quarta-feira, 20 de abril de 2016

A CORRUPÇÃO MEDROU PORQUE A JUSTIÇA DEIXOU


Imagem retirada do Google

Assistimos com grande preocupação à constante degradação do carácter humano. Constatamos que não há nenhum sector de actividade onde não haja pessoas com comportamentos desviantes, vulneráveis a toda a espécie de esquemas de corrupção. Uma tão gigantesca rede de gente corrupta, coloca em perigo a estabilidade económica e financeira à escala global, contribuindo para gerar mais pobreza no mundo e, consequentemente, tornar cada vez mais difícil a vida dos cidadãos com menos recursos económicos.

Para os corruptores e para os corruptos, a justiça não tem estado à altura. Por serem normalmente as mais proeminentes e poderosas figuras públicas os principais intervenientes em actos de corrupção, a justiça tem ignorado os seus crimes e tem-lhes permitido total impunidade.

Assim tem sido em todo o mundo e Portugal, infelizmente, não foge à regra. A corrupção atingiu uma tal dimensão em Portugal que se torna praticamente impossível calcular o valor astronómico que tais crimes envolvem, uma triste realidade que não é alheia à situação económica difícil em que o País se encontra há vários anos.

Durante as primeiras décadas da democracia, tivemos à frente dos órgãos judiciais, uma espécie de figuras decorativas, personalidades sem carácter e sem independência que foram prestando sucessivos favores ao poder político, colaborando com os seus actores e ajudando-os a defender-se de graves acusações, as quais acabavam invariavelmente arquivadas.

Assim aconteceu ao nível do Ministério Público, da Procuradoria Geral da República, do Tribunal Constitucional e dos Tribunais, em geral. Os portugueses assistiram a actuações condenáveis e ridículas dos responsáveis pela justiça portuguesa, a qual descredibilizaram e envergonharam perante os portugueses e estrangeiros.

De momento, parece que algo está a mudar. Estão em curso importantes e mediáticos processos judiciais que romperam com o anterior figurino da justiça, fruto de investigações corajosas e independentes, levadas até às últimas consequências, independentemente do poderio político, económico ou social dos arguidos, como o prova  o processo de inquérito "Operação Marquês" que envolve o ex-primeiro ministro José Sócrates.

Presto minha sincera homenagem à actual Procuradora-Geral da República, Joana Marques Vidal que está a reerguer dos escombros um Ministério Público completamente descredibilizado pelos seus antecessores, as tais figuras decorativas, meros paus mandados, sem vontade própria que cumpriram os seus mandatos ao serviço dos interesses do poder político.

Joana Marques Vidal tem feito um excelente trabalho, longe dos holofotes da comunicação social, indiferente à opinião crítica dos detractores que aqui e além vão aparecendo, consciente do caminho que é necessário percorrer na justiça portuguesa para atenuar os terríveis malefícios da corrupção, um monstro devorador que quer perseguir e combater, ao contrário dos antecessores que até afirmavam que em Portugal o grau de corrupção não era alarmante.

A justiça portuguesa necessita na Procuradoria-Geral da República de pessoas com o carácter impoluto e a coragem de Joana Marques Vidal e de magistradas como Maria José Morgado, uma lutadora incansável ao longo dos anos na denúncia e no combate à corrupção, uma característica que era também reconhecida ao seu falecido marido, o fiscalista José Saldanha Santos. Nos Tribunais, precisamos de juízes como Carlos Alexandre, um exemplo para todos os colegas de profissão que queiram dignificar a justiça portuguesa.

Estes são portugueses que merecem o meu respeito e consideração, pelos quais tenho um grande orgulho e gostaria que na justiça, muitos outros lhe seguissem o exemplo, para ser possível fazer justiça em Portugal.

1 comentário:

Oswaldo Jorge do Carmo disse...

Exmo Senhor
Autor desta Publicação
Lisboa

Exmo Senhor
Autor,

De facto, isto está a mudar um pouco.

Porém, eu só me acreditava na Justiça se a mesma prendesse os Responsáveis pela fuga de trinta Biliões de Euros, dos Bancos Portugueses.

Nos USA, já lhes tinham confiscado tudo e aplicado pesadas penas de Prisão.

Em Portugal, só se continua a condenar quem rouba um Pão e quem deve Quarenta Cêntimos às Finanças.

Já não é no meu tempo que se prendem os culpados da Pobreza a que chegaram, pelo menos, dois Milhões de Portugueses, por causa dos maus, deliberadamente, contratos e da má Governação.

A nossa Justiça é muito lenta e, também, não dispõe de meios suficientes.

Mesmo que os, actuais, Responsáveis tenham vontade de fazer alguma coisa, não lhes fornecem Ferramentas para combaterem a sofisticação dos malfeitores, sobretudo na Área da Informática.

Os maus continuam a ganhar, de longe, aos bons.

Realmente, eu gostava de saber porque é que os principais culpados do que se passou e continua a passar, com os Bancos, estão cá fora.

Lá fora, não pagavam a Prisão com Dinheiro e iam, imediatamente, lá para dentro.


Em Portugal, com esta Justiça, cada vez há-de haver mais Corrupção.
Laranjeiro, 21-04-2016