domingo, 29 de abril de 2012

OS 3 DÊS DA REVOLUÇÃO DOS CRAVOS

Foto dos intervenientes no Acordo do Alvor. Para que serviu esta encenação?

IMAGEM RETIRADA DO GOOGLE
DESCOLONIZAR - O golpe militar de 25 de Abril de 1974 assentou o seu sucesso na propaganda anticolonial e na promessa de descolonizar e conceder a independência aos territórios ultramarinos sob administração portuguesa no mais curto espaço de tempo.
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O povo que estava muito mal informado à época, acerca dos territórios portugueses em África, sabendo muito pouco do que por lá se passava, a não ser das mortes acidentais dos militares em comissão de serviço, facilmente embarcou nessa propaganda enganosa e daí até aclamar os "heróis do 25 de Abril", foi um pequeno passo.
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Os portugueses do continente não conheciam a realidade das ex-colónias e não faziam ideia de quantos compatriotas havia nas ex-colónias; acreditavam na propaganda que referia cinco ou seis centenas de milhar; não sabiam qual era a sua importância na economia portuguesa e, consequentemente, o grau de dependência dos seus recursos naturais; uma larga percentagem não imaginava o grau de desenvolvimento de Angola e Moçambique, em muitos aspectos, mais avançado que a própria Metrópole;
Neste quadro de desconhecimento da realidade das ex-colónias, foi fácil pintar umas mentiras e convencer a lusitana gente dos "horrores" que por lá aconteciam e pô-la a gritar: "nem mais um soldado para as ex-colónias" e "independência já", aniquilando, com esta insensata atitude, a possibilidade de negociar um período de transição que salvaguardasse a vida e os bens dos portugueses que lá pretendessem ficar e dos que optassem por regressar aos seus locais de origem.
O que a seguir aconteceu, foi uma tragédia sem precedentes em Portugal: o êxodo de mais de um milhão de pessoas expoliadas e em situação de miséria; milhares de pessoas presas, torturadas e mortas, sem culpa formada; militares portugueses que fizeram o jogo do MPLA e permitiram que os seus compatriotas fossem roubados, presos e maltratados na sua presença, traindo os seus deveres sagrados de defender e honrar a Pátria; traição do Governo português de então relativamente aos acordos firmados no Alvor, entre Portugal e os três movimentos de libertação (FNL, UNITA e MPLA), já que tudo fez para entregar o poder a um só partido.
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A Pátria foi envergonhada por governantes e militares e o mundo inteiro gargalhou do ridículo e dos imensos disparates cometidos durante o período revolucionário, os quais traçaram o negro destino dos portugueses até aos nossos dias.
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Por isso, quanto ao primeiro D de descolonização, estamos conversados, um desastre, uma tragédia, uma vergonha sem precedentes que jamais será esquecida por todos quantos viveram esse terrível pesadelo.
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DEMOCRATIZAR - A democratização foi outro objectivo falhado. O regime instaurado em 25 de Abril de 1974 implantou um sistema democrático que discrimina as pessoas em função do seu estatuto social, político, económico ou religioso, não proporcionando a todos os cidadãos as mesmas oportunidades. Teve início, nesta época, a mais descarada forma de protecção dos boys (amigos, amigos dos amigos, familiares e camaradas de partido), bem mais repugnante do que a "cunha" conotada com o antigo regime.
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Uma democratização que se baseou e ainda se baseia numa infinidade de excessos reivindicativos; que tolerou demasiado o desrespeito e a irresponsabilidade; que valorizou demais a incompetência e marginalizou portugueses extraordinários e grandes patriotas que podiam ter dado um enorme contributo para que a democratização pudesse ter alcançado um estádio de realização e satisfação  bem mais interessante e, consequentemente, tivesse sido motivo de orgulho para todos os portugueses; excessos que propiciaram o aparecimento e cescimento exponencial de toda a espécie de crimes; excessos que levaram o País à banca rota, ao empobrecimento generalizado dos portugueses e a um grau de insegurança tão dramático que todos os dias provoca situações angustiantes e trágicas nos lares de muitos portugueses.
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Os excessos permitidos ao longo do regime democrático, permitiram uma confrangedora inversão de valores e levaram muitos portugueses a pensar que sem trabalhar também se podia ganhar a vida e que os direitos se sobrepunham aos deveres. Mais: a certa altura, o chic, o engraçado, o moderno, o revolucionário, era usar uma linguagem escabrosa e insolente e quem não alinhasse era considerada persona non grata.
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Se no antigo regime a "cunha" era fundamental para se conseguir atingir determinados objectivos, no pós 25 de Abril, a cunha tornou-se ainda mais necessária porque os boys passaram a açambarcar tudo.
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Mas como democratizar um País onde os três poderes nunca actuaram de forma democrática? Imaginem se os poderes Legislativo, Executivo e Judicial funcionassem na perfeição! Que colosso de País seria Portugal! E que grau de democratização se teria atingido!
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DESENVOLVER - O terceiro D de desenvolver foi mais um rotundo fracasso. Portugal depende hoje muitíssimo mais do estrangeiro, de onde importa todo o tipo de bens essenciais, os quais, no antigo regime, eram quase todos excedentários.
