segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

PARA QUE SERVE SER CLIENTE DA CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS?


CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS

Durante mais de três décadas fui cliente da Caixa Geral de Depósitos, não por escolha pessoal mas porque, na qualidade de funcionário do Estado, era obrigatória a domiciliação do vencimento naquela Instituição. Ao longo dos anos fui-me acomodando a esta situação e embora tivesse tido diversas situações de descontentamento, já que ao longo deste período nunca me proporcionou qualquer vantagem relativamente a outros bancos, lá me deixei ficar até ao final do ano de 2010, momento em que decidi terminar definitivamente a ligação por entender que fui, mais uma vez, vítima de um tratamento insuportável, o qual está devidamente explicado na carta que enviei à Administração da CGD e que a seguir, faço questão de reproduzir.

À Exma Administração da Caixa Geral de Depósitos

Sou cliente da caixa Geral de Depósitos há mais de 30 anos. Um cliente antigo e exemplar, cem por cento cumpridor. Nunca trabalhei com outro Banco. Aí era depositado o meu ordenado e estavam as minhas poupanças.

Há alguns anos precisei de 10.000 euros, inesperadamente, para resolver um grave problema de meu filho e, não obstante ter lá depositados valores muito superiores, foi uma tortura, levou tempo demasiado a aprovação do crédito, a um juro elevadíssimo. Na altura pensei abandonar a Instituição mas acabei por manter lá o meu dinheiro.

Ao longo de 30 anos, como qualquer cidadão, precisei de adquirir automóvel, casa e equipamentos diversos. Porém, nunca em nenhuma circunstância a CGD me proporcionou vantagens ou mesmo condições idênticas relativamente a outras Instituições de Crédito.

O meu vencimento, na qualidade de funcionário público, era depositado obrigatoriamente no Banco do Estado. Agora, e muito bem, essa obrigatoriedade terminou, pelo que há muito deveria ter cessado a minha relação de cliente com a CGD.

Agora, mais recentemente, pedi à CGD um financiamento a 60 meses, para compra de automóvel, no montante de 14.697,55 €. Para um cliente antigo e exemplar, a CGD, por especial favor e consideração, apresentou-me uma prestação mensal de 307,47 €.

Porém, outras Instituições de Crédito com as quais nunca tive qualquer tipo de relação, apresentaram-me uma mensalidade de 241,54 €. É uma diferença considerável de 65,93 euros mensais e um total de 3.955,80 euros a mais no final do contrato! É obra!

Mas ainda não satisfeito e convencido, voltei à CGD para fazer uma nova proposta e um novo pedido de financiamento automóvel no valor de 18.000 euros a 72 meses. Como possuo na CGD valores superiores ao solicitado, sugeri que fosse cativo o montante correspondente ao financiamento pois dessa forma, poderia usufruir de maiores vantagens. O funcionário que me atendeu fez de imediato a simulação e apresentou-me um print onde pude verificar que a prestação ficava em 325,35 euros e, mais uma vez, fiquei impressionado com tamanha atenção e generosidade para com um cliente antigo e exemplar, já que outros Bancos com os quais nunca trabalhei, me ofereceram condições muito mais vantajosas, sem ser necessário cativar a verba correspondente ao financiamento. Neste caso, o Santander apresentou uma prestação de 322,83 euros e o BPI 294,81. Já o BANIF, com a verba correspondente ao financiamento cativa, tal como a Caixa Geral de Depósitos, ofereceu-me uma proposta de 277,71 euros, uma diferença de 47,64 euros mensais e um total de 3.430,08 euros a mais no final do contrato! É de facto difícil de compreender tamanha disparidade, tratando-se de um cliente da CGD!!!

Esta situação, para além de escandalosa, é a todos os títulos indecorosa e uma prova insofismável de que nos Bancos não há regras e cada um saca o que quer, como quer e quando quer. brincando descaradamente com o dinheiro que os clientes põem à sua guarda.

