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Em 4.12.2012, sentindo-me completamente "roubado" pela Caixa Geral de Depósitos, onde tinha efectuado um investimento em 3 Fundos, no montante de cerca de 30 mil euros, com a garantia de que teria sempre direito à totalidade do capital investido, para além de ter feito reclamação verbal e por escrito ao balcão da agência da CGD onde efectuei os depósitos, enviei também uma Carta Aberta ao Governador do Banco de Portugal a denunciar o "roubo" mas essas minhas diligências não resultaram em nada porque essa gente da Banca se protege mutuamente, são velhos conhecidos e amigos e têm todos rabos de palha. A resposta dada pela Caixa Geral de Depósitos e pelo Banco de Portugal informava-me que o procedimento da CGD estava conforme a lei e enquadrado nas cláusulas que regiam os Fundos.
Perante a resposta, só conseguiria inverter a situação se recorresse à justiça mas para isso era necessário que houvesse realmente justiça confiável em Portugal e, por outro lado, tivesse algum poder económico. Como não se verificava nem uma coisa nem outra, esperei mais 2 anos para ver se a cotação dos Fundos subia, acabando por resgatá-los ao fim de 7 anos, com cerca de 7.400 euros de prejuízo. É obra! 30.000 euros investidos durante 7 anos e ao fim desse tempo, ter que suportar 7.400 euros de prejuízo!
Por todos os "roubos" de que tenho sido vítima por parte da Banca, não tenho qualquer dúvida em afirmar que as Instituições Bancárias são os maiores "ladrões" em Portugal.
Eis a Carta Aberta que então enviei ao Governador do Banco de Portugal:
Senhor Governador do Banco de Portugal
Em 2007, depois de me ter
reformado e ter recebido uma pequena importância relativa a
retroativos, resolvi ir ao meu banco, a Caixa-Geral de Depósitos,
solicitar aconselhamento para empregar esse dinheiro. Na
oportunidade, o funcionário sugeriu compra de ações e indicou
alguns fundos de investimento. Acabei por rejeitar as ações e
aceitar dividir o dinheiro por 3 Fundos que o funcionário me
aconselhou, dizendo-me que não correria riscos. Aliás, foi o
próprio funcionário que ao sugerir-me aqueles produtos, me falou
deles com entusiasmo, fazendo-me crer que eram uma boa opção para
empregar o meu dinheiro.
Passados 5 anos, os tais
fundos que o funcionário me aconselhou, Caixagest Ações Europa,
Caixagest Ações Portugal e Caixagest Rendimento Oriente, no
montante de 29.402,53 €, valem atualmente 17.816,42 €.
Senhor Governador do Banco
de Portugal
Eu depositei na Caixa-Geral de
Depósitos cerca de 30 mil euros para através deles conseguir mais
algum rendimento que me ajudasse a superar as dificuldades económicas
que uma família sem fontes de receita para além do magro
vencimento, tem diariamente.
Em 2008, 2009 e 2010 ainda
recebi cerca de 600 € anuais de juros do Fundo Caixagest Rendimento
Oriente mas em 2011 já não recebi nada e em 2012 também nada vou
receber porque nas manhosas condições de subscrição (agora do meu
conhecimento), é referido que caso o fundo não tenha uma variação
igual ou superior a 15% desde a data da constituição, não será
distribuído rendimento.
Senhor Governador do Banco
de Portugal
Perante tão estranho e
incompreensível clausurado, procurei levantar o dinheiro investido e
para meu espanto fui informado que sim senhor, poderia resgatar o
Fundo, mas à cotação atual ou seja 13.638,40, em vez dos 20.000
euros que eu deposidei na Caixa-Geral de Depósitos. De salientar que
na altura da subscrição fui informado pelo funcionário que me
atendeu que o capital investido estaria sempre garantido.
Senhor Governador do Banco
de Portugal
A questão essencial que lhe
quero colocar nesta minha Carta Aberta, é a seguinte: Sendo o Banco
de Portugal o regulador e o fiscalizador da atividade bancária no
nosso País, como é possível permitir que as instituições
bancárias enganem os cidadãos e utilizem as suas poupanças para
investir em negócios extremamente duvidosos e de elevado risco que
se derem certo engordam os cofres da instituição mas se derem
errado, o cliente é o único responsável pelos prejuízos?
Como é possível que uma
instituição bancária possa veicular publicidade enganosa, prestar
informações de conveniencia para caçar o dinheiro dos clientes e
depois administrá-lo de forma tão irresponsável e ruinosa, sem que
nada lhe aconteça?
No que me diz respeito, um
leigo que nada percebia de investimentos bancários, a Caixa teve um
comportamento condenável, não me transmitiu a verdade e sem que eu
me apercebesse, arrastou-me para um precipício perigoso, no qual
acabei por cair.
