sábado, 16 de setembro de 2017

O COMANDANTE NACIONAL DA PROTECÇÃO CIVIL, RUI ESTEVES, PEDIU A DEMISSÃO

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Imagem retirada do Google

O actual governo viu em Rui Esteves uma brilhante sumidade, com vasto e qualificado curriculum e percurso profissional e não poupou adjectivos no imenso rol de elogios que lhe atribuiu, na hora de o nomear para Comandante Operacional Nacional.

Pelos vistos, o governo de António Costa não detectou nada de anormal numa licenciatura em que apenas 4 das 36 cadeiras foram feitas por avaliação curricular, tendo as restantes sido obtidas através de equivalências, com base em alegada "experiência profissional" e entre elas estão cadeiras como matemática, química e física!

Pois bem, quanto a habilitações académicas, o demissionário Comandante Nacional da Protecção Civil não é nenhum arquétipo, bem pelo contrário, já que seguiu os caminhos ínvios do menor esforço para obter a sua licenciatura, agora desassombradamente denunciados no programa televisivo "sexta às 9" e que, pelos vistos, provocaram o seu pedido de demissão que foi imediatamente aceite pelo governo.

Agora fixemo-nos na elogiada experiência profissional feita pelo governo e recordemos a tragédia que o País viveu, este Verão, em matéria de incêndios. Este Comandante Rui Esteves, em funções desde Janeiro de 2017, ficará para sempre ligado à tragédia de Pedrógão Grande mas também à calamidade que se abateu sobre os concelhos de Figueiró dos Vinhos, Castanheira de Pera, Pampilhosa da Serra, Góis, Penela e Sertã, entre outros. Uma imensa catástrofe ambiental, com uma área ardida de mais de 150.000 hectares! O fogo lavrou desordenado por todo o País e os portugueses assistiram ao seu avanço e devastação, verificando que as forças de combate, na maioria dos casos, não foram capazes de travar o seu avanço. Falharam as comunicações, falhou a coordenação e falharam os meios. Segundo relatos das populações e de antigos comandantes que foram exonerados dos cargos por falta de licenciatura, houve erros grosseiros na coordenação do combate aos fogos e para isso, pode ter contribuído o facto de terem sido exonerados comandantes com larga experiência profissional mas sem licenciatura e terem sido substituídos por outros, com licenciatura mas sem experiência profissional.  Ora, no combate aos fogos, é infinitamente mais valiosa a experiência do que uma licenciatura, que muitas vezes nada tem a ver com protecção civil.

A esta hora, o ex-Comandante Nacional da Protecção Civil deve, seguramente, estar a recriminar-se por não ter refreado a sua sede de protagonismo e de não ter sido mais sensato, humano e justo nas suas decisões. A demissão dos comandantes distritais por falta de licenciatura por alguém que afinal também não cumpre os requisitos académicos para ocupar o cargo que ocupou durante 8 meses ou, no limite, os alcançou de forma ínvia e censurável.

Deixo, por mera curiosidade, o despacho que nomeou Rui Esteves e o extenso curriculum de que o governo se serviu para o nomear e lhe atribuir um alto grau de profissionalismo e um vasto rol de elogios:


