sexta-feira, 3 de abril de 2015

ANTÓNIO COSTA - "DERROTA NA MADEIRA NÂO TEM DIMENSÃO NACIONAL"


Imagem retirada do Google

O Secretário Geral do Partido Socialista, António Costa, depois do desaire eleitoral sofrido na Madeira, veio dizer que a "derrota na Madeira não tem dimensão nacional".
 
Dito desta maneira, até parece que o ex-Presidente da Câmara Municipal de Lisboa pensa que a Madeira deixou de pertencer ao território português e que não passa de uma pequena ilha perdida no Atlântico sem qualquer relevância ou influência na vida política portuguesa do continente.
 
Tivesse a coligação "MUDANÇA", constituída pelo PS/MPT/PTP/PAN alcançado uma vitória na Região Autónoma da Madeira ou, até mesmo, um resultado superior ao das anteriores eleições e António Costa teria extrapolado imediatamente os resultados para o plano nacional e a partir daí produzido um sem número de afirmações políticas oportunistas e negativas sobre a coligação que governa o País.
 
Pessoalmente, não fico admirado com a reacção de António Costa à derrota do PS na Madeira porque ainda recentemente, sobre a candidatura presidencial do socialista Henrique Neto, disse que não tinha nenhum comentário a fazer mas depois, perante a insistência dos jornalistas, lá acrescentou que soube da notícia pela rádio e que a candidatura lhe era indiferente. Embora Henrique Neto, não seja o seu candidato e possa até complicar a sua estratégia presidencial, podia ter tido para com ele uma palavra de simpatia. Então uma personalidade do PS que se candidata a Presidente da República, não lhe diz nada? É-lhe indiferente? Francamente!
 
Também lhe é indiferente a situação do ex-Secretário Geral do PS e ex-Primeiro Ministro José Sócrates? No passado foi seu incondicional apoiante e até desempenhou a função de ministro de Estado e da Administração Interna entre 2005 e 2007, no XVII governo constitucional. Quem apoiou incondicionalmente as políticas governativas da era socrática que levaram Portugal à bancarrota, não pode agora aparecer como "salvador da pátria", sacudindo a água do capote como se nunca tivesse conhecido o ex-Primeiro Ministro.
 
Todos sabemos como foi hábil a sua actuação no processo de destituição do anterior Secretário-Geral do PS, António José Seguro, este sim, um socialista que se tinha demarcado das políticas de Sócrates e que hoje estaria muito mais à vontade para lidar com a sua situação de detenção. Mas António Costa escolheu hábil e milimetricamente o momento para desferir o golpe fatal no companheiro, a quem venceu nas "directas" com uma margem confortável.

Um dos pretextos de António Costa para avançar para a liderança do partido, teve a ver com o facto de Seguro ser frouxo na oposição ao governo e não conseguir descolar nas sondagens, numa conjuntura de grande austeridade e enorme insatisfação e contestação dos portugueses. Depois, a comunicação social fez o resto, promovendo e exaltando as qualidades políticas do então Presidente da Câmara Municipal de Lisboa até à exaustão, ao mesmo tempo que criticava e desvalorizava a liderança de António José Seguro. Com a comunicação social e os notáveis do Partido do seu lado, foi fácil destronar AJS, um homem de carácter, íntegro e frontal que não foi devidamente compreendido e apoiado.
 
Mas António Costa vai ter vida difícil porque as coisas não lhe correm de feição e tem outros problemas para além da histórica derrota na Madeira: o Presidente francês François Hollande, acabou de sofrer uma tremenda derrota nas eleições departamentais, ganhas pela coligação de direita "sarkozysta" e centrista, nas quais, até o partido de extrema esquerda, liderado por Marine le Pen, ficou à sua frente. Nas próximas legislativas  não vai poder contar com o apoio do amigo francês porque caiu em desgraça e até aposto que vai evitar fazer-lhe referência no período de campanha eleitoral.

Para complicar ainda mais a vida a Costa, Portugal parece querer sair da agonia económica em que os governos de Sócrates deixaram o País, retomando o crescimento e reconquistando aos poucos a normalidade e a confiança dos portugueses, os quais começam a acreditar e a dar valor ao trabalho de recuperação desenvolvido pelo actual governo e provavelmente irão conceder-lhe o benefício da dúvida em próximas eleições, dando-lhe oportunidade de concretizar o seu projecto político, agora com mais recursos económicos e, consequentemente, sem necessidade de "obrigar" os cidadãos a tanta austeridade.
 
Pela parte que me diz respeito, não tenho qualquer simpatia por nenhuma das forças políticas mas, na qualidade de cidadão atento ao seu desempenho e não havendo uma solução supra-partidária para governar o País, sou favorável à continuidade das actuais forças políticas.

Esta posição é ponderada e apoiada na avaliação feita ao longo de todo o período democrático à governação dos partidos que exerceram o poder e, nesse sentido, não podia ter outra opinião.

António Costa, em meu entender, vai perceber que há valores que devem ser preservados e que não vale tudo em política, pois "quem se mete por atalhos mete-se em trabalhos". Cá estamos para ver como tudo vai acabar.
 

2 comentários:

Unknown disse...

Irei continuar afastado dos comentários políticos. Muito do que aqui escreveste é verdade e não poderá ser esquecido.

Estou cansado de políticos orgulhosos corruptos e insensíveis aos dramas sociais do meu país.

Desejo-te uma BOA PÁSCOA

Oswaldo Jorge do Carmo disse...

Exmo Senhor
Autor desta Publicação
Lisboa

Exmo Senhor
Autor,

Até parece que existe um decreto, que eu desconheço, que obriga os políticos, todos, a dizerem o contrário do que dizem e apresentam as evidências!

Porque, no fundo, são todos iguais.

É por factos como estes, que os políticos estão cada vez mais desacreditados, perante os Cidadãos.

Infelizmente, nas próximas Eleições, ganhe quem ganhar, vamos ter mais do mesmo.

Desejo-lhe, bem como à sua Exma Família, uma, muito Feliz, Páscoa.
Laranjeiro, 05-04-2015