António de Sommer Champalimaud foi um dos mais extraordinários empresários portugueses do século XX (1918/2004).
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Aos 19 anos, na sequência da morte de seu pai, abandonou os estudos na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e tomou conta da empresa do progenitor, já que era o mais velho de quatro irmãos. Champalimaud recebeu do pai um negócio tecnicamente falido, reerguendo-o com sucesso e partiu para a construção de um império empresarial que foi considerado o maior do País.
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O mundo empresarial de António Champalimaud abrangia construção, imobiliário, vinhos do douro, cimentos, siderurgia, banca, celulose, seguros, etc. O seu mundo empresarial estendia-se às ex-colónias de Angola e Moçambique e também ao Brasil.
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Em 1969 surge um contratempo na vida de Champalimaud, na sequência da contestação feita pelos seus irmãos, no Caso da Herança Sommer, parte para o México, para evitar um mandado de captura no processo.
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Em 1973 volta a Portugal depois de ter sido ilibado no processo pelos tribunais mas por pouco tempo, já que na sequência da Revolução dos Cravos é obrigado a abandonar o País e já no exílio assiste à nacionalização do seu património, considerado na época, a sétima maior fortuna europeia.
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Porém, este grande empresário, depois de passar por França, fixa-se no Brasil e não cruza os braços. Inteligente e empreendedor, dedica-se à actividade agrícola, à criação de gado e à produção de cimento e em década e meia consegue reerguer o seu património.
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O sucesso empresarial alcançado no Brasil permite-lhe regressar a Portugal numa confortável situação financeira, a qual deu muito jeito para investir no processo de privatização das empresas públicas, encetado pelo Executivo de Cavaco Silva.
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Se dúvidas houvesse quanto à brilhante capacidade de negociar de Champalimaud, a sua actuação entre 1992 e 1997, eliminaria todas as dúvidas. Em cinco anos conseguiu refazer uma boa parte do seu património nacionalizado por Vasco Gonçalves, acabando por negociá-lo com o Banco Santander Central Hispano, recebendo 301 milhões de contos e uma participação de 3,5% do ncapital do maior Banco espanhol, ficando como accionista de referência.
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Há quem veja nesta atitude de Champalimaud (venda do seu património ao Banco espanhol), uma espécie de vingança pelo que lhe fizeram após o golpe militar de 25 de Abril de 1974. Se foi uma vingança, ela foi realmente muito bem orquestrada, graças aos milhões que em tão poucos anos realizou no Brasil.
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Mas a intenção desta mensagem não era de modo algum falar da vida e da obra do maior empresário português de todos os tempos mas tão somente salientar o gesto magnânimo que em final de vida quis legar ao País e ao mundo, deixando em testamento a soma de 500 milhões de euros destinados à construção de uma fundação, em memória dos seus progenitores, Ana de Sommer Champalimaud e Carlos Montez Champalimaud, dedicada à investigação biomédica.
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António Sommer Champalimaud, se em vida foi um extraordinário homem de negócios, na morte demonstrou uma enorme grandeza de alma, oferecendo parte da sua fortuna ao País que tão mal o maltratou, para ser aplicada na investigação científica e na descoberta de medicamentos para a cura de doenças que matam diariamente milhares de pessoas em todo o mundo.
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A sua vontade testamentária foi devidamente acautelada ainda em vida e cumprida à risca pela pessoa que o próprio Champalimaud designou para presidir aos destinos da Fundação. A Drª Leonor Beleza tem desenvolvido um trabalho notável, ao ponto de os maiores investigadores norte americanos afirmarem que o melhor local para se fazer investigação fora da América, é a Fundação Champalimaud, em Portugal.
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Por tudo isto, será fácil constatar que o nome de CHAMPALIMAUD perpetuará para além da morte, ao contrário daqueles que tiveram grandes responsabilidades nos saques que se realizaram em Portugal a seguir ao golpe militar de 25 de Abril de 1974 e que na maioria dos casos, vivos ou mortos, já ninguém se lembra deles.
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Por outro lado, no pós 25 de Abril, os pseudo-empresários portugueses, iniciaram uma outra forma de empreendorismo ruinoso, assente em elaborados esquemas de corrupção, cujos milionários proveitos em vez de serem aplicados no desenvolvimento do País e na criação de emprego, são sistematicamente desviados e escondidos em sigilosos paraísos fiscais.
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Com raríssimas excepções, é esta espécie de empresários que floresce em Portugal; que é bem vista pelo Estado, pelo poder político e judicial e que até tem honras condecorativas no 10 de Junho; que têm carta branca para sacar todo o dinheiro que querem das instituições bancárias e depois de se encherem, estão-se marimbando para os compromissos assumidos e para a crise económica, abrem falência e zarpam do País para um qualquer lugar tranquilo do globo onde possam gozar dos rendimentos acumulados.
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Meu caro Champalimaud, fazendo uma simples comparação do antes e do depois, só posso dizer: "adeus mundo, cada vez a pior".
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Em 1969 surge um contratempo na vida de Champalimaud, na sequência da contestação feita pelos seus irmãos, no Caso da Herança Sommer, parte para o México, para evitar um mandado de captura no processo.
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Em 1973 volta a Portugal depois de ter sido ilibado no processo pelos tribunais mas por pouco tempo, já que na sequência da Revolução dos Cravos é obrigado a abandonar o País e já no exílio assiste à nacionalização do seu património, considerado na época, a sétima maior fortuna europeia.
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Porém, este grande empresário, depois de passar por França, fixa-se no Brasil e não cruza os braços. Inteligente e empreendedor, dedica-se à actividade agrícola, à criação de gado e à produção de cimento e em década e meia consegue reerguer o seu património.