  • Administração Interna – Gabinete do Secretário de Estado da Administração Interna
    Designação em Comissão de Serviço, do licenciado Rui dos Santos Martins Esteves, no cargo de Comandante Operacional Nacional, do Comando Nacional de Operações de Socorro da ANPC
«Despacho n.º 567/2017
Considerando que o recrutamento do Comandante Operacional Nacional, nos termos do disposto no n.º 1 do artigo 22.º do Decreto-Lei n.º 73/2013, de 31 de maio, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 163/2014, de 31 de outubro, é feito de entre indivíduos, com ou sem relação jurídica de emprego público, que possuam licenciatura e experiência funcional adequadas ao exercício daquelas funções.
Considerando que o licenciado Rui dos Santos Martins Esteves apresenta um vasto e qualificado curriculum e percurso profissional,
Considerando que o mesmo tem demonstrado, enquanto Comandante Operacional Distrital, sentido de missão, brio, profissionalismo, conhecimentos técnicos e operacionais no desempenho das suas funções, patentes nos diversos louvores e condecorações de que é alvo,
Considerando as competências que me foram delegadas pela Senhora Ministra da Administração Interna pelo Despacho n.º 181/2016, publicado na 2.ª série do Diário da República, n.º 4, de 7 de janeiro, alterado pelo Despacho n.º 8477/2016, publicado na 2.ª série do Diário da República, n.º 124, de 30 de junho, determino o seguinte:
1 – Por proposta do Presidente da Autoridade Nacional de Proteção Civil, Coronel Joaquim Leitão, nos termos e ao abrigo do disposto nos n.os 1 e 2 do artigo 22.º do Decreto-Lei n.º 73/2013, de 31 de maio, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 163/2014, de 31 de outubro designo, em comissão de serviço pelo período de três anos, o licenciado Rui dos Santos Martins Esteves, no cargo de Comandante Operacional Nacional, do Comando Nacional de Operações de Socorro da Autoridade Nacional de Proteção Civil.
2 – O nomeado possui o perfil pretendido para prosseguir as atribuições e os objetivos do serviço, sendo dotado das necessárias competências e aptidões técnicas para o exercício do respetivo cargo, de acordo com a nota curricular anexa.
3 – O presente despacho produz efeitos a partir de 3 de janeiro de 2017.
27 de dezembro de 2016. – O Secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Manuel Nogueiro Gomes.
Nota curricular
Dados pessoais:
Nome: Rui dos Santos Martins Esteves
Data de Nascimento: 13 de novembro de 1961
Formação Académica:
Licenciatura em Proteção Civil, ESA – Instituto Politécnico de Castelo Branco
Pós-Graduado em Proteção Civil, ESA – Instituto Politécnico de Castelo Branco
Pós-Graduado em Gestão Municipal de Proteção Civil, UNI – Universidade Independente
Pós-Graduado em Gestão de Emergências, ENB – Escola Nacional de Bombeiros
Formação complementar mais relevante:
Na área dos Bombeiros e Proteção Civil em cursos no país e no estrangeiro, nomeadamente sobre organização de postos de comando, técnicas de apoio à decisão do estado-maior, aplicação de conceitos táticos, socorrismo e suporte básico de vida, operações de meios aéreos e técnicas avançadas de controle de meios aéreos nas operações de combate a incêndios florestais, combate a incêndios, segurança contra incêndios, proteção civil, liderança e gestão de recursos humanos, riscos naturais e tecnológicos, comportamento de incêndios florestais, meteorologia aplicada aos incêndios, formação pedagógica de formadores, salvamento e desencarceramento, planeamento civil de emergência, quadros de comando, combate a incêndios urbanos e industriais, comunicação social, operações de socorro, segurança das populações, comunicação social, direção e liderança, tecnologias da informação, avaliação de planos de fogo controlado, utilização e exploração da cartografia de risco de incêndio florestal, diretor de heliportos hospitalares, vários cursos de Comunicação e Interação com os Média – CENJOR 2012, 2014, 2015 e 2016.
Destacam-se os seguintes Cursos de Formação:
Em Espanha, curso em Proteção contra Incêndios no Centro de Formação de Segurança Integral de Madrid – Serviços Integrais de Proteção Civil, Curso de Incêndios Florestais, organizado pelo Governo da Extremadura, Curso em Técnicas de Intervenção e Salvamento em Catástrofes na Escola Nacional de Proteção Civil, Curso em Prevenção e Gestão de Riscos em Túneis na Escola Nacional de Proteção Civil – Subdelegação do Governo de Huesca.
Na Croácia, Curso Mecanismo Europeu Proteção Civil – Community Mechanism Introduction Course – CMI, janeiro de 2015.
Técnicas Avançadas de Controle de Meios Aéreos para Operações de Combate a Incêndios Florestais, no Serviço Nacional de Proteção Civil – Instituto Superior de Planificação de Urgência da Bélgica/Direção da Defesa e Segurança Civil da França.
Curso em Técnicas de Intervenção e Salvamento em Catástrofes na Escola Nacional de Proteção Civil
Curso em Proteção contra Incêndios Florestais – Centro de Formação de Segurança Integral de Madrid
Curso de Espanhol A2 – 1.º e A2 – 2.º – IPCB e Curso de “Español-Português/Português-Español pelo SEXPE
