sábado, 1 de janeiro de 2011

A BANQUEIRA DO POVO



Qual a diferença entre o esquema bancário que popularizou a "Banqueira do Povo" e aquele que é utilizado pela Banca Oficial?

Na década de 80, a "Banqueira do Povo", conhecida por Dª Branca, de seu nome completo, Maria Branca dos Santos, atingiu uma tal notoriedade que fez tremer a banca nacional, já que pagava 10% de juros ao mês e a Banca Oficial pagava 30% de juro ao ano. Se alguém depositava 200 contos, recebia 20 contos de juros, muitas vezes, logo à cabeça. Este esquema que rapidamente saltou de boca em boca, ganhou rapidamente milhares de adeptos que corriam a levantar as suas economias da banca oficial.

Em Março de 1983, o Semanário Tal & Qual divulgou, em extensa reportagem, os métodos do esquema da Banqueira do Povo que todos os dias seduzia centenas de novos depositantes. O Banco de Portugal, preocupado com o fenómeno Dª Branca, que a continuar a crescer àquele ritmo, levaria a banca nacional à falência, alertou o Governo para o grave problema e este actuou rapidamente, mandando o Ministro das Finanças da época, Ernâni Lopes, à Televisão para fazer um sério aviso aos portugueses envolvidos no esquema, do risco que corriam de ficar sem o seu dinheiro.

Esta intervenção foi o princíoio do fim do "reinado" de Dª Branca, já que os depositantes, com receio de perder o seu dinheiro, se dirigiram de imediato para os escritórios da "Banqueira" para levantar o seu dinheiro, gerando grande pânico e confusão e a debandada dos principais responsáveis que se aproveitaram da confusão e levaram consigo os sacos de dinheiro vivo que se encontravam nos diversos escritórios.

Os primeiros clientes ainda conseguiram receber parte do seu investimento mas a maioria não recebeu um tostão.

Depois, a Senhora foi presa, julgada e condenada a 10 anos de prisão, acusada de crime de burla agravada, tendo saído antes de a cumprir totalmente, devido ao seu estado de saúde. Morreu em 3.4.1992, com 90 anos, num Lar, cega e na mais completa miséria.

O Sistema bancário actual e oficial não passa de um esquema muito parecido com o da Dª Branca. Na realidade, nenhuma Instituição Bancária portuguesa tem capacidade para pagar os valores depositados pelos seus clientes, caso estes pensassem levantá-los ao mesmo tempo. Tal como a velha Senhora que pagava a uns com o dinheiro que recebia de outros, a Banca utiliza exactamente o mesmo esquema, com a pequena diferença de que o seu sistema é oficial e o outro, o da Dª Branca, era clandestino e ilegal.

Porém, não se iludam os incautos, porque o facto de os cidadãos colocarem as suas economias na chamada banca oficial, não quer dizer que, em caso de falência, recebam integralmente o seu dinheiro. Vejam o que aconteceu com os célebres casos BPP e BPN, onde centenas ou milhares de clientes, passados mais de 2 anos, continuam à espera de ver a cor do seu dinheiro.

No caso da falência da Dª Branca, o Estado e o erário público não sofreram qualquer prejuízo porque as pessoas que colocaram lá o seu dinheiro o fizeram por sua conta e risco, não tendo direito a nenhum tipo de reclamação; mas já no caso do BPP e do BPN, instituições que fazem parte do sistema bancário oficial, o Governo já teve que injectar mais de quatro mil milhões de euros e, pelos vistos, o problema de insolvência continua por resolver, dinheiro esse que é de todos os portugueses, pelo menos daqueles que pagam impostos.

Parece um paradoxo mas é a realidade: É a banca oficial que mais penaliza o erário público e os portugueses porque é o dinheiro dos seus impostos que vai tapar os buracos financeiros originados por gestores incompetentes, sem ética e sem moral e sem um pingo de vergonha na cara, enquanto que os esquemas não oficiais, apenas podem prejudicar aqueles que arriscam investir o seu dinheiro.

Um Banco vive do dinheiro dos depósitos dos seus clientes que em muitos casos é utilizado em negócios arriscados e ruinosos. Os seus gestores, na mira de alcançarem grandes lucros, não se importam de vender produtos de alto risco aos seus clientes, levando-os, muitas vezes à ruina. E quando se lhes pede responsabilidade, sacodem a água do capote e apresentam as mais disparatadas e ridículas explicações para o sucedido.

Hoje, mais do que nunca, o cidadão tem que ter uma grande atenção com os negócios que faz com a Banca, lendo cuidadosamente todos os documentos que tiver que assinar, para depois não ter surpresas desagradáveis. Mesmo aqueles que pensam que têm nas Instituições Bancárias funcionários da sua confiança que tenham muito cuidado, porque são normalmente essas pessoas em quem se confia, aquelas que primeiro nos enganam. Casos do género, acontecem com frequência e, por isso mesmo, não entregue as suas poupanças ou os seus negócios nas mãos de ninguém, porque "o seguro morreu de velho" e "mais vale prevenir que remediar".

Muitas vezes o rótulo da legalidade, não passa de um convidativo e hábil estratagema para mais facilmente poderem "roubar-nos" o nosso dinheiro e os nossos bens. Antes de assinar o que quer que seja, certifique-se que o documento reproduz fielmente o que quer e o que previamente acordou.

Esta crónica foi fundamentada em vários episódios desagradáveis que já me aconteceram com a Banca, sempre sem qualquer responsabilidade da minha parte e que acabei sempre por resolver, felizmente, mas que me deram muita chatice e muita dor de cabeça. Alguns dos casos, se não se tivessem passado comigo, não acreditaria na sua veracidade, se por acaso alguém mos contasse.

2 comentários:

José María Souza Costa disse...

Passei aqui lendo. Vim lhe desejar um Tempo Agradável, Harmonioso e com Sabedoria. Nenhuma pessoa indicou-me ou chamou-me aqui. Gostei do que vi e li. Por isso, estou lhe convidando a visitar o meu blog. Muito Simplório por sinal. Mas, dinâmico e autêntico. E se possivel, seguirmos juntos por eles. Estarei lá, muito grato esperando por você. Se tiveres tuiter, e desejar, é só deixar que agente segue.
Um abraço e fique com DEUS.

http://josemariacostaescreveu.blogspot.com

Manuel Carmo Meirelles disse...

Caro amigo José Maria Souza Costa
Obrigado pela sua visita ao meu blog. Logo que tenha um pouco mais de disponibilidade de tempo, prometo que também darei uma vista de olhos ao seu blog. Até lá, muita saúde e um excelente 2011.