segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

CRIMINALIZAÇÃO DO ENRIQUECIMENTO ILÍCITO COM QUARENTA ANOS DE ATRASO!

 
 Imagem retirada do Google
 
Em 40 anos de democracia, os políticos adiaram sucessivamente a criação de legislação para combater o enriquecimento ilícito, permitindo que muitos milhares de "figurões" construíssem grandes fortunas, através de actos de corrupção e de imaginativos esquemas fraudulentos, gozando de vergonhosa impunidade da Justiça.

Inacreditavelmente, o projecto de lei aprovado em 2012 na Assembleia da República que determinava a inversão do ónus da prova, foi chumbado pelo Tribunal Constitucional (TC)  porque os juízes entenderam que o diploma violava “os princípios constitucionais da presunção da inocência e da determinabilidade do tipo legal ”. Os juízes discordaram do facto de ser o arguido a justificar a proveniência dos bens por considerarem que isso viola direitos e garantias e, por outro, consideraram que não havia bem jurídico atendível, ou seja, não havia valor que justificasse a autonomização do crime de enriquecimento ilícito.
 
Quem não deve não teme. Se alguém enriqueceu licitamente, qual o problema em justificar a proveniência dos bens? A dificuldade em fazer essa justificação só afecta aqueles que ganharam dinheiro ilicitamente. Seria importante que em casos de justiça, os suspeitos de enriquecimento ilícito, fossem obrigados a justificar a proveniência do dinheiro.
 
Então expliquem-me porque razão o Tribunal Constitucional chumbou o diploma que determinava a inversão do ónus da prova?
 
Quem é que o Tribunal Constitucional quis proteger? Não foram, com toda a certeza, os cidadãos que enriqueceram licitamente porque esses não têm qualquer problema em justificar a origem dos seus bens. Nesse sentido, sou obrigado a pensar que a actuação do TC não serviu os interesses da Justiça nem do País e, nesse caso, o povo devia ter-se insurgido, manifestado e revoltado contra tal medida, completamente contrária aos seus interesses.
 
Na criminalização do enriquecimento ilícito, a inversão do ónus da prova é fundamental e é necessária a sua aprovação o mais urgentemente possível na Assembleia da República pela maioria e que desta vez, como o fez, erradamente em 2012, o Senhor Presidente da República, não tenha dúvidas sobre a sua constitucionalidade para evitar pedir a fiscalização preventiva da proposta de lei.
 
É necessário que os políticos se convençam que não podem continuar a enganar o povo tão descaradamente. Esta coisa de fazerem leis à medida das suas necessidades e dos seus objectivos é indecorosa e profundamente desrespeitosa para os cidadãos portugueses que têm sido vítimas dos seus representantes na Assembleia da República, de forma oportunista, próprio de quem não tem pingo de vergonha e nunca soube o que é a ética e a moral.
 
O enriquecimento ilícito tem um peso brutal no PIB, entre 5 a 10 por cento, relativos a actos de corrupção e outras manigâncias lesivas do interesse do Estado. Esta percentagem é igual àquela que anualmente se verifica no aumento da dívida pública! É brutal! Imaginem que a nossa descomunal dívida pública podia ser completamente anulada só com os montantes desviados para alimentar o enriquecimento ilícito!
 
É Obra!!! Cabe ao povo exigir medidas legislativas capazes de poder estancar toda esta sangria criminosa que empobrece os portugueses e envergonha o País.
 
 

1 comentário:

Oswaldo Jorge do Carmo disse...

Exmo Senhor
Autor desta Publicação
Lisboa

Exmo Senhor,

Efectivamente, a não aprovação, desde o vinte e cinco de Abril, de uma Lei ou de Leis que criminalizem o Enriquecimento Ilícito, é premeditada.

Nenhum Partido, até agora, se interessou por este caso porque, Portugal, não é como outros Países.

Neste Cantinho, o Zé é bem comportado, pacífico e, até, muito pouco dinâmico, que é a Receita, completa, que contribui para com este, descarado, procedimento, dos Políticos.

É destes Bananas que eles gostam.

Qual é o Político ou Políticos que, vendo em nós, toda esta inercia e passividade, aprova Leis contra a Corrupção ou o Enriquecimento Ilícito?

De facto, o Exmo Senhor Autor e eu, devemos estar a sonhar muito alto!!!!

Se, neste País, existissem normas rigorosas que combatessem, de facto, a CORRUPÇÃO, Portugal, em vez de ter crescimento, praticamente 0%, tinha um PIB de mais de 3% ao Ano e, tanto V. Excelência como eu, ganhávamos duas vezes mais do que que ganhamos!

Com tanta gente a roubar, como é que o Dinheiro pode, ainda, chegar para esses Políticos, fazerem o que se faz aqui ao lado, em Espanha, ou seja, aumentar, conforme a Inflação, as Reformas e as Pensões?

Tenho pena, muita pena, mesmo, que isto não rode 180 Graus, no meu tempo!

Gostava de ver como eram, afinal, as Revoluções, nesta Pátria de Luís Vaz de Camões!!!!

Sinto muita tristeza!!!

Eu gostava que alguém me dissesse, qual é o mortal que, tendo os PRIVILÉGIOS que têm os Políticos Portugueses, se desfazia deles, voluntariamente?

É lógico, racional e intuitivo que, só com uma acção à Pancho Vila, é que essa Pessoa cedia!
Laranjeiro, 02-12-2014