CADAP – Curso de Alta Direção em Administração Pública, Instituto Nacional de Administração
DELGEP – Diploma de Especialização em Liderança e Gestão de Pessoas, Instituto Nacional de Administração
FORGEP – Formação de Gestão Pública, Instituto Nacional de Administração
Certificação de Aptidão Profissional n.º EDF 26808/2004
Curso de Formação em Análise de Incêndios e Uso do Fogo de Supressão
1.º Curso sobre o uso do Fogo na Supressão de Incêndios Florestais
Experiência profissional mais relevante:
1980/2003 – Início de carreira na área da proteção e socorro, tendo atingindo a categoria de Comandante de Bombeiros
1987/1996 – Coordenador de Meios Aéreos – SNB
2000/2001 – Comandante Operacional de Zona Operacional
2001/2003 – Comandante de Sector Operacional Distrital em 2003 passagem ao Quadro de Honra
1998/2003 – Chefe da Delegação Distrital do Serviço Nacional Proteção Civil em Castelo Branco
2003/2005 – No Serviço Nacional de Proteção Civil foi Coordenador do Centro Distrital de Operações de Socorro de Castelo Branco
Desde 2005 – Comandante Operacional Distrital de Castelo Branco/Autoridade Nacional de Proteção Civil
1987/1996 – Secretário da Federação Distrital de Bombeiros de Castelo Branco
1999/2003 – Presidente da Federação Distrital de Bombeiros e Conselheiro Regional da LBP
1992/1996 – Diretor do Parque de Campismo de Idanha-a-Nova
Desde 2003 – Formador de Salvamento e Desencarceramento da Escola Nacional de Bombeiros
Desde 2007 – Formador do Curso Superior de Técnicos de Higiene e Segurança no Trabalho (Nível V)
Desde 2012 – Diretor do Aeródromo Municipal de Castelo Branco
Professor convidado na Pós-Graduação de Incêndios Florestais e Licenciatura em Engenharia de Proteção Civil
Desde 2012 – Formador na utilização de máquinas de rasto em incêndios florestais, ANPC
Elaborou PEEPC de âmbito Distrital para riscos de acidentes rodoviários, ferroviários, condições meteorológicas adversas, incêndios florestais, túneis da Gardunha e Alpedrinha, ambos homologados pela CNPC
Orientador de diversos estagiários do programa de Estágios Profissionais do IEFP, dos formandos do Curso Superior de Técnicos de Higiene e Segurança no Trabalho e estágios ESA – Instituto Politécnico de Castelo Branco.
Conselheiro da Escola Afonso de Paiva de Castelo Branco. Membro do Conselho Municipal de Segurança em Castelo Branco. Membro do Conselho de Administração da Gazeta Interior.
Presidente da Assembleia Geral – Centro Municipal de Cultura e Desenvolvimento.
Formação Específica – Cursos:
Técnicas de apoio à decisão – estado-maior, planeamento civil de emergência, aplicação de conceitos táticos, liderança e gestão de recursos humanos, riscos naturais e tecnológicos, comportamento de incêndios florestais, combate a incêndios urbanos e industriais, direção e liderança, tecnologias da informação, avaliação de planos de fogo controlado, utilização e exploração da cartografia de risco de incêndio florestal e o uso do fogo na supressão de incêndios florestais.
Seminários, palestras, comissões e grupos de trabalho:
Realizou ação de sensibilização ao tema Segurança da Aviação em Civil. Participou na Conferência “Floresta e Território: Riscos, Economia e Políticas”. Proferiu uma palestra intitulada “Riscos em Proteção Civil.”Participou no Workshop “Cidades Analíticas.” Participou no seminário Internacional “Tunnels. From operation back to design.”
Participou na Conferência “Seguridade en Operaciones de Extinción en Incendios Florestales” em Toledo. Participou na Conferência subordinada ao tema “Avaliação do risco de inundação em zonas urbanas com a integração de dados LiDAR e cartografia a grande escala.” Participou em vários seminários, congressos, conferências e encontros técnicos, tendo proferido palestras em Portugal e no Estrangeiro apresentou ainda vários trabalhos nas áreas de proteção civil, planeamento e incêndios florestais, acidentes rodoviários e acidentes ferroviários, máquinas de rasto e Túneis.
Fez parte e colaborou em diferentes Comissões de Coordenação dos Planos Regionais de Ordenamento da Floresta, Segurança e Proteção de Crianças e Jovens e Prevenção e Combate a Incêndios Florestais.
Participou em diversos Grupos de Trabalho para implantação do SIPROC (Sistema de Informação de Proteção Civil), Programa INTERRG III-A e Proteção Civil Digital.
Investigação e trabalhos publicados:
Autor “Agroforum – Planos de Emergência em edifícios – problemática da evacuação em utentes com capacidades vulneráveis”
Autor “Cidades Analíticas – Acelerar o desenvolvimento das cidades inteligentes em Portugal”
Louvores e Condecorações:
2003 – Louvor atribuído pelo Inspetor Nacional de Bombeiros
2008 – Louvor atribuído por Secretário de Estado da Proteção Civil
2008 – Condecorado por medalha de serviços distintos de grau ouro da LBP
2009 – Condecorado por medalha de dedicação de grau ouro da LBP
2009 – Louvor atribuído por Secretário de Estado da Proteção Civil
2011 – Louvor atribuído por Governadora Civil
2011 – Condecorado por Medalha de mérito de proteção e socorro, no grau prata e distintivo laranja – MAI
2015 – Louvor atribuído por Ministra da Administração Interna.»