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Foi destruída a agricultura, a indústria, abatida uma importante frota pesqueira e as grandes companhias de navegação que tinham ao seu serviço dezenas de barcos de carga de grande tonelagem e de transporte de passageiros, também não escaparam ao abate.
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Portugal foi, desde a idade média, um País de intrépidos marinheiros, excelentes navegadores que descobriram e deram novos mundos ao mundo, levando a todos os cantos do globo a bandeira e o nome de Portugal.
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O antigo regime honrou todas essas gerações de marinheiros, já que o País tinha ao seu serviço uma imensa frota marítima que dava emprego e sustento a muitos milhares de portugueses mas, a exemplo do que aconteceu com muitas outras coisas importantes, foi totalmente aniquilada após o 25 de Abril.
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Agricultores, pescadores e industriais foram pagos pelo regime democrático para não produzir, tendo contribuído tal decisão para o empobrecimento do País e o agravamento substancial da política de preços dos bens essenciais.
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O regime implantado em 25 de Abril de 1974 privilegiou a construção de obras megalómanas, nomeadamente auto-estradas, tendo sido claramente manipulado pelas grandes empresas de construção que viram neste sector  a galinha dos ovos de ouro e uma excelente oportunidade de ganhar milhões. Os sucessivos governos pactuaram com os interesses das construtoras porque tratando-se de obras adjudicadas por centenas de milhões, era fácil desviar "luvas" chorudas para os "intermediários", sem qualquer problema, tanto mais que no final da obra havia sempre a possibilidade de invocar acrescentos ou alterações ao traçado inicial e até o agravamento dos preços dos materiais. Não me lembra de nenhuma obra que tivesse sido realizada, nomeadamente auto-estradas que não apresentassem no final dezenas ou centenas de milhões de euros de derrapagem.
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A inutilidade de algumas dessas vias está agora bem visível para quem observe o escasso tráfego que por elas circula. São centenas e centenas de quilómetros de asfalto e betão armado que serviram para proporcionar lucros chorudos às empresas e "luvas" multimilionárias aos "intermediários" e governantes que à época ocupavam os lugares de decisão.
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As velhinhas estradas nacionais, algumas retocadas, outras nem por isso, são a alternativa milagrosa para os portugueses que não têm condições para pagar portagens caríssimas, incompatíveis com o seu nível de vida.
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Metade das auto-estradas que foram construídas chegavam e sobravam para um País com 560 km de comprimento e cerca de 220 km de largura, desde que tivessem sido criteriosa e responsavelmente planeadas, tendo exclusivamente em conta os interesses do povo português.
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A dívida pública portuguesa aumentou exponencialmente com os milhares de milhões gastos escusadamente nas auto-estradas e agora os portugueses estão condenados a pagar, simultâneamente, a dívida e as portagens, sabendo-se que uma boa percentagem nem sequer as utiliza.
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O País podia ter aproveitado as importantes remessas da CEE para se desenvolver a todos os níveis e desperdiçou essa grande oportunidade, essencialmente porque os gananciosos abutres do costume se apoderaram ilicitamente da maior fatia do bolo.
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Por outro lado, gostaria que fossem explicados aos portugueses, os benefícios em termos de desenvolvimento para o País, resultantes da delapidação de seis toneladas de barras de ouro que o antigo regime deixou armazenadas na casa forte do Banco de Portugal. É que das 900 toneladas, já nem 300 lá existem! Para que serviu esse ouro? Para tapar buracos como o do BPN?
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Embora muitas mais coisas negativas houvesse para apontar em variadíssimas áreas, nomeadamente na habitação, saúde e educação, fica claro que o terceiro D de desenvolver foi um fiasco de todo o tamanho e, por isso mesmo, os resultados ao fim de 38 anos de regime democrático não podiam ser piores: Portugal atravessa a maior crise económica de que há memória, o desemprego atingiu números nunca imaginados, as falências das empresas e das famílias acontecem diariamente às dezenas e centenas de milhar de portugueses não têm condições económicas para garantir uma modesta refeição diária (faziam falta os 500.000 € que o ex-primeiro ministro gastou em refeições), já para não falar daqueles que perderam todos os seus bens (penhorados), inclusivé a casa e passaram a viver na via pública, engrossando o número dos sem-abrigo.
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Cada um é livre de opinar e pintar os quadros que entender  relativamente ao grau de realização dos três DÊS em apreciação; mas se o fizer com independência, sem demagogias à mistura e se utilizar exclusivamente a verdade e a realidade dos factos, não será possível atribuir-lhes uma nota positiva, sendo que a descolonização foi efectivamente extremamente negativa e trágica, a pior dos 3 dês.