Senhor Governador do Banco
de Portugal
Há cinco anos que tenho uma
importância de cerca de 30.000 euros depositados numa instituição
bancária que me enganou, sem qualquer proveito e, neste momento, reduzida a 17.816,42 euros.
Perante esta situação de
crise insuportável para a qual em nada contribuí e porque necessito
muito do dinheiro, venho solicitar a V. Excia, Senhor Governador que
me dê orientações claras sobre a forma como devo reaver o meu
dinheiro, antes que eu tome alguma atitude contrária à lei e tente
reavê-lo por outros meios.
Senhor Governador do Banco
de Portugal
Quem provocou a crise e
administrou mal o dinheiro é que deve ser penalizado. Eu, em vez de
aproveitar e gozar a vida com a pequena importância que recebi de
retroativos, após a reforma, fui depositá-la numa instituição
bancária para acautelar o futuro e obter mais algum rendimento. Foi
esse o meu objetivo. A instituição bancária fez-me crer que era
isso que ia acontecer. Não posso aceitar que ao fim de 5 anos, para
além de não usufruir de qualquer rendimento, também não tenha
direito sequer ao capital investido.
Senhor Governador do Banco
de Portugal
Tenho afirmado inúmeras vezes
e em diversas circunstâncias que a situação actual de Portugal se
deve em primeiríssimo lugar aos políticos e à irresponsabilidade e
incompetência dos sucessivos governantes, mas também à ineficácia
da justiça à portuguesa e à intervenção pouco rigorosa e
séria da Banca, mercê de investimentos arriscados, talvez até
fraudulentos que descambaram em negócios ruinosos para o País e para os clientes ludibriados com produtos manhosos.
Senhor Governador do Banco
de Portugal
Sou um cidadão cumpridor,
amante da lei e da ordem, com um percurso de vida pautado pela
honestidade e respeito, nunca pactuando com esquemas enviesados que
muitas vezes me foram propostos por gente sem escrúpulos, ao longo
da carreira profissional de 39 anos ao Serviço do Estado, nas
diversas instituições públicas onde exerci a minha atividade.
Porém, devido aos desmandos
criminosos que políticos, governantes, autarcas, administradores do
sector empresarial do Estado e outros, têm cometido, levaram o País à bancarrota, sem que ninguém
tenha sido responsabilizado por tão ruinosos actos de gestão, não
está a ser fácil continuar a manter essa minha conduta exemplar
porque a revolta que se apoderou de mim, de há uns tempos a esta
parte, por vezes é tão intensa que consegue descontrolar-me e
apontar-me caminhos que nunca quis trilhar.
Senhor Govenador do Banco
de Portugal
O erário público foi
delapidado em muitos biliões de euros. Gente irresponsável,
incompetente e desonesta, serviu-se das funções privilegiadas que
exercia na estrutura do Estado para “roubar” as suas receitas e,
dessa forma, atentar contra a honra e a dignidade de todos os
portugueses que neste momento passam por situações difíceis inenarráveis.
Senhor Governador do Banco
de Portugal
Se todos os culpados da
situação dramática que vivemos, pelo desvio de tantos biliões de
euros puderam gozar de total impunidade da justiça à portuguesa,
por que razão um pobre e humilde cidadão reformado, há-de ser
vítima desses roubos e espoliado das suas míseras economias?
Senhor Governador, era isto
que pretendia transmitir-lhe, mais palavra menos palavra, porque
pretendo esgotar todas as formas possíveis de diálogo para resolver
o meu problema, antes de enveredar por outros caminhos.
V. Excia sabe melhor do que
ninguém o que foram os irresponsáveis abusos da atividade bancária
em Portugal e, por isso mesmo, não tenho dúvidas que compreende
perfeitamente o conteúdo desta carta.
Diga-me, Senhor Governador, o que devo fazer para reaver o capital investido nos referidos fundos que me foram aconselhados e, ao mesmo tempo, garantido o reembolso da totalidade do investimento.
Com os melhores cumprimentos.
Manuel Carmo Meirelles
1 comentário:
Exmo Senhor
Autor desta Publicação
Lisboa
Exmo Senhor
Autor,
Com estes chicos espertos, não adianta escrever Cartas abertas nem fechadas.
Como os governos são iguais a eles, efectivamente, protegem-se uns aos outros.
Estes Cavalheiros, que de cavalheiros não têm nada, ainda tiveram a lata de chamar àquele, muito conhecido, CASO Dª Branca, a maior vigarice do Século!!!
Afinal, o que é isto?
Veja, o Exmo Senhor Autor se, no maior roubo de que há memória, este, e no , acima citado caso, os Ricos e os Políticos não receberam a totalidade do Dinheiro investido e até com alguns, imerecidos, ganhos!!!???
Afinal, quem é que tem o descaramento de chamar, a isto, uma Democracia?
Democracia para eles. Para nós é uma, HARD, Ditadura!!
Laranjeiro, 23-08-2019
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