1 comentário:

Oswaldo Jorge do Carmo disse...

Exmo Senhor
Autor desta Publicação
Lisboa

Exmo Senhor
Autor,

Partindo do princípio que este, extenso, Curriculum, é verdadeiro, este Senhor, deve ter gasto uma fortuna, em Almoços!

Isto é uma coisa do outro Mundo! Com excepção dos políticos, nunca vi uma coisa igual.

Vê-se, por aqui, porque é que o nosso País é dos mais atrasados da Europa.

O que estes indivíduos fazem para para serem Senhores Doutores!

Agora, fiquei, mais uma vez, a saber, que também sou Engenheiro mas há um senão: Não tenho dinheiro para comprar o Diploma.

Eu gostava de saber o que acontecia a este Dr, se a justiça funcionasse?

Como não há pena de morte, apanhava prisão perpétua, pagava tudo ao Estado e aos Particulares e atribuíam-lhe a 6ª Classe.

Atendendo à desgraça que aconteceu, estas Habilitações ainda eram muitas.

Temos que lhe dar um desconto de 10%, porque, este Sistema de avaliação é que está, totalmente, caduco e viciado.

"A PRÁTICA É A MÃE DA TEORIA"

A maior parte dos Engenheiros e Técnicos com quem trabalhei, não sabiam o Código Internacional de Cores.

É pena que os Governos, talvez devido a interesses obscuros, continuem, teimosamente, a agir desta maneira.
Laranjeiro, 17-09-2017