terça-feira, 28 de abril de 2015

A PERVERSIDADE DAS GREVES DOS TRANSPORTES


Há greve parcial do metro amanhã
Imagem retirada do Google

Hoje de manhã, entre as 7,30 e as 11,00 horas, na companhia da minha cara-metade, fui fazer uma caminhada pela Alta de Lisboa, Alvalade, Campo Grande e Lumiar e verifiquei que o trânsito estava um caos no Eixo Central, rua das Murtas, Av. Brasil e na Zona do Campo Grande. Imagino que o mesmo tenha acontecido noutras áreas de Lisboa, afectadas também pela greve parcial no Metro que desde o início do ano já vai na 4ª paralisação.
 
Durante a caminhada, apercebi-me que estavam imensas pessoas nas paragens  à espera de transporte alternativo mas os autocarros chegavam cheios e as pessoas não podiam entrar. Por outro lado, vi também um número inabitual de pessoas a pé que procuravam chegar aos seus locais de trabalho pelos seus próprios meios.
 
Ao olhar para este quadro injusto e desumano de filas enormes de carros a passo de caranguejo, gente a pé, de táxi, amontoada nas paragens ou enlatada como sardinha nos insuficientes autocarros que circulavam, não pude deixar de pensar que as greves dos transportes são contraproducentes, uma vez que apenas dificultam e prejudicam a vida das classes trabalhadoras mais mal remuneradas, privando-as de um serviço que a grande maioria já pagou, nalguns casos com grande sacrifício e que nestas circunstâncias, em dias de greve, se vêem espoliados de um direito previamente adquirido.
 
O direito à greve está consagrado na Constituição mas esta também defende os direitos dos cidadãos. No caso da greve dos transportes, os direitos de milhares de utentes são postos em causa, afectando-os psicológica e materialmente e não me parece justo que uma qualquer comissão de trabalhadores decida fechar as portas do Metro, da Carris ou da TAP, provocando um prejuízo e um desconforto tão grande a tantas pessoas.

Todas as greves que não atinjam directamente os responsáveis e lhes causem dano, são iníquas e contraproducentes porque geram resultados contrários aos pretendidos pelas estruturas sindicais ou seja, não atingem o patronato mas sim as classes trabalhadores em geral.

Os contenciosos resolvem-se com bom senso e diálogo. Constatar que uma estrutura sindical tem poderes para paralisar o Metro de Lisboa que é pertença de todos os seus habitantes, é algo que a Constituição não devia permitir. E o mesmo relativamente à Carris e à TAP. A população não pode estar à mercê das decisões de um conjunto de estruturas sindicais que representam um universo de pessoas infinitamente menor àquele que é afectado com as suas decisões.

Concordo que se proteste e se reivindique mas não à custa dos sacrifícios da população em geral que nada tem a ver com os processos reivindicativos dos trabalhadores dessas empresas. Estaria de acordo que as estruturas sindicais dos transportes aéreos, marítimos e terrestres decidissem não cobrar bilhetes, por exemplo. No caso da polícia, não aplicar multas. No caso dos Museus, permitir entradas gratuitas, etc. Concordaria que as estruturas sindicais tomassem iniciativas que tivessem em conta os interesses e o bem-estar dos cidadãos e não o contrário.

Durante cerca de 38 anos ao serviço do Estado, embora tenha sido convidado por diversas vezes, rejeitei sempre a condição de sindicalista. Nos meus Serviços havia delegados sindicais afectos ao PSD, PS, CDS e PCP, os quais eram convocados com frequência para reuniões e plenários. Era uma bagunçada que prejudicava a Instituição onde trabalhavam e sobrecarregava os colegas que tinham que executar as tarefas que lhes estavam atribuídas. Paradoxalmente, quando foi necessário resolver o estatuto de enquadramento profissional dos trabalhadores da Direcção-Geral onde eles próprios trabalhavam, foi necessário constituir uma comissão sem delegados sindicais  para resolver o problema, da qual eu próprio fiz parte, porque o sindicato já tinha aceite uma proposta que era lesiva dos interesses dos trabalhadores. Essa comissão foi capaz de resolver, através do diálogo, prestando todos os esclarecimentos necessários e dissipando todas as dúvidas,  aquilo que o sindicato não foi capaz de conseguir com várias greves.

Há imensa gente neste País que não tem qualquer tipo de escrúpulos em construir o seu bem-estar à custa do sacrifício dos outros. 


 
 

1 comentário:

Oswaldo Jorge do Carmo disse...

Exmo Senhor
Autor desta Publicação
Lisboa

Exmo Senhor

De facto, tem toda a razão, aliás, onde eu trabalhei, aconteceu, exactamente, o mesmo.

Normalmente, só subiam, na Carreira, os Sindicalistas, os outros, salvo raras excepções, ficavam para trás.

Para mim, os Sindicalistas, não passam de uns Cata Ventos; uns Paus mandados; uns irresponsáveis.

Enquanto a Lei dos Grevindicalistas, não for alterada, quem se lixa é o ZÉ PAGANTE!!

Tirando, neste caso, a triste TAP, as outras Empresas, estão a pedir a Nossa Senhora de Fátima, que haja cada vez mais Greves.

Pudera, assim, qual é o Patrão ou Empresa, que não quer, sem fazer qualquer despesa, que haja GREVINDICAÇÕES, todos os Dias?

Isto só vai parar quando os Governos tiverem a coragem REVOLUCIONÁRIA, de publicar uma Lei que obrigue qualquer Empresa, a indemnizar os Cidadãos, pelos prejuízos causados.

"Voluntáriamente, ninguém prescinde dos seus PRIVILÉGIOS"
Laranjeiro, 29-04-2015