3 comentários:

Unknown disse...

No dia 25 passado foi a comemoração, em Portugal, do acontecimento histórico em que um soldado pos um cravo na extremidade de sua arma e o gesto foi imitado por muitos. Revolução que derrubou Salazar que, segundo reza a lenda aqui na Terrae brasilis, não permitia que o time do Benfica perdesse o campeonato.

Decepções com os movimentos que supostamente são a pedra de toque para uma série de melhorias, parece fazer parte do cotidiano de nossos países. Há um pouco mais de duas décadas, eu participei de uma passeata, ainda estudante e cara pintada, que viria a causar o Impedimento do então presidente Collor. Hoje ele faz parte novamente do poder legislativo e ninguém parece se lembrar de nada. Em verdade ele nem mesmo foi condenado, creiamos nós ou não.

Há um cantor e compositor brasileiro o qual eu admiro muito chamado Chico Buarque. Uma de suas canções homenageia a Revolução do Cravos. Queria deixá-la aqui para que você dê uma lida em seu conteúdo, caso não conheça.

Tanto mar

Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente
Ainda guardo renitente
Um velho cravo para mim
Já murcharam tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente
Nalgum canto de jardim

Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei, também, quanto é preciso, pá
Navegar, navegar
Canta primavera, pá
Cá estou carente
Manda novamente
Algum cheirinho de alecrim

Procurando-a no Youtube você a encontra também facilmente.

Agora, desejando-lhe uma ótima semana, apresento meu "D" de despedidas, caro Manuel!

Muita paz!

Oswaldo Jorge do Carmo disse...

Exmo Senhor
Autor desta Publicação
Lisboa

Sem entrar em pormenores porque isto, os três Dês, não têm ponta por onde se lhe possa pegar, eu daria a este Processo, -20.
A única coisa que foi feita, muito mal feita, pois o objectivo nº um, do Vinte e Cinco de Abril, era esse, foi a triste DESCOLONIZAÇÃO.

Democracia!? Deixa-me rir!!!! Onde uma Pessoa ganha 33,33 Euros/Mês, e outra ganha mais de 167.000.00 Euros/Mês, só se lhe pode chamar a maior DITADURA de todos os tempos!!!!!!!!!!!!!! Nem nos tempos do Snr Antoninho, se via semelhante ABSURDO!!!!!! Nunca os Portugueses, tiveram tanta razão, para dizer: Eles comem tudo e não deixam nada!!!!!! Eles comem tudo e não deixam nada!!!!!!!??????

Desenvolver! Eu gostava de saber como é que, acabando com tudo o que, no 25 de Abril, havia, em Portugal, se pode desenvolver o País?

Mais: Como é que qualquer Empresa, em Portugal, para produzir qualquer coisa, tem, em parte, por conveniência, que Importar tudo, para começar a trabalhar, pode, perante isto, desenvolver o País?

Os Governantes, ainda não compreenderam, que os Empresários, mesmo que exista Maquinaria de qualquer Marca, Tipo e Modelo, de Fabrico Português, preferem Importá-la, para deixarem o deles, lá fora!!??

Sobre, ainda, a Liberdade: o que me interessa, a mim, chegar à rua, bater, se puder, num determinado Indivíduo ou brindá-lo com um Tiro, quando o Político, o Familiar ou o Amigo, está em casa, a bater na Barriga, de contente, a ganhar Milhões, quando eu ganho tostões? É lógico, racional e intuitivo, que não são, todos, iguais, mas, uma grande parte dos que nos têm governado, pertencem a esta categoria.
Laranjeiro, 30-04-2012

Anónimo disse...

Boa tarde estimado Manuel,

Que é feito de si?
Está tudo bem, de saúde?
Li o seu magnífico texto, com olhos de ver e adorei os três "D".
Sem dúvida, que a descolonização foi o pior dos três.

Boa semana.
Abraços de estima.