sábado, 12 de setembro de 2015

DEBATE TELEVISIVO PASSOS/COSTA - "A MONTANHA PARIU UM RATO"

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Poderemos dizer sem qualquer embaraço ou indecisão, relativamente ao frente-a-frente televisivo Passos/Costa que "a montanha pariu um rato". Se havia portugueses mal esclarecidos e indecisos, a fraquíssima prestação dos dois entrevistados, não alterou essa situação e creio até que, nalguns casos, o grau de indecisão aumentou.
 
Para quem vaticinou que este debate seria decisivo para o desfecho das legislativas, a decepção não poderia ser maior porque na realidade, nenhum dos entrevistados se preocupou em falar dos problemas reais do País e de esclarecer os portugueses. Às perguntas objectivas dos jornalistas das três estações televisivas presentes, os representantes da Coligação "Portugal à Frente" e do Partido Socialista não responderam directa e correctamente às perguntas formuladas, refugiando-se em respostas evasivas, fugindo ao tema e queimando o tempo a responder aos argumentos acusatórios mais fortes que cada um ia trazendo ao debate.
 
Incompreensivelmente, Passos Coelho, aquele que na prática estaria mais preparado para este debate, face ao meritório trabalho que realizou, em condições dificílimas, nos últimos quatro anos e, ao mesmo tempo, face às imensas fragilidades do adversário e do próprio Partido Socialista que caiu em desgraça em consequência da ruinosa e trágica governação socrática que obrigou Portugal a pedir um empréstimo externo para poder honrar os seus compromissos e da qual António Costa não se demarcou.

Mas Passos Coelho também não soube afrontar o adversário por causa da sua entusiástica colagem à vitória do Syrisa na Grécia e aos elogios que teceu ao seu líder Alexis Tsipras, vitória essa que redundou num decepcionante fracasso e que obrigou o Primeiro-Ministro Tsipras a demitir-se ao fim de meia dúzia de meses para convocar eleições antecipadas, deixando a Grécia numa situação agonizante, à beira de um colapso total.

Dada a estratégia agressiva com que Costa se apresentou no debate, Passos Coelho deveria ter adoptado a mesma atitude e contra-atacar, utilizando as mesmas "armas" e trazendo à discussão os temas em que o adversário tem necessidade de corar e perder a calma. Se o tem feito, o contra-ataque poderia ter sido demolidor, quase "mortífero".

Na verdade, o debate foi muito fraquinho e nenhum dos candidatos ganhou coisíssima nenhuma. A imprensa, jornalistas e comentadores, empolaram exageradamente o debate televisivo, alimentando as televisões e os jornais antes, durante e após os dias que o precederam, explorando o tema até à exaustão  e chegando com impressionante precisão científica... à conclusão que Costa ganhou o debate em todos os aspectos, tendo sido o preferido dos mais idosos, dos jovens e dos de meia idade, tendo Passos Coelho, pelos vistos e segundo a visão científica da imprensa, seduzido a simpatia das mulheres, as quais lhe garantiram a vitória feminina, uma espécie de prémio de consolação.

Nesta coisa da política, nem tudo o que parece é. A realidade por vezes é desvirtuada, já que tudo está dependente do grau de independência dos jornalistas e comentadores, os quais acabam sempre por pintar o quadro dos acontecimentos de acordo com as cores ideológicas que defendem.

Ao contrário da grande maioria dos jornalistas e comentadores que achavam o debate decisivo, penso que o debate não decidiu nada porque a maioria dos portugueses já sabe há muito em quem vai votar. Um debate de 1 hora, em que nenhum dos intervenientes respondeu concretamente às perguntas dos jornalistas e que, portanto, não esclareceu nada, não vai alterar o sentido de voto dos portugueses e a ideia que têm sobre o que Passos Coelho e António Costa fizeram de bem ou de mal, ao longo dos últimos 4 anos.

Pessoalmente, imagino quão difícil foi governar o País e evitar a bancarrota, reconhecendo ao actual 1º ministro muita coragem e persistência mas também muito empenho, capacidade de decisão e uma boa dose de responsabilidade patriótica.

No que diz respeito a António Costa, sei muito bem em que circunstâncias ganhou a Presidência da Câmara Municipal de Lisboa e de que forma chegou a Secretário-Geral do Partido Socialista; mas sei também da oposição feroz que fez ao Governo, criticando por criticar e negando toda e qualquer colaboração para ajudar a resolver os graves problemas do País. Por outro lado, fez parte e apoiou as políticas governativas de Sócrates, às quais parece querer dar continuidade, uma vez que até ao momento, a menos de um mês das legislativas, ainda se não demarcou, clarificando de vez a sua posição.

Avaliando o desempenho de Passos Coelho como Primeiro-Ministro e de Costa, na qualidade de Secretário-Geral do maior partido da oposição, ao longo dos últimos 4 anos, não tenho dúvidas acerca do símbolo que vou identificar e escolher no boletim de voto, no próximo dia 4 de Outubro.

Portugal necessita de estabilidade governativa. Interromper, neste momento, o ciclo governativo da Coligação, antes de consolidadas as suas medidas económicas, seria uma aventura perigosa, porque seria jogar no escuro e trocar o certo pelo incerto.

Eu sempre afirmei que a dissolução da Assembleia da República e a destituição do governo de Santana Lopes, levada a cabo por Jorge Sampaio, foi um erro monumental e o princípio da trágica austeridade que atingiu os portugueses, como se veio a comprovar, tendo em conta o desastre que foi a governação de José Sócrates. É preciso evitar outra aventura do género, porque o País, desta vez, sucumbiria a tal maldição.



 
 

1 comentário:

Oswaldo Jorge do Carmo disse...

Exmo Senhor
Autor desta Publicação
Lisboa

Exmo Senhor
Autor,

De facto, gostaria de saber quem disse aos Responsáveis das Televisões que, com um debate, Dr Passos Coelho/Dr António Costa, as Pessoas ficavam esclarecidas!!!

Os Exmos Senhores Jornalistas, agora, até são, pelo que eu ouço e vejo nas Televisões, Senhores Doutores e Senhoras Doutoras, todavia, existe um factor muito desfavorável: A cor Política de cada uma e um.

Aquele debate fez-me lembrar aquela história de dois Amigos, em que um começa a bater ao outro.
O que começou a apanhar, disse ao outro: Ouve lá, Febrício (Nome Fictício), nós somos Amigos, logo, não te quero bater.

Entretanto, e sem razão aparente, continuava a apanhar, forte e feio, na tabuleta.

Moral de tudo isto: Quando quiz reagir, já era tarde.

Foi, precisamente, isto que aconteceu ao actual Primeiro Ministro.

O Frente a Frente foi das coisas mais fracas que já vi.

Creio que os Portugueses, uma grande parte, ainda ficaram mais confusos.

Só espero que o Candidato que ganhar, cumpra, pelo menos uma vez, na vida, com o que prometeu!

Já são horas de mudar esta Política de Mentira!
Laranjeiro, 13-09-2015