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O sucesso empresarial alcançado no Brasil permite-lhe regressar a Portugal numa confortável situação financeira, a qual deu muito jeito para investir no processo de privatização das empresas públicas, encetado pelo Executivo de Cavaco Silva.
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Se dúvidas houvesse quanto à brilhante capacidade de negociar de Champalimaud, a sua actuação entre 1992 e 1997, eliminaria todas as dúvidas. Em cinco anos conseguiu refazer uma boa parte do seu património nacionalizado por Vasco Gonçalves, acabando por negociá-lo com o Banco Santander Central Hispano, recebendo 301 milhões de contos e uma participação de 3,5% do ncapital do maior Banco espanhol, ficando como accionista de referência.
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Há quem veja nesta atitude de Champalimaud (venda do seu património ao Banco espanhol), uma espécie de vingança pelo que lhe fizeram após o golpe militar de 25 de Abril de 1974. Se foi uma vingança, ela foi realmente muito bem orquestrada, graças aos milhões que em tão poucos anos realizou no Brasil.
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Mas a intenção desta mensagem não era de modo algum falar da vida e da obra do maior empresário português de todos os tempos mas tão somente salientar o gesto magnânimo que em final de vida quis legar ao País e ao mundo, deixando em testamento a soma de 500 milhões de euros destinados à construção de uma fundação, em memória dos seus progenitores, Ana de Sommer Champalimaud e Carlos Montez Champalimaud, dedicada à investigação biomédica.
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António Sommer Champalimaud, se em vida foi um extraordinário homem de negócios, na morte demonstrou uma enorme grandeza de alma, oferecendo parte da sua fortuna ao País que tão mal o maltratou, para ser aplicada na investigação científica e na descoberta de medicamentos para a cura de doenças que matam diariamente milhares de pessoas em todo o mundo.
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A sua vontade testamentária foi devidamente acautelada ainda em vida e cumprida à risca pela pessoa que o próprio Champalimaud designou para presidir aos destinos da Fundação. A Drª Leonor Beleza tem desenvolvido um trabalho notável, ao ponto de os maiores investigadores norte americanos afirmarem que o melhor local para se fazer investigação fora da América, é a Fundação Champalimaud, em Portugal.
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Por tudo isto, será fácil constatar que o nome de CHAMPALIMAUD perpetuará para além da morte, ao contrário daqueles que tiveram grandes responsabilidades nos saques que se realizaram em Portugal a seguir ao golpe militar de 25 de Abril de 1974 e que na maioria dos casos, vivos ou mortos, já ninguém se lembra deles.
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Por outro lado, no pós 25 de Abril, os pseudo-empresários portugueses, iniciaram uma outra forma de empreendorismo ruinoso, assente em elaborados esquemas de corrupção, cujos milionários proveitos em vez de serem aplicados no desenvolvimento do País e na criação de emprego, são sistematicamente desviados e escondidos em sigilosos paraísos fiscais.
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Com raríssimas excepções, é esta espécie de empresários que floresce em Portugal; que é bem vista pelo Estado, pelo poder político e judicial e que até tem honras condecorativas no 10 de Junho; que têm carta branca para sacar todo o dinheiro que querem das instituições bancárias e depois de se encherem, estão-se marimbando para os compromissos assumidos e para a crise económica, abrem falência e zarpam do País para um qualquer lugar tranquilo do globo onde possam gozar dos rendimentos acumulados.
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Meu caro Champalimaud, fazendo uma simples comparação do antes e do depois, só posso dizer: "adeus mundo, cada vez a pior".
4 comentários:
Sempre que passo por aqui, aprendo alguma coisa interessante!
Muita paz!
Prezado amigo, aqui vai uma sugestão de blog que achei que o interessaria:
http://mestrechassot.blogspot.com.br/
O amigo faz postagens diárias de assuntos variados e de bom alvitre!
Muita paz!
Olá Manuel,
Dá gosto ler textos, assim.
Li-o duas vezes, não, que o não tivesse percebido à primeira, mas era preciso sentir a intensidade e a veracidade das suas palavras.
CHAMPALIMAUD, foi daqueles casos, fora do comum.
Homem de aspeto pouco risonho e afável, mas com um coração, que está e esteve à vista de todos nós.
As pessoas com grandes fortunas, procedem, muitas vezes, como a citada figura, no seu texto. Pensemos no Senhor Gulbenkian, por exemplo. Vastíssima obra deixou.
Os meus parabéns pela tema por si escolhido e pela grandiosidade destes corações.
Resto de boa semana.
Abraço de consideração.
Boa noite Manuel,
Fico-lhe muto agradecida e até sensibilizada, pelo sua atitude e disponibilidade.
Já fui contactada por uma Editora, mas tenho receio de arriscar. Se lançar um livro, será, naturalmente, um dos meus ilustres convidados, e que terá a agradável "tarefa" de recitar aquilo que escrevo.
Eu não sei declamar, nem o que escrevo, nem aquilo que os outros escrevem. Só sei sentir.
Ficarei muito feliz.
Obrigada.
Abraço de estima.
Exmo Senhor
Autor Desta Publicação
Lisboa
Exmo Senhor,
De facto, diz o Ditado: "Amor com Amor se paga". Este Senhor, assim, não procedeu. Este Senhor, recebeu Ódio e Inveja, e deu Amor pelo Próximo!!!! Não há, até porque já não têm o mesmo significado, que tinham no seu e no meu Tempo, Adjectivos para Classificar este GRANDE HOMEM!!!!!
Portugal não precisava nem precisa, dos actuais Oportunistas-Parasitas: Portugal precisava de HOMENS como este, às centenas e aos Milhares!!!!!!!!!
Só assim é que sairia da Crise, devido a tanta CORRUPÇÃO, em que nos meteram.
Laranjeiro, 17-05-2012
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