domingo, 12 de abril de 2009

A CONDENAÇÃO DE JESUS À MORTE

Há dois mil anos nasceu em Belém, pequena cidade do Sul da Judéia, um Homem bom e justo, a quem foi dado o nome de Jesus de Nazaré.
A sua vida foi inteiramente dedicada aos outros. Foi um filho exemplar e um Mestre na arte de pregar e anunciar o Reino de Deus, apelando à paz, à concórdia e à harmonia entre os homens.
Embora tendo poderes que o distinguiam do comum dos mortais, preferiu viver ao lado dos mais pobres e oprimidos, partilhando com eles, humildemente, as dificuldades do dia-a-dia.
Os relatos sobre a sua existência revelam-nos que nos primeiros anos de vida, trabalhou como carpinteiro, ao lado de seu pai, ajudando na sustentação da família. Depois tornou-se Profeta itinerante e, por fim, Rabino, dando-nos conta também esses relatos que fez imensos milagres e que foi crucificado e morto por volta dos 33 anos de idade.
Em todas as etapas da sua existência, sobressaiu o seu amor a Deus e aos homens, de tal sorte que a sua acção se pode resumir facilmente em três mandamentos: "amar a Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito"; "amar o teu próximo como a ti mesmo" e ainda o seu próprio mandamento, "amai-vos uns aos outros como eu vos amei".
Um Homem que só praticou bons actos e dedicou a sua vida a ajudar os outros, devia merecer a amizade, o carinho e o reconhecimento do mundo que o rodeava, especialmente o seu povo da Judéia e, no entanto, isso não aconteceu.
A História diz-nos que este Homem bom, foi morto através da cruxificação que era uma forma comum de execução romana, aplicada aos criminosos de classes inferiores, normalmente aos escravos.
Mas a forma como Jesus de Nazaré foi acusado e condenado à morte, no final da terceira década da era cristã, há quase dois mil anos, deve merecer na actualidade uma profunda reflexão, sobretudo se verificarmos que então como hoje, a actuação do homem se mantém inalterável. Senão vejamos:
Jesus foi vítima de uma condenação tão injusta quanto cruel: traído pelos seus mais íntimos colaboradores, os apóstolos, que negaram repetidas vezes conhecê-lo; traído pelos sacerdotes Judeus que o acusaram de blasfémia, ao Governador da Galiléia, Herodes Antipas, feridos no seu orgulho e roídos pela inveja, ao constatarem que aquele Homem bom que se intitulava filho de Deus e Rei dos Judeus, punha em causa a sua credibilidade e poder; traído por Pôncio Pilatos, o Governador da Província Romana da Judéia que embora não encontrando razões para o condenar, não teve coragem de tomar a decisão de absolvê-lo porque, de certa forma, temeu a reacção do povo que gritava enfurecido: crucifica-o, crucifica-o; e finalmente, foi traído pelo seu próprio povo, o mesmo que antes o aclamava, o qual preferiu que Pôncio Pilatos soltasse Barrabás, ladrão e assassino, em vez de Jesus de Nazaré.
Pois bem, passados dois mil anos, os Sacerdotes, os Herodes, os Pilatos continuam bem representados nas sociedades actuais, praticando o mesmo tipo de crimes e até o povo em nada mudou pois continua a preferir a absolvição dos "Barrabás" em detrimento dos homens justos, basta relembrar, no que diz respeito à Sociedade Portuguesa, o que se passa com os autarcas que gerem as Câmaras de Felgueiras, Oeiras, Marco de Canavezes, Braga, Gondomar, Guarda e outras que não obstante conhecer os seus desmandos e abusos de poder, os continua a eleger, a defender e a vitoriar, para já não falar da forma habilidosa e fraudulenta como dezenas de processos judiciais, vulgarmente designados "de colarinho branco" são arquivados ou terminam com sentenças ridículas e descredibilizantes para a Justiça, de absolvição parcial ou total dos verdadeiros culpados.
Se o nascimento deste Homem justo, Jesus de Nazaré, ocorresse nos nossos dias, nas mesmas circunstâncias que lhe são atribuídas pela narrativa evangélica e histórica, não tenho quaisquer dúvidas em afirmar que pelas mesmas razões de então, a inveja e o medo de perder poder e protagonismo, os homens fabricariam a mesma sentença.
Enquanto se celebrar a Páscoa da Ressurreição, lembraremos o martírio de Jesus, mas recordaremos também a crueldade, a infâmia e a perversidade dos homens, sem emenda nem arrependimento, praticada ininterruptamente ao longo dos milénios.

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