Nestas condições, o que é que o meu dinheiro está a fazer na Caixa Geral de Depósitos? Porque motivo ou razão hei-de continuar a proporcionar ganhos a uma Instituição Bancária que me desconsidera e nem sequer me oferece condições idênticas aos outros Bancos?

É de facto uma actuação inacreditável e estou profundamente desiludido e revoltado com os serviços da CGD, tanto mais que, tambem ao nível do aconselhamento de produtos financeiros, tem sido um autêntico desastre que só me tem causado prejuízos. Mas para além de tudo isto, o atendimento é frio e desinteressado. Até parece que os funcionários e a Instituição me estão a fazer algum favor. É preciso ter bem presente que todos os Serviços que a CGD me presta, são bem pagos. Ainda recentemente necessitei de um extracto dos últimos dois meses da minha conta, com o carimbo da CGD e cobraram-me a módica quantia de 5 euros!

Desta vez, sem qualquer tipo de constrangimento ou sensação de dúvida, vou mesmo terminar a relação com uma Instituição que me maltrata e vou transferir a domiciliação da reforma e todas as minhas economias para um Banco que me tenha em melhor consideração e seja capaz de fazer a diferença no momento em que eu precisar dos seus serviços.

Em consequência da pouca-vergonha que se passou e dos transtornos que me causou, não vou deixar de fazer a divulgação desta triste realidade, baseado em factos concretos que posso provar, em tudo o que é Rede Social, pois tenho a certeza que muitos outros clientes devem ter passado pelo mesmo e comungar do mesmo sentimento, revendo-se, portanto, no conteúdo desta carta.
Depois, vou simplesmente esquecer que a Caixa Geral de Depósitos existe e que fui seu cliente durante mais de 30 anos.

Com os melhores cumprimentos.

MANUEL DO CARMO MEIRELLES

4 comentários:

Als disse...

Eu se fosse a si punha o dinheiro no BPN, é sem sombra de dúvida o banco que no geral oferecesse melhor garantias.

Manuel Carmo Meirelles disse...

Caro(a) Als
Compreendi perfeitamente a sua mensagem e porque vivemos numa sociedade livre, todos têm direito a exprimir as suas opiniões, por mais absurdas que elas sejam.
Há uma pequena diferença relativamente às nossa opiniões, é que eu tratei o assunto com toda a responsabilidade e seriedade.

Pedro Esteves disse...

Caro Manuel.

a banca (assim como as seguradoras) é assim mesmo (no geral). Inicialmente é tudo muito interessante, ofertas e condições acima do mercado, etc. Depois, quando "precisamos" deles, esquecem-se que somos clientes, que cumprimos. Mas é um mal comum...olham para os grandes investimentos, mas depois as coisas saem para o torto. Querem ganhar muito, e depressa.

Cpts,

Esteves

Manuel Carmo Meirelles disse...

Meu caro GEOESTEVES
É absolutamente verdade o que diz. Para fidelizarem os clientes, as Instituições de Crédito, todas elas, prometem aquilo que depois não cumprem. Mentem.
Depois, os pequenos investidores, são completamente esquecidos e marginalizados pelos Bancos que só têm olhos e atenções para os grandes investidores, com os quais fazem, normalmente, negócios ruinosos e nós temos verificado isso ao longo dos últimos anos. A Banca debate-se com gravíssimos problemas de solvabilidade, porquê? Acha que foram clientes como eu que contribuiram para essa situação ou foram efectivamente esses "grandes" investidores que sacaram milhões aos cofres da Banca e que depois não tiveram capacidade para rentabilizar?
Porém, depois, para pagar a factura, servem-se dos clientes que nada contribuiram para essas situações de gestão irresponsável e ruinosa.
Durante muitos anos, fiz como a maioria dos portugueses: comia e calava. Neste momento, acho fundamental denunciar tudo quanto é absurdo e anormal, para ver se, por essa via, se conseguem alterar comportamentos e "obrigar" a uma maior responsabilização.
Pela minha parte, jamais deixarei de o fazer porque constatei que foi errado o meu procedimento de comer e calar.