sábado, 21 de julho de 2012

PROF. DOUTOR JOSÉ HERMANO SARAIVA


Morreu um dos maiores vultos da história portuguesa do século XX
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Nada é eterno. Tudo nasce e tudo morre. É a Lei da Natureza, implacável, sem qualquer tipo de cedência, clemência ou contemplação e completamente indiferente ao estatuto ou condição social do homem. Chegada a hora, não há forma de adiar a partida, porque a Natureza funciona numa tal harmonia e perfeição que não admite a mais ínfima falha  e só por isso, é possível a existência da complexa máquina do Universo há milhões de anos.
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JOSÉ HERMANO SARAIVA, um homem com uma dimensão intelectual e humana fora do vulgar, terminou a sua missão na Terra aos 92 anos de idade, vítima de doença prolongada e adormeceu profundamente no sono da eternidade.
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Este grande homem ainda serviu o antigo regime como Ministro da Educação e depois como Embaixador de Portugal no Brasil. Muitos invejosos tentaram prejudicá-lo pelo seu passado mas não conseguiram porque o seu caráter, a sua competência, o seu saber, a sua estatura ética e moral se sobrepuseram e superaram toda a maldade  dos detratores.
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Foi sempre igual a si próprio, um homem com todas as letras que nunca escondeu o seu passado e nunca teve medo de confessar que sentia muito orgulho por ter servido Portugal. no Estado Novo. Elogiou muitas vezes António de Oliveira Salazar e a sua governação durante estes 37 anos pós 25 de Abril e ainda recentemente, creio que na última entrevista antes da sua morte, o voltou a fazer. Era um homem de elevado sentido patriótico e tinha um enorme culto pela família, a qual constituía, em suas próprias palavras, a base sólida de uma sociedade.
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O seu elevado grau de erudição permitiu-lhe levar a cabo importantíssimos trabalhos de pesquisa sobre a história de Portugal e contar essas histórias de uma forma tão singular que prendia a atenção dos espetadores, contribuindo decisivamente para que os portugueses passassem a conhecer melhor e a gostar mais da História de Portugal.
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JOSÉ HERMANO SARAIVA foi, indubitavelmente, um grande historiador e esse mérito ser-lhe-á reconhecido e atribuído, mais cedo ou mais tarde, nas páginas gloriosas da verdadeira História de Portugal, aquela à qual dedicou uma boa parte da sua vida e prestou enorme contributo, até mesmo por aqueles que o afrontaram em vida.
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Foi um comunicador brilhante e um narrador inigualável!!! Ele não narrava apenas os episódios históricos dos nossos antepassados, ele dava testemunhos vivos desses acontecimentos com séculos de existência e fazia-o com uma clareza, com um à-vontade, com uma certeza, com uma pormenorização e com uma convicção impressionantes! A descrição dos factos era de tal forma autêntica, eloquente e convincente que parecia estar a transmitir um acontecimento recente e que ele próprio era um dos protagonistas dessas mesmas histórias.
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Mas José Hermano Saraiva foi também um político de grande estatura, erudito e impoluto, sobressaindo a sua capacidade de trabalho e a eloquência dos seus discursos; foi um Professor de excelência e um distinto e competentíssimo advogado que fazia questão de só defender os "casos" em que verdadeiramente acreditava. Nesse sentido, sou da mesma opinião do seu irmão: "o Zé fez as coisas que quis ao longo da sua vida com brilhantismo e tenho a certeza que teria tido sucesso em qualquer profissão que abraçasse".
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Os´seus adversários colocaram em causa a autenticidade das suas pesquisas históricas, mais por inveja do que por falta de rigor científico; eles sabiam  que José Hermano Saraiva era um homem estudioso, responsável e competentíssimo e que tudo quanto dizia ou fazia se baseava em conclusões resultantes desse seu trabalho de investigação.
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José Hermano Saraiva fazia parte de um pequeno número de grandes homens portugueses que eu admirava profundamente e tenho consciência da enorme perda que representa para Portugal a sua morte. Esse pequeno grupo de grandes homens, verdadeiros arquétipos, está cada vez mais reduzido porque infelizmente, após a morte de alguns, não tem havido preenchimento das vagas. Os grandes homens escasseiam, são raros e temo que estejam mesmo em vias de extinção.
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Em vida, gostaria imenso de lhe ter podido dizer pessoalmente o quanto o admirava e o quanto gostaria de lhe ter dado um afetuoso abraço.  Como tal desejo nunca se realizou, faço questão de lhe enviar agora esse saudoso abraço para o local onde vão os justos depois da morte.
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Que aquele Deus em que acredito seja magnânimo para com a sua alma e lhe dê a felicidade eterna.




3 comentários:

Unknown disse...

Meus sinceros pêsames à nação lusitana!

Anónimo disse...

Boa tarde estimado Manuel,

Morreu um pouco da HISTÓRIA DE PORTUGAL.
Quando fiz a Faculdade, já este Professor Doutor, se tinha reformado. que pena!
Mas, contudo, confortava-me, ouvindo-o na televisão e lendo alguns livros dele, que possuo em casa.

HISTORIADOR NATO, GRANDE COMUNICADOR, HOMEM DE ELEVADA CULTURA, MERECE O NOSSO APREÇO E ADMIRAÇÃO.

Os meus pêsames à família enlutada, aos seus alunos, e foram muitos e a PORTUGAL.

Abraço de muita estima.

Oswaldo Jorge do Carmo disse...

Exmo Senhor
Autor desta Publicação
Lisboa

Exmo Senhor,

De facto, não há Adjectivos para qualificar este SENHOR!!!!!

Pelo menos, em Portugal, já não há HOMENS como este!!!!!

Este foi mais um CIDADÃO, que os actuais Políticos, não quereriam a trabalhar com eles.

Embora com algum atraso, envio os meus sentidos Pêsames, à Exma Família, deste Historiador, sem igual!!!!!!!

Estas Personalidades, não estudavam, como agora se faz, só para os Testes. Com todos estes Conhecimentos, O Exmo Senhor Professor, Dr e Historiador, José Hermano Saraiva, estava, diariamente, com a matéria em dia. Este sim, era um Dr, a sério!!!!!!
Laranjeiro, 30-07-2012