segunda-feira, 19 de setembro de 2016

PORQUE MORRERAM OS JOVENS RECRUTAS NOS COMANDOS?

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Imagem retirada do Google

Porque morrem os jovens recrutas nos Comandos? Que excessos são cometidos durante os exercícios que fazem parte da formação e instrução dos Comandos para que neste último curso nove jovens tivessem que ser hospitalizados, quatro em estado muito grave, dos quais dois acabaram por morrer, sendo as causas, no primeiro caso, uma paragem cardiorrespiratória e no segundo caso,  um suposto "golpe de calor" com consequências hepáticas.

Todos sabemos que a recruta nos Comandos é intensa e dura e que, nesse sentido, a pré-selecção dos candidatos deve ser competente e rigorosa porque nem todos os mancebos que aspiram a ser Comandos reúnem as condições físicas e mentais necessárias para aguentar tão exigente treino.

Se essa selecção é rigorosa como já foi declarado pelos responsáveis militares, então algo de errado se passou no exercício do Curso de Comandos do dia 4 de Setembro em Alcochete, para que 9 recrutas se tenham sentido mal e tenham sido hospitalizados. Num dia de intenso calor, foram tomadas as devidas precauções ao nível da ingestão de líquidos? E os instrutores estiveram atentos a possíveis sinais de exaustão e mal-estar para prestarem imediatamente os primeiros socorros? Ou, pelo contrário, ignoraram esses sinais e trataram os mancebos em dificuldade de "mariconcios", "falhados" e outros epítetos ofensivos e atentatórios da sua dignidade, como infelizmente acontece durante o período da recruta?

Nestes casos, ignorar as queixas dos recrutas e obrigá-los a continuar o exercício, pode agravar irremediavelmente o seu estado de saúde e tornar irreversível a sua recuperação, algo parecido com o que aconteceu aos dois jovens recrutas falecidos.

Para quem andou na Guerra Colonial e passou por situações tão difíceis, a começar pela duríssima recruta e especialidade, não tem qualquer dúvida de que algo de anormal se passou no dia 4 de Setembro no exercício do Curso de Comandos em Alcochete. Para jovens saudáveis, esta situação só se explica porque provavelmente ultrapassaram o limite das suas forças e as suas queixas não foram  de imediato tidas em conta.

O Exército dificilmente vai admitir culpas neste processo, tal como aconteceu em casos análogos. Os inquéritos terminam sempre com conclusões engenhosas, de molde a "sacudir a água do capote", indiferentes à morte de dois jovens e ao sofrimento dos seus familiares e amigos.

Na verdade, o Exército ao enjeitar as suas responsabilidades, escondendo a verdade dos factos, impede que os verdadeiros culpados sejam responsabilizados e isso é muito mau porque na próxima oportunidade vão fazer a mesma coisa e provocar mais tragédias.

Há instrutores que não têm condições para desempenhar tais funções porque possuem mentes perversas e descarregam nos recrutas todas as suas frustrações. Regozijam-se e sentem prazer com os maus tratos que infligem aos recrutas e, nesse sentido, é pena que não sejam devidamente apuradas as causas que levaram nove militares ao internamento hospitalar e à morte de dois deles.

Falo do que sei. Tive colegas na tropa que maltratavam os recrutas por divertimento e prazer, algo que me revoltava imenso. Depois de avisar várias vezes um dos meus colegas instrutor de que participava dele se voltasse a maltratar algum recruta, acabei por consumar a ameaça, participando  ao Comando a sua má conduta e cujo processo disciplinar acabou por o condenar em 5 dias de detenção e o afastamento da instrução.

Uma farda e umas divisas não conferem o direito ao militar instrutor que as usa de faltar ao respeito e maltratar um recruta. Quem o faz não pode desempenhar essas funções.




1 comentário:

Oswaldo Jorge do Carmo disse...

Exmo Senhor
Autor desta Publicação
Lisboa

Exmo Senhor
Autor,

De facto, estes Senhores, ainda estão convencidos que estão em Agosto de 1970 ou 1980.

Quer queiramos quer não, as coisas mudam.

Depois, acho muita piada às investigações e inquéritos, totalmente, parciais, de carácter interno!

Porque, se as Forças Armadas e os Instrutores fossem, de facto, responsabilizados e obrigados a pagar, como se faz lá fora, pesadas indemnizações, isto, jamais acontecia.

Toda a vida ouvi dizer que a Tropa é para Indivíduos de Barba Rija, no entanto, deve haver limites.

Lá fora, nos Países a sério, não existem testes de vária ordem, para ver qual é a vocação de determinada Pessoa, porque é que, aqui, mesmo a nível Militar, não fazem a mesma coisa?

Desde quando, é que, qualquer Soldado, Cabo, Sargento ou Oficial, tem vocação para ir para os Comandos ou para os Fuzileiros!?

Pensem nisto!
Laranjeiro, 21-09-2016

Pedido: Solicito, ao Exmo Senhor Autor deste Blogue, o favor de enviar as suas Publicações, para: oswaldojcarmo@sapo.pt