrates.
 
Em bom rigor, o ex-Presidente da República não tinha motivos claros e inequívocos para tomar a decisão que tomou. Fê-lo apenas porque na qualidade de ex-Secretário-Geral do Partido Socialista e um dos seus mais proeminentes membros, não resistiu à tentação de aproveitar tão soberana ocasião para reabilitar o Partido e oferecer-lhe de bandeja a hipótese de voltar à área da governação.
 
Foi isso que aconteceu, nada mais. Sócrates iniciou uma fase de divinização, adorado por todos, e sem nunca ter feito nada de jeito na vida, é eleito Secretário-Geral do PS em Setembro de 2004 e 5 meses depois, torna-se Primeiro-Ministro, ao ganhar as eleições legislativas antecipadas, com maioria absoluta, num confronto desigual com um adversário que tentaram "assassinar" politicamente.
 
Aliás, fiquei com a ideia que o ex-Presidente da República não marcou imediatamente eleições legislativas após o pedido de cessação de funções de Durão Barroso para ser investido no cargo de Presidente da Comissão Europeia, porque à data, o Partido Socialista andava à deriva, sem Secretário-Geral, o que só veio a acontecer a 24 de Setembro com a eleição de Sócrates. A partir daí, Sampaio apenas esperou que o PS se organizasse, mantendo o Governo a queimar em lume brando e logo que teve a percepção do sucesso de Sócrates, não perdeu tempo e dissolveu o Parlamento, utilizando uma débil justificação para o fazer.
 
Por mim, não tenho qualquer dúvida acerca de quem foi mais responsável na errada ascensão meteórica de José Sócrates, pormenor enganador que o levou pateticamente ao convencimento de que era "o maior" e podia fazer tudo o que lhe desse na real gana. Daí nasceu também, a sua arrogante postura, má criação, falta de humildade e ódio por aqueles que o criticavam, fazendo jus ao apelido por que era conhecido: "animal feroz".
 
Mas voltando à ideia inicial sobre a culpabilidade de Jorge Sampaio na grave crise económica que se instaurou no País durante a governação de José Sócrates, reafirmo convicto que a mesma está relacionada com a dissolução do Parlamento, um acto de extrema irresponsabilidade, uma vez que não havia motivos para demitir um Governo de maioria sólida, que estava a dar os primeiros passos e a tentar encontrar o rumo certo para Portugal. Santana Lopes tinha tomado posse no dia 17.07.2004 como Primeiro-Ministro do XVI Governo Constitucional, tendo 4 meses de governação quando foi anunciada a dissolução.
 
Pois bem, Sampaio tem agora que tirar as respectivas ilacções, não só acerca da governação do camarada que levou ao colo até à cadeira do poder, mas também acerca do homem que favoreceu e defendeu com unhas e dentes durante o seu desastrado reinado e que no momento, se encontra a contas com a justiça e em prisão preventiva, acusado de corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal qualificada.
 
Temo, porém, que Jorge Sampaio, não pretenda tirar qualquer lição ou ilacção dos actos que praticou e dar conta deles aos portugueses, porque ainda recentemente se juntou a personalidades como Mário Soares, Almeida Santos, Manuel Alegre e outros camaradas do Partido, para apoiar e ajudar o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa a "correr" com António José Seguro do lugar de Secretário-Geral do Partido, depois de este ter ganho todas as eleições em que o Partido Socialista esteve envolvido.
 
São negócios políticos complicados que nem todos entendem, mas os seus autores sabem muito bem porque os fazem.

 

1 comentário:

Oswaldo Jorge do Carmo disse...

Exmo Senhor
Autor desta Publicação
Lisboa

Exmo Senhor,

De facto, ninguém conseguiu ver os motivos de tal atitude.

Ou melhor, toda a gente os viu!

Se, o actual presidente, seguisse os mesmos critérios, já tinha demitido este Governo e os que, a seguir, viessem!!!

é evidente que foi uma grande pedrada, no charco!!

Com a actual situação financeira, criada, no fundo, desde o vinte e cinco de Abril, por todos os Governos, se o Exmo Senhor Professor Dr Aníbal Cavaco e Silva, fosse um fervoroso adepto da instabilidade governativa, os Juros da nossa Dívida, já estavam em mais de 50%!!!
Laranjeiro, 27-11-2014